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Partido Justicialista
Partido Justicialista
Fundador Juan Domingo Perón
Fundação 21 de novembro de 1946 (78 anos)
Sede Buenos Aires, Argentina
Ideologia
Espectro político Sincrético[nota 1]
Fusão • Partido Trabalhista
• União Cívica Radical - Junta Renovadora
• Partido Independente
Membros (2022) Baixa 3 204 329[15]
Afiliação nacional Frente de Todos
Afiliação internacional Internacional Democrata Centrista
Câmara de Deputados
91 / 257
Senado
36 / 72
Governos regionais
12 / 24
Cores      Azul
     Branco
Página oficial
www.pj.org.ar
Eva e Juan Perón

O Partido Justicialista (PJ) é um partido político argentino, continuação do Partido Único da Revolução e depois do Partido Peronista. Foi fundado por Juan Domingo Perón em 1946, sendo resultado da fusão do Partido Trabalhista com a União Cívica Radical - Junta Renovadora e o Partido Independente em 1945.

Desde sua origem, a justiça social é a principal bandeira do PJ, com ele sempre mantendo-se estreitamente ligado à classe trabalhadora e aos sindicatos. Assim, conseguiu se tornar um dos partidos políticos mais populares da Argentina, junto com a União Cívica Radical e o Partido Autonomista Nacional.

O PJ chegou à presidência argentina por eleição popular em dez oportunidades: Juan Domingo Perón em 1946, 1952 e em outubro de 1973, Héctor Cámpora em maio de 1973, Carlos Menem em 1989 e em 1995, Néstor Kirchner em 2003, Cristina Kirchner em 2007 e em 2011 e Alberto Fernández em 2019. Adolfo Rodríguez Saá foi eleito pelo Congresso da Nação Argentina após a renúncia do presidente Fernando de la Rúa (filiado à União Cívica Radical, o maior rival do Partido Justicialista) em dezembro de 2001. Eduardo Duhalde também foi eleito da mesma forma após a renúncia do próprio Rodríguez Saá, ocorrida em janeiro de 2002.

Isabel Perón chegou à presidência da Argentina após a morte de seu esposo Juan Domingo Perón, ocorrida a 1º de julho de 1974. Isabelita, como era conhecida, era então a vice-presidente da Argentina.

Também no bojo da crise política, social, moral e económica de 2001/2002, o cargo de Presidente da Argentina foi desempenhado, em carácter provisório, pelo presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Camaño e pelo presidente da Câmara de Senadores, Ramón Puerta, ambos peronistas.

Desde a sua fundação, o Partido Justicialista tem sido majoritariamente peronista,[16] se concentrando na figura de Juan Perón e sua esposa, Eva, com ideais economicamente populistas. Contudo, ao longo da história, o partido tornou-se mais abrangente e passou a contar com diferentes correntes, como o peronismo ortodoxo, a Tendência Revolucionária, o menemismo e o kirchnerismo.

Peronismo ortodoxo

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A partir do retorno de Perón em 1973 e sob a liderança de Isabel Perón, o PJ não mais se caracterizava como anti-imperialista e revolucionário, mas por um forte foco no peronismo ortodoxo e no anticomunismo.

O peronismo ortodoxo ou ortodoxia peronista é um termo que se aplicou a uma corrente economicamente ortodoxa do peronismo, nucleada em torno dos setores que reuniam seguimentos das políticas estabelecidas nos governos dos Perón, e que buscavam se opor ao peronismo revolucionário. Essa ideologia vai desde os simples centristas até o antimarxismo radical de extrema-direita.[17]

Peronistas ortodoxos estiveram em vários conflitos com a Tendência Revolucionária (corrente oposta no movimento peronista), como, por exemplo, no chamado massacre de Ezeiza.

Tendência Revolucionária

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A Tendência Revolucionária foi um grupo de organizações peronistas de esquerda, que se opunham tanto ao peronismo ortodoxo quanto ao peronismo de direita. A Tendência Revolucionária formalizou-se como uma organização no início dos anos 1970, antes das eleições de março de 1973. Seu objetivo era trazer Juan Perón de volta à Argentina e tornar o país socialista.[18]

A campanha da Tendencia Revolucionaria é creditada pela eleição de Oscar Bidegain como governador da província de Buenos Aires em 1973. Bidegain retribuiu proclamando anistia para alguns membros encarcerados da Tendência Revolucionária. No entanto, o companheiro de chapa de Bidegain e subsequente vice-governador Victorio Calabró não gostava da Tendência Revolucionária. Era visto como um sindicalista burocrático de direita. Um dos primeiros contratempos da Tendência Revolucionária foi a demissão de Rodolfo Galimberti por Perón em abril de 1973, após a convocação deste último para formar milícias.[18] Quando Perón chegou à Argentina em junho de 1973, a Tendência Revolucionária sofreu uma grande cisão, pois alguns consideravam que qualquer luta armada não era mais necessária, enquanto outros insistiam em sua necessidade. Outro revés ocorreu em 20 de janeiro de 1974, quando o Exército Revolucionário do Povo atacou a guarnição Azul. Isso resultou em Perón criticando Bidegain, que renunciou após enfrentar pressão da Câmara dos Deputados. Para consternação da Tendência Revolucionária, Victorio Calabró o sucedeu como governador.[18] Após a morte de Perón em 1974, a Tendência Revolucionária perdeu influência e sofreu uma série de divisões internas.[18]

Após a ditadura militar do Processo de Reorganização Nacional, do governo de Carlos Menem ao de Eduardo Duhalde, o partido passou da extrema-direita para a centro-direita, enquanto seu rival União Cívica Radical agia como um partido de centro-esquerda.

A aliança política conservadora[19] e economicamente liberal[20] entre figuras do partido ficou informalmente conhecida como peronismo federal, peronismo dissidente ou menemismo. Atualmente, seus adeptos são identificados principalmente por sua oposição ao kirchnerismo.[21]

Desde 2003, o partido passa por uma revolução abrupta, com a ascensão de uma facção conhecida como Frente para a Vitória, liderada por Néstor Kirchner. As políticas e a ideologia dessa facção foram apelidadas de kirchnerismo, uma mistura de socialismo democrático, nacionalismo de esquerda e radicalismo. Kirchner foi eleito presidente da Argentina e logo se tornou uma figura popular de esquerda. O partido passou a ser populista de esquerda, enquanto a União Cívica Radical se juntou a outros partidos "antikirchneristas" de centro e centro-direita, incluindo o Proposta Republicana. Após a morte de Néstor em 2010, sua esposa, Cristina Kirchner, assumiu a liderança da Frente para a Vitória. Em 2019, a Frente para a Vitória foi sucedida pela Frente de Todos, que derrotou o então mandatário Mauricio Macri e levou Alberto Fernández a presidência, reavivando o kirchnerismo.

No dia 15 de agosto de 2024 após ser denunciado pelo ministerio público e acusado de agressões contra a ex-primeira-dama Fabiola Yañez.o Ex-Presidente da Argetina,Alberto Fernández renunciou ao cargo de presidente nacional do peronista Partido Justicialista.[22]

Candidatos presidenciais do PJ

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Presidências do PJ

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Resultados eleitorais

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Eleições presidenciais

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Data Candidato(s) 1ª Volta 2ª Volta Notas
CI. Votos % CI. Votos %
1946 Juan Domingo Perón 1.º 1 487 866
52,8 / 100,0
1951 Juan Domingo Perón 1.º 4 745 168
62,5 / 100,0
1958 Banido
1963
03/1973 Héctor Cámpora 1.º 5 907 464
49,6 / 100,0
09/1973 Juan Domingo Perón 1.º 7 359 252
60,1 / 100,0
Banido de 1976 a 1983
1983 Ítalo Lúder 2.º 5 995 402
40,2 / 100,0
1989 Carlos Menem 1.º 7 954 191
47,5 / 100,0
1995 Carlos Menem 1.º 8 687 511
49,9 / 100,0
1999 Eduardo Duhalde 2.º 7 255 586
38,3 / 100,0
2003 Carlos Menem 1.º 4 741 202
24,5 / 100,0
Desistiu da 2ª Volta
Néstor Kirchner 2.º 4 313 131
22,3 / 100,0
Presidente Eleito
2007 Cristina Kirchner 1.º 8 652 293
45,3 / 100,0
Alberto Rodríguez Saá 4.º 1 459 174
7,6 / 100,0
2011 Cristina Kirchner 1.º 11 865 055
54,1 / 100,0
Alberto Rodríguez Saá 4.º 1 745 354
8,0 / 100,0
Eduardo Duhalde 5.º 1 285 830
5,9 / 100,0
2015 Daniel Scioli 1.º 9 338 449
37,1 / 100,0
2.º 12 317 329
48,7 / 100,0
Sergio Massa 3.º 5 386 965
21,4 / 100,0
Adolfo Rodríguez Saá 6.º 412 577
1,6 / 100,0
2019 Alberto Fernández 12 945 990
48,24 / 100,0
2023 Sergio Massa 1.º 9 645 983
36,68 / 100,0
2.º ? ?

Notas

  1. O Partido Justicialista não possui uma posição específica no espectro político, sendo um partido sincretista[10][11] composto por kichneristas (centro-esquerda a esquerda),[12][13][14] menemistas (centro-direita) e, em menor número, peronistas ortodoxos (extrema-direita). Historicamente, também contou com a Tendência Revolucionária (esquerda a extrema-esquerda).

Referências

  1. Claeys, Gregory (2013). CQ Press, ed. Encyclopedia of Modern Political Thought (set). [S.l.: s.n.] p. 617 
  2. Ameringer, Charles D. (1992). Greenwood, ed. Political Parties of the Americas, 1980s to 1990s: Canada, Latin America, and the West Indies (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 43 
  3. a b «The persistence of Peronism». The Economist (em inglês). 15 de outubro de 2015 
  4. Dube, Ryan (19 de agosto de 2019). «Argentina's Fernández Moves from Little-Known Politician to Next Likely President». The Wall Street Journal (em inglês) 
  5. Jalalzai, Farida (2015). Routledge, ed. Women Presidents of Latin America: Beyond Family Ties? (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 27 
  6. Agustín, Óscar G.; Briziarelli, Marco (2017). Springer, ed. Podemos and the New Political Cycle: Left-Wing Populism and Anti-Establishment Politics (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 195 
  7. Gallego-Díaz, Soledad (19 de outubro de 2011). «El peronista Duhalde intenta conservar una parcela de poder en Buenos Aires». El País (em espanhol). Consultado em 6 de maio de 2023 
  8. Silva, Eduardo; Rossi, Federico (2018). University of Pittsburgh Press, ed. Reshaping the Political Arena in Latin America: From Resisting Neoliberalism to the Second Incorporation (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  9. Besoky, Juan Luis (24 de maio de 2013). «La derecha peronista en perspectiva». Nuevo Mundo Mundos Nuevos (em espanhol). ISSN 1626-0252. doi:10.4000/nuevomundo.65374 
  10. Galvan, D.; Sil, R. (2007). Springer, ed. Reconfiguring Institutions Across Time and Space: Syncretic Responses to Challenges of Political and Economic Transformation (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 107 
  11. Weitz-Shapiro, Rebecca (2014). Cambridge University Press, ed. Curbing Clientelism in Argentina (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 19 
  12. "Peronismo". Página acessada em 13 de novembro de 2020.
  13. Gunson, Phil; Thompson, Andrew; Chamberlain, Greg (2015). Routledge, ed. The Dictionary of Contemporary Politics of South America. [S.l.: s.n.] p. 223 
  14. Kohut, David; Vilella, Olga (2016). Rowman & Littlefield, ed. Historical Dictionary of the Dirty Wars (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 291 
  15. «Afiliaciones por año - 1997 - 2022» (em espanhol). Câmara Nacional Eleitoral. Consultado em 6 de maio de 2023 
  16. «The death of Néstor Kirchner». Stabroek News (em inglês). 29 de outubro de 2010. Consultado em 6 de maio de 2023 
  17. Besoky, Juan Luis (24 de maio de 2013). «La derecha peronista en perspectiva». Nuevo Mundo Mundos Nuevos. Nouveaux mondes mondes nouveaux - Novo Mundo Mundos Novos - New world New worlds (em espanhol). ISSN 1626-0252. doi:10.4000/nuevomundo.65374. Consultado em 6 de maio de 2023 
  18. a b c d Pozzoni, Mariana (2009). «La Tendencia Revolucionaria del peronismo en la apertura política. Provincia de Buenos Aires, 1971-1974.». Estudios Sociales (em espanhol). 36: 173–202. doi:10.14409/es.v36i1.2637 
  19. «Acuerdo del PJ disidente: enfrentará a Kirchner». LA NACION (em espanhol). 10 de junho de 2010. Consultado em 6 de maio de 2023 
  20. Obarrio, Mariano (19 de junho de 2009). «Estatizar vs. privatizar, el eje de la campaña de Kirchner». LA NACION (em espanhol). Consultado em 6 de maio de 2023 
  21. Sued, Gabriel (10 de junho de 2010). «Acuerdo del PJ disidente: enfrentará a Kirchner». LA NACION (em espanhol). Consultado em 6 de maio de 2023 
  22. Mundo. «Fernández renuncia à presidência do peronismo após ser denunciado por violência contra ex-esposa». Gazeta do Povo. Consultado em 16 de agosto de 2024 
  23. Pardo, Daniel (21 de maio de 2019). «Como Cristina Kirchner tenta transformar o próprio julgamento em trunfo na eleição argentina» (em inglês) 

Ligações externas

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