Partido da imprensa golpista – Wikipédia, a enciclopédia livre
Partido da Imprensa Golpista (comumente abreviado para PIG ou PiG) é uma expressão criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim e usada por apoiadores do Partido dos Trabalhadores,[1] entre outros, para descrever um conjunto de veículos midiáticos que, segundo eles, teriam em comum valores conservadores[2][3] e fariam oposição ao Partido dos Trabalhadores e à esquerda política.[4] O termo é criticado por aqueles a quem classifica, bem como por antagonistas políticos, que utilizam o termo "imprensa chapa-branca" para referirem-se às publicações com viés "governista" — em alusão a um suposto apoio ao então governo petista.[4]
Enquanto alguns jornalistas utilizam a expressão ou termos semelhantes, outros criticam seu uso ou questionam seu significado.[5][6]
De acordo com Paulo Henrique Amorim, seus "membros" seriam a Rede Globo e o Grupo Globo, os jornais O Estado de São Paulo e Folha de S.Paulo e a Revista Veja, que atacavam os governos trabalhistas de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.[7][8]
Uso
[editar | editar código-fonte]A expressão foi cunhada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa Afiada, mas, segundo ele, foi inspirada em um discurso do deputado petista Fernando Ferro.[9] Amorim, quando utiliza o termo, escreve com um i minúsculo, em alusão ao portal iG, do qual foi demitido em 18 de março de 2008, no que descreve como um processo de "limpeza ideológica". De acordo com ele, até políticos teriam passado a fazer parte do PIG: "O partido deixou de ser um instrumento de golpe para se tornar o próprio golpe. Com o discurso de jornalismo objetivo, fazem o trabalho não de imprensa que omite; mas que mente, deforma e frauda".[10]
O termo é utilizado para classificar um amplo espectro de publicações, com apoio a diferentes interesses, tendo em comum características conservadoras e uma união contra os interesses do Partido dos Trabalhadores, segundo os proponentes do termo.[2][3][11]
Críticas
[editar | editar código-fonte]O jornalista Jones Rossi, escrevendo para o jornal Gazeta do Povo, afirma que o termo refere-se a um grupo inexistente. Isto é, que na realidade, o que ele é descreve é falso.[6] Já o jornalista Sérgio Leo afirma que as relações entre os grupos midiáticos são mais complexas do que o termo faz parecer, sendo seu uso equivocado.[11] O jornalista Lúcio Flávio Pinto escreve que "o conceito de PIG se insere nessa onda de barbárie intelectual com aparência de causa justa e heroica", criticando a postura dos proponentes da expressão.[5]
Escrevendo para o Congresso em Foco, o professor de comunicação Paulo José Cunha comentou que, manifestantes políticos da extrema esquerda a extrema direita colocam termos na mídia comercial, em retaliação, quando a mesma é crítica a qualquer governo[12]:
“ | Na era Lula a mídia de mercado era chamada de “mídia golpista”. Seus seguidores continuam até hoje a usar a expressão, mesmo quando essa mídia combate o governo Bolsonaro. Enquanto isso, os próprios bolsonaristas acharam outro apelido para a mídia de mercado. A “extrema imprensa”. Os petistas odeiam que as posturas de Lula sejam comparadas às de Bolsonaro em relação à mídia, mas a verdade é que guardam semelhanças em muitos casos. Lula tentou emplacar um “Conselho Federal de Jornalismo”, que pretendia, ao fim e ao cabo, impor uma espécie de controle, ou seja, de censura. Ainda bem que não conseguiu. (...) Lula dizia que não lia jornal de manhã “pra não ter azia”. Bolsonaro também não o faz pra “não passar mal ao começar o dia”. Em compensação, em plena ditadura, o General Garrastazu Médici dizia sentir-se feliz toda noite ao assistir ao Jornal Nacional que, segundo ele, mostrava “um Brasil que marchava em paz rumo ao desenvolvimento” enquanto o resto do mundo sofria com greves, agitações e atentados. | ” |
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Críticas à Rede Globo
- Viés midiático
- Manipulação da mídia
- Concentração de propriedade da mídia
- Visão política de O Estado de S. Paulo
- Controvérsias envolvendo a Folha de S.Paulo
- Críticas e controvérsias da revista Veja
- Controvérsias do Partido dos Trabalhadores
Referências
- ↑ Patrícia Campos Mello (28 de fevereiro de 2016). «Em meio a escândalos políticos, não sobra espaço para debater o país». Folha de S.Paulo (reprodução). Consultado em 16 de abril de 2016. Arquivado do original em 12 de março de 2016
- ↑ a b Paulo Cezar da Rosa (25 de setembro de 2009). «O PIG e a imprensa gaúcha». Carta Capital
- ↑ a b Venâncio, RDO (2009). «Jornalismo e Linha Editorial»
- ↑ a b Carlos Melo (2015). PENSADORES DA LIBERDADE - Em torno de um conceito (PDF). 1. [S.l.: s.n.] p. 17–19
- ↑ a b PINTO, L. F. (2011). «O PIG é uma fantasia». Observatório da Imprensa
- ↑ a b Jones Rossi (18 de maio de 2017). «Não existe "Imprensa Golpista". Existe a imprensa que cumpre seu papel». Gazeta do Povo
- ↑ Suerdieck, Stephanie; Simoni, Matheus (18 de Dezembro de 2015). «Amorim brinca com "Partido da Imprensa Golpista": "PIG, que em inglês é porco"». Metro1. Cópia arquivada em 10 de outubro de 2020.
Questionado por Mário Kértesz durante o Entre Páginas Especial desta sexta-feira (18), sobre o que seria o que ele chama de “PIG”, o jornalista e escritor Paulo Henrique Amorim esclareceu e disse que é o chamado “Partido da Imprensa Golpista”. “É o partido formado pela Globo e por suas subsidiarias, a Folha e a Veja, que norteiam o golpe contra governos trabalhistas. Foi assim com Vargas, Juscelino, com Jango e agora com a Dilma e o Lula. Essa expressão veio com o Ferro [deputado]. Ele fez um artigo sobre o partido da imprensa. Depois eu achei melhor chamar de PIG, que em inglês é porco”, brincou.
- ↑ «Confira a primeira parte do programa especial Entre Páginas e a entrevista com o jornalista Paulo Henrique Amorim.» (Podcast). Metro1. 18 de dezembro de 2015. Em 28min50s-30min24s
- ↑ Igor Ribeiro e Flávio Costa (junho de 2011). «O amolador». Imprensa (268). São Paulo: Imprensa Editorial Ltda. pp. 26–31
- ↑ «Paulo Henrique Amorim fala sobre "PIG" e jornalismo na Internet». Brasília: Oficina de Produção de Notícias, Curso de Comunicação Social, Universidade Católica de Brasília. 27 de outubro de 2009 [ligação inativa]
- ↑ a b Sergio Leo (1º de fevereiro de 2009). «Blogues e jornalismo, um não pode ser outro. Ou não.». Cópia arquivada em 9 de Março de 2009
- ↑ Paulo José Cunha (8 de julho de 2020). «Mídia golpista, extrema imprensa ou apenas mídia?». Congresso em Foco. UOL. Consultado em 23 de agosto de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Grün, Roberto (agosto de 2013). «The revenge of the lower clergy: the challenge to the "PiG" and the state of cultural conflict in the treatment of the financial crisis». Mana. 19 (2): 303–340. ISSN 0104-9313. doi:10.1590/S0104-93132013000200004. Consultado em 3 de outubro de 2017
- Grün, Roberto (outubro de 2014). «Between the pig and the mensalão: political mythologie and contemporary realitie». Revista Brasileira de Ciências Sociais. 29 (86): 57–78. ISSN 0102-6909. doi:10.1590/S0102-69092014000300005. Consultado em 3 de outubro de 2017
- Grün, Roberto (agosto de 2016). «Capital cultural, conhecimento e dominação social: as pistas e os problemas levantados pela dominação financeira contemporânea». Sociedade e Estado. 31 (2): 403–431. ISSN 0102-6992. doi:10.1590/S0102-69922016000200006. Consultado em 3 de outubro de 2017
- Löwy, Michael (dezembro de 2015). «Conservatism and far-right forces in Europe and Brazil». Serviço Social & Sociedade (124): 652–664. ISSN 0101-6628. doi:10.1590/0101-6628.044. Consultado em 3 de outubro de 2017
- Nations, Marilyn; Gondim, Ana Paula Soares (fevereiro de 2013). «"Stuck in the muck": an eco-idiom of distress from childhood respiratory diseases in an urban mangrove in Northeast Brazil». Cadernos de Saúde Pública. 29 (2): 303–312. ISSN 0102-311X. doi:10.1590/S0102-311X2013000600017. Consultado em 3 de outubro de 2017
- Undurraga, Tomás (1 de março de 2017). «Making News, Making the Economy: Technological Changes and Financial Pressures in Brazil». Cultural Sociology. 11 (1): 77–96. ISSN 1749-9755. doi:10.1177/1749975516631586. Consultado em 3 de outubro de 2017
- van Dijk, Teun A (abril de 2017). «How Globo media manipulated the impeachment of Brazilian President Dilma Rousseff». Discourse & Communication. 11 (2): 199–229. ISSN 1750-4813. doi:10.1177/1750481317691838. Consultado em 3 de outubro de 2017.
The powerful conservative media in Brazil are sometimes called the Partido da Imprensa Golpista (PIG) or the Party of the Coup Press (see the informative Wikipedia entry), given their political actions and influence as the ‘Fourth Power’ in decision-making in Brazil. Their general aim, as in the 2010 elections, is ‘The PT must not win’ (Mauricio Dias, in Carta Capital, 5 May 2010). The same critical Wikipedia article not only lists many examples of disinformation and power abuse of the media, but also cites the opinion of José Antonio Camargo, President of the Union of Professional Journalists of the State of São Paulo and Secretary-General of the National Federation of Journalists: ... We shall see later that this opinion aptly summarizes some of the conclusions of our analysis of the editorials in Globo below.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Conversa Afiada, blogue de Paulo Henrique Amorim
- Manchetômetro, página de acompanhamento da cobertura midiática das eleições mantida por grupo da UERJ