Paz de Augsburgo – Wikipédia, a enciclopédia livre

A primeira página do documento. Mainz, 1555.

A Paz de Augsburgo ou de Ausburgo foi um tratado assinado entre Carlos V e as forças da Liga de Esmalcalda em 25 de setembro de 1555 na cidade de Augsburgo, na atual Alemanha.[1]

O resultado da Paz de Augsburgo foi o estabelecimento da tolerância oficial dos luteranos no Sacro Império Romano-Germânico[2]. De acordo com a política de cujus regio, ejus religio[3] a religião (católica ou luterana) do príncipe (príncipe-eleitor) da região seria aquela à qual os súditos desse príncipe se deveriam converter. Foi concedido um período de transição no qual os súbditos puderam escolher se não preferiam mudar-se com família e haveres para uma região governada por um príncipe da religião de sua escolha (Artigo 24: "No caso de os nossos súbditos, quer pertencentes à velha religião ou à confissão de Augsburgo, pretendam deixar suas casas com suas mulheres e crianças por forma a assentar noutra, eles não serão impedidos quer na venda do seu imobiliário desde que pagas as devidas taxas, nem magoados na sua honra"[4]).

Apesar de a Paz de Augsburgo ter sido moderadamente bem-sucedida em aliviar a tensão no império e ter aumentado a tolerância, ela deixou coisas importantes por fazer. Nem os anabaptistas nem os calvinistas ficaram protegidos sob esta paz[5]: muitos grupos protestantes vivendo sob o domínio de um príncipe luterano ainda se encontravam em perigo de acusação de heresia[5]. (Artigo 17: "No entanto, todas as religiões que não aquelas duas mencionadas acima não serão incluídas na presente paz, e estão totalmente excluídas dela."[4]) A tolerância não foi oficialmente estendida a calvinistas antes do Tratado de Vestfália em 1648.

As divisões religiosas criadas pela Paz de Augsburgo deixaram a região politicamente fragmentada até bem depois de outras nações-estados se terem unido[6] (Inglaterra, França, Áustria-Hungria, etc.), desta forma enfraquecendo a Alemanha como potência mundial até ao final do século XIX (apenas em 1871).

Alguns historiadores[3] acham que foi por causa deste atraso na unificação que se verificou um extremo nacionalismo alemão nos séculos XIX e XX, o que levou indirectamente à Primeira Guerra Mundial e Segunda Guerra Mundial.

Ligações externas

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  1. GLÜCKSMANN, Ralph (Ed.). Der Augsburger Religionsfriede vom 25. September, 1555.
  2. WHALEY, Joachim (2012). Germany and the Holy Roman EmpireVolume II: The Peace of Westphalia to the Dissolution of the Reich, 1648-1806. [S.l.]: Oxford University Press. p. 20 
  3. a b WINKLER, Heinrich August. (2006). Germany: The Long Road West: Volume 1: 1789-1933. Translated by Alexander Sager. 1. [S.l.]: Oxford University Press. p. 938 
  4. a b REICH, Emil. (2004). Select documents illustrating mediæval and modern history. Reedição ed. [S.l.]: The Minerva Group, Inc. p. 231 
  5. a b DE CODES, Rosa Martínez; GÓMEZ, César Chaparro (2022). Diplomacia en los mundos de Carlos V: negociación y diálogo. [S.l.]: Fundação Academia Europeia e Iberoamericana de Yuste. p. 95 
  6. CODES, GÓMES, C.C e R.M.M (2022). Diplomacia en los Mundos de Carlos V: negociación y diálogo. [S.l.]: Fundação Academia Europeia e Ibero-Americana de Yuste. p. 104. 352 páginas. ISBN 978-84-121898-6-5