Pero de Magalhães Gândavo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pero de Magalhães Gândavo
Nascimento 1540
Braga
Morte 1579
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação escritor, historiador
O monstro marinho Ipupiara sendo atacado. Figura mítica que ilustrava o livro de Gândavo, escrito em 1576.

Pêro de Magalhães Gândavo (Braga, c. 1540 – c. 1580)[1] foi um historiador e cronista português

Filho de pais flamengos oriundos da cidade de Gand, daí o seu apelido Gândavo, nasceu em Braga em data incerta, provavelmente por volta de 1540. Foi professor de latim e português no norte de Portugal e secretário na Torre do Tombo.

Gândavo esteve no Brasil, talvez entre 1558 e 1572, para trabalhar na Fazenda do governo da Bahia.

Escreveu Tratado da Província do Brasil e Tratado da Terra do Brasil,[2] com a finalidade de estimular a emigração portuguesa. Os dois textos foram reunidos[3] mais tarde no famoso livro História da Província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil,[4] editado em Lisboa, por Antônio Gonçalves, em 1576.

O livro aborda uma série de aspectos locais. A fauna (o papa-formigas, o tatu, uma série de aves, insetos e peixes exóticos), que era, em boa parte, desconhecida dos europeus, é descrita com espanto, estranheza e maravilha. Chega mesmo a descrever suposto monstro marinho que teria aparecido na capitania de São Vicente e sido morto pelos portugueses da localidade.

As plantas da colónia merecem também a sua atenção. A que descreve com maior cuidado é a mandioca, incluindo as características de cada parte da planta e suas utilidades.

Além da fauna e da flora, relata a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, os primórdios da colonização, as diversas tribos indigenas e as capitanias em que se dividia o território brasileiro. Traça, por fim, um retrato das potencialidades que a terra reservava aos portugueses, a vastidão do território e seus recursos económicos.

Diz Capistrano de Abreu na Introdução ao Tratado da Terra do Brasil e à História da Província de Santa Cruz (1932) que o projeto de Gândavo era: "mostrar as riquezas da terra, os recursos naturais e sociais nela existentes, para excitar as pessoas pobres a virem povoá-la: seus livros são uma propaganda de imigração."[5]

O Brasil descrito por Gândavo correspondia à região costeira desde Itamaracá até São Vicente e se estendia pouco para o interior. Gândavo cita Olinda como o local mais rico da colônia, e Salvador, como o mais populoso, o que evidencia que, naquela altura, o Brasil se concentrava na costa nordestina. Na época de Gândavo a produção de açúcar se dava mais no engenho hidráulico que no engenho a tração animal. A mão de obra era principalmente indígena. Pernambuco tinha tamanho excedente de escravos indígenas que os exportava para as capitanias mais meridionais.

Gândavo fora também gramático e, junto a Belchior Rodrigues e João Ocanha, escreveu as Regras que ensinam a maneira de escrever a orthographia da língua portuguesa (1574).

  • Tractado da terra do Brasil (eBook)

Referências

  1. «Pero de Magalhães Gândavo». Federal de Campina Grande. Consultado em 18 de Dezembro de 2007. Arquivado do original em 11 de junho de 2008 
  2. Gandavo, Pedro de Magalhães de, Tratado da terra do Brasil: história da Província Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Biblioteca Digital do Senado Federal, descarga da obra em PDF
  3. Instituto Histórico e Geográfico de Santos. Pero Magalhães de Gândavo
  4. Gandavo, Pedro de Magalhães de, Historia da provincia Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos Brasil, Biblioteca Digital do Senado Federal, descarga da obra em PDF
  5. A história (1576) de Pero de Magalhães Gândavo: notas para uma releitura desde a retórica e a gramática. Por Sarissa Carneiro Araújo. Locus: revista de história, Juiz de Fora, v. 15, n. 2 p. 71-83, 2009, p.73

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