Plínio Barreto – Wikipédia, a enciclopédia livre
Plínio Barreto | |
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Chefe do Governo Provisório de São Paulo | |
Período | 6 de novembro de 1930 a 25 de novembro de 1930 |
Antecessor(a) | José Maria Whitaker |
Sucessor(a) | João Alberto Lins de Barros (como interventor) |
Dados pessoais | |
Nascimento | 20 de junho de 1882 Campinas, SP |
Morte | 28 de junho de 1958 (76 anos) |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Faculdade de Direito de São Paulo |
Profissão | advogado, jornalista, escritor, e político |
Plínio Barreto (Campinas, 20 de junho de 1882 — 28 de junho de 1958) foi um advogado. jornalista, escritor, editor e político brasileiro.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Formado, em 1902, na Faculdade de Direito de São Paulo, dedicou-se também ao jornalismo, área em que começou a atuar com apenas 14 anos,[2] no jornal O Estado de S. Paulo, onde trabalhou como revisor até 1898, ano em que passa a ser redator. Depois de alguns anos atuando como advogado e jornalista na cidade de Araras, no interior de São Paulo, logo após adquirir a publicação Comércio de S. Paulo, retornou à capital e manteve a seção "Crônicas Forenses",[1] em que escrevia sobre questões jurídicas e os principais julgamentos do Tribunal de Justiça. Mais tarde, em 1912, esses textos seriam reunidos em um livro publicado com o mesmo nome.
Plínio atuou também nas publicações Diário de S. Paulo, Revista Nova e na publicação mensal Revista do Brasil, da qual, a pedido de Júlio Mesquita, ajudou a reunir um grupo de colaboradores para escrever sobre cultura. Em fevereiro de 1912, fundou a Revista dos Tribunais, inspirada em sua coluna no Estado de S. Paulo.[3]
Lançada em 25 de janeiro de 1916, Plínio atuou como redator-chefe na Revista do Brasil até meados de 1918, quando esta passou a ser coordenada por Monteiro Lobato. Sob sua administração, intelectuais renomados, como Roquette Pinto, Oliveira Viana e Medeiros de Albuquerque, contribuíram com a publicação.[1] Paralelamente aos seus trabalhos, Plínio Barreto atuou como crítico literário, sendo que parte de suas contribuições resultaram em uma publicação póstuma, de 1958, com o nome de Páginas Avulsas.[2]
Em 21 de dezembro de 1918, o jornalista é eleito membro do Conselho do Instituto da Ordem dos Advogados de São Paulo com grande fama na capital e apoio dos donos do jornal em que atuava, inclusive de Júlio de Mesquita, que após sua morte deixaria o posto para seu filho, Júlio Mesquita. Este último concederia à Plínio o posto de diretor a partir de 1933.[4]
Ainda atuando na área do Direito, em 1924, Plínio se engajaria na defesa de atores dos movimentos tenentistas, que entre 1920 e 1924 realizaram diversos levantes contra o governo brasileiro.[5] Por isso, ele seria considerado patrono da Revolução Paulista, como afirmou o General José de Souza Carvalho.[6] Contudo, sua atuação na Revolução Constitucionalista de 1932 seria ainda maior.
Durante o governo de poucos dias do general Hastínfilo de Moura, logo após a vitória da Revolução de 1930, Plínio foi designado secretário de Justiça e Segurança Pública, mantendo-se no cargo mesmo após o fim do governo de Hastínfilo. Com a crise entre as elites políticas cada vez mais aguda em São Paulo e o governo federal, José Maria Whitaker, indicado à chefe do governo paulista, deixaria o cargo em pouco tempo para assumir o Ministério da Fazenda, sendo substituído, então, por Plínio Barreto, que ocupou o posto de governador provisório do estado entre 6 a 25 de novembro de 1930.[1] Logo após esse período, João Alberto Lins de Barros, um dos líderes da revolução, assumiria o posto de interventor federal em São Paulo,[7] ainda sob pressão e oposição aos desejos das elites paulistanas de grandes greves operárias que resultaram em concessões por parte de Lins de Barros, como aumento de 5% nos salários e a redução do número de horas de trabalho para 40 por semana.[8]
Até 5 de dezembro de 1930, Plínio voltaria ao cargo de secretário de Justiça até a renúncia coletiva do secretariado. Como forma de conter o cenário em ebulição no estado de São Paulo, Osvaldo Aranha, Getúlio Vargas e o próprio João Alberto decidiram pela exoneração do último do cargo de interventor e pela indicação de Plínio Barreto, como parte do plano para angariar apoio do Partido Democrático, uma vez que o jornalista contava com a aceitação de associações agrícolas, comerciais e industriais, além do Instituto dos Advogados e de diversas entidades empresariais. Contudo, a cogitação de seu nome foi vista com desconfiança por setores mais radicais de São Paulo, entre eles o chefe da Legião Revolucionária e comandante da Força Pública, Miguel Costa, que contava com o apoio de diversas autoridades federais. Assim, em 23 de julho, Barreto desistiria do cargo,[4] enquanto João Alberto seria exonerado no dia seguinte (24). A interventoria, então, seria assumida por Laudo Ferreira de Camargo e, depois, Manuel Rabelo.[7]
Plínio Barreto apoiou o movimento constitucionalista de São Paulo e conclamou como primeiro presidente provisório do Instituto dos Advogados de São Paulo,[9] em 1932, pelo rádio, que colegas também aderissem ao movimento que seria derrotado tempos depois, levando à sua prisão, em outubro, no Rio de Janeiro, por, além de apoiar a organização contra o Governo Federal, ter assumido a chefia do Serviço de Publicidade da Revolução Constitucionalista, também conhecido como "serviço de censura das forças paulistas". Contudo, saiu em liberdade poucos dias depois e retornou à sua cidade natal para prosseguir suas atividades como advogado e redator-chefe do jornal O Estado de S. Paulo até 1940, quando o governo federal interveio de forma mais direta na redação.[1] Para manter-se em oposição ao governo de Getúlio Vargas, Plínio começou a colaborar com o Diário de São Paulo, pertencente à cadeia de publicações do empresário Assis Chateaubriand, levando as colunas "Livros novos" e "Crônicas Forenses".[1]
Cinco anos mais tarde, elegeu-se deputado federal à Assembleia Nacional Constituinte, pela legenda do partido União Democrática Nacional (UDN), onde participou ativamente da elaboração da nova Constituição.[10] Nessa época, também foi vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça, além de presidente da comissão de inquérito sobre atos delituosos da ditadura militar de 1964. Entre suas atuações, colaborou para a legislação trabalhista e, também, elaborou um projeto de lei propondo a equiparação da mulher do homem frente ao direito civil.[1]
Em 1947, foi derrotado em sua candidatura à vice-governança do estado de São Paulo – para trabalhar em conjunto com Ademar de Barros, eleito governador em janeiro –, apesar do do apoio expressado pela UDN[11] e, também, pelo Partido Socialista Brasileiro. Neste ano, Luís Gonzaga Novelli Júnior, genro do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, obtinha o apoio de Ademar e do Partido Social Progressista, foi eleito[12] e Plínio retorna à Câmara até o final de seu mandato em janeiro de 1951.
Ao fim de sua vida, retornou à chefia da redação d'O Estado de S. Paulo e à advocacia, em 1951. Ele também foi eleito por unanimidade a Academia Paulista de Letras a cadeira de número 21, em junho de 1958, mesmo depois de ter recusado a indicação, mas não tomou posse de sua cadeira por ter falecido dia 28 de junho do mesmo ano.[11]
Plínio Barreto publicou, além de Crônicas Forenses, conferências, artigos e ensaios sobre temas políticos, jurídicos e literários, entre eles: Cem anos de cultura jurídica no Brasil (1922), Injúrias impressas (1924), O acontecimentos de julho de 1924 (1925), Questões criminais (1927), O público (1931), Um paranoico de grande tomo (1932) e O convento de São Francisco e a Faculdade de Direito de São Paulo (1933).[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h «Plínio Barreto, jornalista; gov. prov. SP 1930; rev. 1932; const. 1946; dep. fed. SP 1946-1951». CPDOC - FGV • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 9 de março de 2018
- ↑ a b CABRAL, André da Costa (2009). Escritores brasileiros na correspondência passiva do crítico literário Plínio Barreto. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 3–7
- ↑ Veiga, Edison (30 de dezembro de 2012). «Plínio Barreto, jornalista e político (1882-1958)». Estado de S. Paulo. Consultado em 24 de setembro de 2019
- ↑ a b Da Costa, Marcos. «Plínio Barreto: Primeiro presidente da OAB-SP e Revolucionário de 32». OAB-SP. Consultado em 24 de setembro de 2018
- ↑ «Movimento Tenentista». FGV CPDOC. Consultado em 23 de setembro de 2018
- ↑ CARVALHO, General José Souza (1 de julho de 1958). «Realçados os traços marcantes do talento poliforme de Plínio Barreto: político, jornalista, escritor, advogado». O Estado de S. Paulo. Consultado em 23 de setembro de 2018
- ↑ a b «São Paulo pega em armas: a Revolução Constitucionalista de 1932». FGV CPDOC. Consultado em 24 de setembro de 2018
- ↑ MORAIS, Fernando (1994). Chatô: O rei do Brasil. [S.l.]: Companhia das Letras. 736 páginas
- ↑ Bayma, Henrique. «Ata de criação da OAB-SP». OAB-SP. Consultado em 24 de setembro de 2018
- ↑ SILVA, Heber Ricardo da (2009). A democracia impressa: transição do campo jornalístico e do político e a. São Paulo: Editora Unesp. pp. 74–75
- ↑ a b «Plínio Barreto». IEB. Instituto de Estudos Brasileiros. Consultado em 24 de setembro de 2018
- ↑ «Dossiê: Luis Gonzaga Novelli Junior». FGV CPDOC. Consultado em 24 de setembro de 2018
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