Primeira Guerra Franco-Daomeana – Wikipédia, a enciclopédia livre
Primeira Guerra Franco-Daomeana | |||
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Partilha da África | |||
![]() Amazonas daomeanas por volta de 1890. | |||
Data | 21 de fevereiro – 4 de outubro de 1890 | ||
Local | Departamento de Ouémé, no Benim moderno | ||
Casus belli | Ataque daomeano no Vale do Ouémé | ||
Desfecho | Vitória francesa decisiva | ||
Mudanças territoriais | O Daomé reconhece Porto-Novo como um protetorado francês e desiste dos direitos alfandegários sobre Cotonu em troca de um pagamento anual | ||
Beligerantes | |||
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A Primeira Guerra Franco-Daomeana foi travada em 1890 entre a França, liderada pelo General Alfred-Amédée Dodds, e o Reino do Daomé, sob o rei Behanzin.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]No final do século XIX, as potências europeias estavam ocupadas conquistando e colonizando grande parte da África. No que hoje é o Benim, a principal potência colonial era a Terceira República Francesa. Os franceses estabeleceram laços comerciais com os povos indígenas da região, incluindo um dos Estados mais poderosos da África Ocidental na época, o reino Fon do Daomé. Em 1851, foi ratificado um tratado de amizade franco-daomeano, permitindo aos franceses operar comercialmente e aos missionários entrar no país.[1]
Em 1890, o reino fon do Daomé estava no auge de seu poder. Ele reivindicou quase toda a costa do moderno Benim, além de grande parte do centro-sul do Benim, até o norte de Atcheribé. Um dos tributários mais importantes do Daomé era o pequeno reino de Porto-Novo, perto da costa. O reino esteve em desacordo com o Daomé, intermitentemente, desde meados do século XVIII.[2]
Em 1861, Porto-Novo foi atacado por navios antiescravistas britânicos. Porto-Novo solicitou e recebeu proteção francesa em 1863, mas esta foi rejeitada pelo Daomé.[2] Outra questão de discórdia era o status de Cotonou, um porto que os franceses acreditavam estar sob seu controle por causa de um tratado assinado pelo representante do Daomé em Uidá. O Daomé também ignorou todas as reivindicações francesas e continuou a cobrar impostos alfandegários no porto.[2]
Causa da guerra
[editar | editar código-fonte]Em 1874, o rei Toffa I assumiu o poder em Porto-Novo e restabeleceu a protecção francesa sobre o reino depois de Daomé o ter atacado em 1882.[2] Daomé continuou incursionando na cidade, o que culminou em um incidente que levou os fons e os franceses à guerra. Em março de 1889, o Daomé atacou uma aldeia no Ouémé onde o chefe estava sob a protecção dos franceses.[3] Depois de observar que a bandeira tricolor os protegeria, os fons ordenaram que uma de suas amazonas do Daomé o decapitasse e envolvesse sua cabeça na bandeira.[3] Em março desse ano, a França enviou uma missão à capital do Daomé, Abomei, para fazer valer as suas reivindicações sobre Cotonou e oferecer um pagamento anual.[2] O príncipe-herdeiro e mais tarde rei Behanzin recebeu a missão, mas nada foi alcançado além da desconfiança mútua.[2]
Início das hostilidades
[editar | editar código-fonte]A França respondeu a estes acontecimentos aumentando a sua força em Cotonou para 359 homens, 299 dos quais eram <i>tirailleurs</i> senegaleses e gaboneses treinados pelos franceses.[3] Em 21 de fevereiro, os franceses prenderam os altos funcionários fons em Cotonou e começaram a fortificar a cidade.[3] Também eclodiram escaramuças com milícias locais.[4]
Não demorou muito para que a notícia chegasse a Abomei. O Daomé enviou uma força diretamente para Cotonou com planos de trazê-la de volta ao controle fon de uma vez por todas.
Batalha de Cotonou
[editar | editar código-fonte]Em 4 de março, um exército daomeano de vários milhares atacou a paliçada de toras em torno de Cotonou por volta das 5 da manhã.[4] Isso era comum para o exército fon do Daomé, que quase sempre marchava à noite e atacava pouco antes do amanhecer.[5] Abrindo as estacas e enfiando os mosquetes pelas frestras, os fons dispararam contra o recinto.[4]
Alguns conseguiram escalar o perímetro de 800 metros, causando baixas dentro das muralhas.[3] Após quatro horas de intensos combates, muitas vezes corpo a corpo, apesar do poder de fogo francês fulminante e até mesmo dos obuses das canhoneiras; eventualmente, a força fon retirou-se.[4] Os franceses sofreram poucas perdas, mas os fons sofreram várias centenas de mortos (129 dentro das linhas francesas).[6]
Batalha de Atchoukpa
[editar | editar código-fonte]Após reagrupar-se, o Daomé enviou outra força para o sul, desta vez em direção a Porto Novo.[6] Depois de receber numerosos reforços, os franceses ordenaram que 350 homens, com três canhões de campanha, marchassem para o norte e interceptassem os fons.[6][7] Desta vez, os franceses seriam auxiliados por 500 guerreiros do rei Toffa I.[8] Quando a coluna francesa chegou à aldeia de Atchoukpa, os guerreiros de Toffa, que caminhavam à frente da formação, caíram sob fogo dos daomeanos e fugiram do campo de batalha em uma debandada completa.[7]
Os franceses formaram quadrados de infantaria e seguraram repetidos ataques daomeanos durante várias horas.[7] Uma tentativa do Rei Behanzin de enviar um destacamento para contornar os quadrados franceses e saquear Porto-Novo foi frustrada pelo Coronel Terrillon. Os quadrados franceses recuaram lentamente em direção à cidade indefesa. Após mais uma hora de confrontos infrutíferos com os quadrados franceses, Behanzin ordenou que seu exército recuasse. No dia seguinte, o exército do Daomé abandonou completamente as proximidades de Porto-Novo e retirou-se em direção a Abomey.[9]
Fim das hostilidades
[editar | editar código-fonte]O Daomé não lançou mais ataques a Cotonou ou Porto-Novo. Em 3 de outubro de 1890, o Daomé assinou um tratado reconhecendo o reino de Porto-Novo como um protectorado francês.[10] Behanzin também foi forçado a ceder Cotonou, mas recebeu 20.000 francos por ano por renunciar aos seus direitos aduaneiros.[10] A guerra resultou na vitória da França e deixou o Daomé derrotado. Apesar do tratado, ambos os lados acreditavam que a paz não duraria e fizeram preparativos para outro enfrentamento decisivo.[11] As hostilidades recomeçaram rapidamente apesar do tratado, culminando na Segunda Guerra Franco-Daomeana dois anos depois.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Segunda Guerra Franco-Daomeana
- Medalha Comemorativa da Expedição do Daomé
- Partilha da África
- História do Benim
Referências
- ↑ Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 191. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ a b c d e f Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 192. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ a b c d e Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 193. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ a b c d Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 194. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 150. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ a b c Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 195. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ a b c Brunet, Louis; Giethlen, Louis (1900). Dahomey et dépendances: historique général, organisation, administration, ethnographie, productions, agriculture, commerce (em francês). Paris: Augustin Challamel. p. 63. Resumo divulgativo
- ↑ Delafosse, Maurice (1931). «Afrique Occidentale française». In: Hanotaux, Gabriel; Martineau, Alfred. Histoire des colonies françaises et de l'expansion de la France dans le monde : Tome IV (em francês). Paris: Société de l'histoire nationale; Librairie Plon. p. 292. Resumo divulgativo
- ↑ Brunet, Louis; Giethlen, Louis (1900). Dahomey et dépendances: historique général, organisation, administration, ethnographie, productions, agriculture, commerce (em francês). Paris: Augustin Challamel. p. 64
- ↑ a b Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 196. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246
- ↑ Alpern, Stanley Bernard (1998). Amazons of Black Sparta: The Women Warriors of Dahomey (em inglês). Londres: Hurst. p. 197. ISBN 978-1850653622. OCLC 40423246