Raqqa – Wikipédia, a enciclopédia livre
Raqqa الرقة | |
| |
Coordenadas | |
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País | Síria (de jure) Rojava (de facto) |
Província | Raqqa |
Área | |
Total | 1962 km² |
Altitude | 245 m |
População | |
Cidade (2018) | 61 000[1] |
Metro | 338773 |
Website: www.esyria.sy/eraqqa |
Raca,[2] Raqqa ou Rakka (em árabe: الرقة, "ar-raqqa") é uma cidade do centro-norte da Síria, situada na parte ocidental da região historicamente chamada Al-Jazira, ou Mesopotâmia Superior, que hoje se reparte entre as repúblicas da Síria e do Iraque. Tinha cerca de 220 488 habitantes na zona urbana e 338 773 habitantes na área metropolitana em 2004.[3] É capital da província homônima e está na margem norte do rio Eufrates.
Al-Raqqah foi palco de grandes batalhas durante a Guerra Civil Síria. A cidade foi primeiramente capturada, em março de 2013, por militantes da oposição síria. Eventualmente, o grupo extremista auto-proclamado Estado Islâmico do Iraque e da Síria tomou a cidade e expulsou tanto os simpatizantes da oposição quanto do regime Assad da região. O Estado Islâmico proclamou a criação de um califado sob a lei da sharia e fez de Raqqa sua nova capital na Síria em 2014. Subsequentemente, forças aéreas do governo sírio, da Rússia, dos Estados Unidos e aliados, iniciaram uma grande campanha de bombardeios por toda a região.[4] A 17 de outubro de 2017, após cinco meses de intensos combates, lideranças militares curdas anunciaram que a cidade de Raqqa havia sido libertada e os militantes do Estado Islâmico teriam sido expulsos da região.[5]
História
[editar | editar código-fonte]Foi fundada pelo imperador selêucida Seleuco II Calínico (r. 246–226 a.C.), a quem deve o nome de Calínico (em grego: Kallinikos; em latim: Callinicum) que teve até à conquista islâmica (exceto por um breve período no qual se chamou Leontópolis, pelo imperador Leão I, o Trácio (r. 457–474). Em 542, foi destruída pelo xá sassânida Cosroes I e reconstruída pelo bizantino Justiniano I (r. 527–565).
Nas suas proximidades teve lugar em 657 a importante Batalha de Sifim, que marcou o início da divisão do islamismo em várias seitas.
A cidade de Raqqa declinou no final do século IX por causa da guerra contínua entre os abássidas e os tulúnidas, e depois com o movimento xiita dos carmatas. Durante o período dos hamadânidas na década de 940, o declínio foi maior. No final do século X e até ao início do século XII, Raqqa foi controlada por dinastias beduínas.
Raqqa teve um segundo ressurgimento, baseado na agricultura e na produção industrial, durante o período dos zênguidas e aiúbidas no século XII e primeira metade do século XIII.
Guerra Civil Síria
[editar | editar código-fonte]Durante a Guerra Civil Síria, Raqqa foi a primeira grande cidade síria e a primeira capital de província a cair sob controlo dos rebeldes, após dias de intensos combates.[6] Em resposta à queda da cidade, a força aérea síria bombardeou o centro da cidade causando a morte de 39 pessoas.[7] Forças do governo sírio que foram enviadas para retomar a cidade acabaram sendo detidas e expulsas das proximidades.[8] Em agosto de 2013, militantes islamitas e membros de grupos fundamentalistas assumiram o controle do município e de áreas vizinhas, expulsando outros grupos rebeldes rivais da região.[9]
O auto-proclamado grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ou EIIL) têm, segundo várias fontes, impondo à população da província uma interpretação extremamente rígida do Alcorão e da sharia, onde por exemplo fumar ou ouvir música na rádio pode levar a penas de chicotadas em público ou até à morte. Foram publicadas várias leis rigorosas que exigem o encerramento de barbearias e cabeleireiros e até se proibe que as mulheres se sentem.[10][11][12] Segundo relatos de habitantes locais sob anonimato, o clima de medo paira na cidade, onde nem muçulmanos e cristãos estariam a salvo e, segundo estes, os cristãos estariam sendo obrigados em pagar um imposto especial, para não serem expulsos ou molestados.[13] O EIIL era tão radical na interpretação do Alcorão que foi mesmo expulso pela também radical Al Qaeda.[14]
Em 2014, o EIIL proclamou Raqqa como sua capital na Síria e a tornou uma de suas principais bases de poder no Oriente Médio. Forças aéreas dos Estados Unidos, de nações da Europa, da Rússia e do governo sírio tem submetido a cidade a frequentes bombardeios.[15][4]
Em Junho de 2017, as Forças Democráticas Sírias começaram um esforço para retomar a cidade, criando uma batalha para tentar libertar a cidade das mãos do Estado Islâmico.[16]
A 17 de Outubro de 2017, milícias curdas e árabes (encabeçadas pelas Forças Democráticas Sírias), com o apoio dos Estados Unidos, anunciaram que haviam reconquistado a cidade de Raqqa, pondo fim a mais de três anos de ocupação.[17] Ainda assim, segundo observadores, combates esporádicos ainda eram ouvidos pela região.[5]
Imagens
[editar | editar código-fonte]- Muralhas da cidade
- Porta de Bagdade
- Porta de Bagdade
- Museu de Raqqa
Referências
- ↑ https://www.reuters.com/article/us-mideast-crisis-syria-raqqa/refugees-in-syrias-raqqa-face-extreme-is-landmine-threat-u-n-idUSKBN1FQ2H4
- ↑ «Arte do Oriente Islâmico - Vaso com tampa». Museu Calouste Gulbenkian. Consultado em 31 de março de 2015
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 11 de março de 2013. Arquivado do original em 9 de março de 2013
- ↑ a b "What Life Is Like Inside ISIS’ Capital City of Raqqa, Syria". Página acessada em 30 de abril de 2017.
- ↑ a b «ISIS defeated in Raqqa as 'major military operations' declared over». CNN. Consultado em 17 de outubro de 2017
- ↑ «Syria rebels capture northern Raqqa city – Middle East». Al Jazeera English. Consultado em 10 de março de 2013
- ↑ «39 killed in air raids in Syria city of Raqqa as attacks intensify». Independent.ie. 10 de março de 2013
- ↑ «U.N. agency: Syrian refugee figure hits 1 million». USA Today. Consultado em 6 de março de 2013
- ↑ «Syrian activists flee abuse in al-Qaeda-run Raqqa». BBC. Consultado em 16 de novembro de 2013
- ↑ «Al-Qaeda-linked jihadists impose Islamic rules, ban music, shisha in Syrian province». 22 de janeiro de 2014. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ «Daash in Syria recently issues a list of laws punishable by flogging or death». Liveleak. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ «ISIS or ISIL». Mycoper. 13 de junho de 2014. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ Ammar Cheikh Omar e Henry Austin (15 de março de 2014). «United by Fear: Life Under Militants More Radical Than Al Qaeda». NBCnews. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ Brian Michael Jenkins (25 de fevereiro de 2014). «Al Qaeda has expelled its affiliate in Syria and Iraq—Now what?». Cyprus Mail. Consultado em 13 de junho de 2014
- ↑ "Inside Raqqa, the Capital of ISIS". Página acessada em 30 de abril de 2017.
- ↑ Group, Global Media (6 de novembro de 2016). «Síria - Começou a batalha pela libertação de Raqqa das mãos do Estado Islâmico». DN
- ↑ Reuters. «Médio Oriente. Daesh derrotado em Raqqa, a cidade que foi a sua capital». PÚBLICO. Consultado em 17 de Outubro de 2017