Reconhecimento celular – Wikipédia, a enciclopédia livre

Reconhecimento celular, reconhecimento intercelular ou histocompatibilidade celular é o processo pelo qual as moléculas de carboidrato constituem a base química para o reconhecimento mútuo entre as células. Desses açúcares se valem igualmente as bactérias, para identificar sua célula hospedeira, as células do sistema imunológico, para distinguir o tecido doente. O carbohidratos também dirigem a organização dos embriões.

Também o reconhecimento celular se dá entre os ácidos graxos entre as células sanguíneas.

Descobrimento

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Em 1952, Aaron Moscona, da Universidade de Chicago, separou as células de um embrião de galinha ao incubá-las em uma solução enzimática e agitá-las suavemente. Mas observou que não permaneciam separadas, senão que voltavam a reunir-se em um novo agregado.[1][2][3]

Moscona observou também que, quando as células retinianas e hepáticas convergiam assim, as retinianas emigravam até o interior da massa celular.[4][2][3]

Três anos depois, Philip L. Townes e Johannes Holtfreter da Universidade de Rochester realizaram um experimento similar com células de embrião de anfíbio, as quais reorganizaram-se em camadas de tecidos como aqueles das quais haviam se originado.[3]

Estas experiências e inúmeras observações demonstram a habilidade precisa das células de reconhecerem-se umas as outras e apresentarem respostas a tais estímulos. O esperma, por exemplo, pode distinguir ovos de suas própria espécie daqueles de outras, e ligar-se-ão somente com o adequado. Algumas bactérias estabelecem-se preferencial no aparelho intestinal ou urinário; outras possuem preferência por outros órgãos.[3]

Reconhecimento celular, sexualidade e evolução

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Os processos do surgimento da reprodução sexuada foi um dos impulsos fundamentais à evolução dos seres vivos. Tanto nos organismos unicelulares quanto multicelulares, a sexualidade, por permitir a troca de material genético, tonou-se uma das maiores forças condutoras do processo evolutivo. Simultaneamente, a sexualidade requer estruturas de superfície para o reconhecimento e acoplamento específico das células dos dois tipos de gametas. Alberto Monroy recentemente sugeriu que o sistema de reconhecimento intercelular é filogeneticamente relacionado ao aparecimento da sexualidade.[5]. Conexão filogenética entre a sexualidade e o reconhecimento celular tem sido sugerido por Bennet et al.[6]. Trabalho de Alberto Monroy e Floriana Rosati corrobora esta ideia[7].

O reconhecimento celular, seus mecanismos e a ação de agentes que o promovam é uma questão fundamental no cultivo de células, processo de muitas aplicações em pesquisa em biologia e áreas relacionadas, assim como na medicina, em campos como as aplicações das células tronco.[8]

  1. Moscona, A. A. Proc. natn. Acad. Sci. U.S.A. 43, 184–194 (1957).
  2. a b Monroy, A. & Moscona, A. A. Introductory Concepts in Developmental Biology (University of Chicago Press, in the press).
  3. a b c d Nathan Sharon and Halina Lis; Carbohydrates in Cell Recognition; January 1993; Scientific American Magazine; Scientific American Magazine; January 1993 - www.sciamdigital.com (em inglês)
  4. Moscona, A. A. & Moscana, M. Devl. Biol. 11, 402–423 (1965).
  5. Monroy, A. Biol. Cell. 32, 165–166 (1978).
  6. Bennett, D., Boyse, E. A. & Old, L. J. in 3rd Lepetit Colloquium, 241–263
  7. ALBERTO MONROY & FLORIANA ROSATI; The evolution of the cell−cell recognition system; Nature 278, 165 - 166 (08 March 1979); doi:10.1038/278165a0 - www.nature.com (em inglês)
  8. H. B. FELL; TISSUE CULTURE AND ITS CONTRIBUTION TO BIOLOGY AND MEDICINE jeb.biologists.org (em inglês)
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