Referendo sobre a independência da Bósnia e Herzegovina em 1992 – Wikipédia, a enciclopédia livre
Um referendo de independência foi realizado na Bósnia e Herzegovina entre 29 de fevereiro e 1 de março de 1992, na sequência das primeiras eleições livres de 1990 e da ascensão de tensões étnicas que conduziriam à dissolução da Iugoslávia. A independência era fortemente favorecida pelos eleitores bosníacos e croatas bósnios enquanto que os sérvios bósnios boicotaram o referendo ou foram impedidos de participar pelas autoridades sérvias da Bósnia. A afluência total de votantes foi de 63,4% (menos de dois terços, lançando dúvidas sobre sua validade), dos quais 99,7% votaram a favor da independência da Bósnia e Herzegovina. Em 3 de março, presidente da Presidência da Bósnia e Herzegovina Alija Izetbegović declarou a independência da República da Bósnia e Herzegovina e o parlamento ratificou a ação. Em 6 de abril, os Estados Unidos e a Comunidade Econômica Europeia reconheceram a Bósnia e Herzegovina como um Estado independente e, em 22 de maio seria admitido nas Nações Unidas.
Resultados
[editar | editar código-fonte]Escolha | Votos | % |
---|---|---|
Favorável | 2 061 932 | 99,7 |
Contrário | 6 037 | 0,3 |
Inválidos / votos brancos | 5 227 | – |
Total | 2 073 568 | 100 |
Eleitores registrados / afluência | 3 253 847 | 63,7 |
Fonte: Nohlen & Stöver[1] |
Consequências
[editar | editar código-fonte]Imediatamente após o reconhecimento, as forças sérvias bósnias e sérvias, dirigidas e financiadas por Belgrado, iniciaram uma "agressão abrangente" na Bósnia e Herzegovina.[2] O Exército Popular Iugoslavo e voluntários sérvios atacaram a cidade predominantemente croata de Ravno em setembro de 1991, policiais sérvios bósnios dispararam sobre as áreas povoadas por bosníacos de Šipovo durante o qual 3 000 bosníacos fugiram, e unidades paramilitares sérvias atacaram Foča, Visegrad, Bratunac, Bijeljina, e outras cidades do leste da Bósnia e Herzegovina.[3] No mês de reconhecimento, o cerco de Sarajevo começou, altura em que o Exército da Republika Srpska (VRS), controlava 70% da Bósnia e Herzegovina.[4]
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Nohlen, D & Stöver, P (2010) Elections in Europe: A data handbook ISBN 978-3-8329-5609-7
- ↑ Nettelfield 2010, p. 67.
- ↑ Caplan 2005, p. 121.
- ↑ Hoare 2010, p. 126.
Referências
[editar | editar código-fonte]- Livros
- Allen, Beverly (1996). Rape Warfare: The Hidden Genocide in Bosnia-Herzegovina and Croatia. Ithaca: University of Minnesota Press. ISBN 978-0-8014-4158-5
- Bugajski, Janusz (1995). Ethnic Politics in Eastern Europe: A Guide to Nationality Policies, Organizations and Parties. Armonk: M. E. Sharpe. ISBN 978-1-56324-283-0
- Burg, Steven L.; Shoup, Paul S. (2000). The War in Bosnia-Herzegovina: Ethnic Conflict and International Intervention. Armonk: M. E. Sharpe. ISBN 978-0-7656-3189-3
- Caplan, Richard (2005). Europe and the Recognition of New States in Yugoslavia. Oxford: Cambridge University Press. ISBN 978-1-139-44551-1
- Goldstein, Ivo (1999). Croatia: A History. London: C. Hurst & Co. ISBN 978-1-85065-525-1
- Gow, James (2003). The Serbian Project and its Adversaries: A Strategy of War Crimes. London: C. Hurst & Co. ISBN 978-1-85065-646-3
- Halpern, Joel M. (2000). Neighbors at War: Anthropological Perspectives on Yugoslav Ethnicity, Culture, and History. University Park, PA: The Pennsylvania State University. ISBN 9780271044354
- Hoare, Marko Attila (2010). «The War of Yugoslav Succession». In: Ramet, Sabrina P. Central and Southeast European Politics Since 1989. Cambridge: Cambridge University Press. pp. 111–136. ISBN 978-1-139-48750-4
- Judah, Tim (2000). The Serbs: History, Myth and the Destruction of Yugoslavia. New Haven: Yale University Press. ISBN 978-0-300-08507-5
- Lauterpacht, Elihu; Greenwood, Christopher, eds. (1999). International Law Reports. 150. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 9780521642453
- Lukic, Reneo; Lynch, Allen (1996). Europe from the Balkans to the Urals: The Disintegration of Yugoslavia and the Soviet Union. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-829200-5
- Nettelfield, Lara J. (2010). Courting Democracy in Bosnia and Herzegovina. Oxford: Cambridge University Press. ISBN 978-1-58544-226-3
- Nohlen, Dieter; Stöver, Philip (2010). Elections in Europe: A Data Handbook. Baden-Baden: Nomos. ISBN 978-3-8329-5609-7
- Ramet, Sabrina P. (2006). The Three Yugoslavias: State-Building and Legitimation, 1918–2005. Bloomington: Indiana University Press. ISBN 978-0-253-34656-8
- Silber, Laura; Little, Allan (1997). Yugoslavia: Death of a Nation. New York: Penguin Books. ISBN 978-0-14-026263-6
- Toal, Gerard; Dahlman, Carl T. (2011). Bosnia Remade: Ethnic Cleansing and Its Reversal. New York: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-973036-0
- Velikonja, Mitja (2003). Religious Separation and Political Intolerance in Bosnia-Herzegovina. College Station: Texas A&M University Press. ISBN 978-1-58544-226-3
- Walling, Carrie Booth (2013). All Necessary Measures: The United Nations and Humanitarian Intervention. [S.l.]: University of Pennsylvania Press. ISBN 978-0-8122-0847-4
- Reports
- Pellet, Allain (1992). «The Opinions of the Badinter Arbitration Committee: A Second Breath for the Self-Determination of Peoples» (PDF). European Journal of International Law. 3 (1): 178–185. Consultado em 25 de julho de 2015. Arquivado do original (PDF) em 29 de maio de 2011
- Novos artigos
- Binder, David (8 de abril de 1992). «U.S. Recognizes 3 Yugoslav Republics as Independent». New York Times
- Sudetic, Chuck (29 de fevereiro de 1992). «Deaths Cast Shadow on Vote in Yugoslav Republic». New York Times
- Silber, Laura (16 de outubro de 1991). «Bosnia Declares Sovereignty». Washington Post
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Bosnian independence referendum, 1992».