Referendo sobre a independência da Catalunha em 2014 – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Referendo sobre a independência da Catalunha em 2014
1.”Quer que a Catalunha seja um estado?”
2.”Quer que a Catalunha seja independente?”
9 de novembro de 2014
Tipo de eleição:  Referendo
Demografia eleitoral
Votantes : 2 305 290
Províncias da Catalunha
Referendo sobre a independência da Catalunha em 2014
Resultados[1]
Sim – Sim
  
80.91%
Sim – Não
  
17-10-02%
Não
  
4.49%
Brancos e nulos
  
3.61%
Localização da Catalunha (verde escuro) na Espanha (verde claro) e Europa.
Entre os votos expressos (47,63% do eleitorado)[2]: Verde escuro: mais de 75%: Sim - "A Catalunha deve tornar-se um Estado e independente" e 70-72,5%: Sim - "A Catalunha deve tornar-se um estado e independente"

O referendo sobre a independência da Catalunha era um projeto de referendo sobre o futuro político da Catalunha,[3] que estava incluído no acordo de governação ratificado por Artur Mas, da Convergência e União (CiU), e Oriol Junqueras, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), em 18 de dezembro de 2012,[4][5] chamado pelos seus signatários de Pacto pela Liberdade.[6] O texto indicava que a data do referendo seria acordada entre os dois partidos, os quais se comprometeriam a tentar levar a cabo em 2014 "exceto se o contexto socioeconómico e político requerer uma prorrogação".[7] Como parte do acordo, Artur Mas tomou posse do cargo de presidente da Generalitat da Catalunha para um segundo mandato.

No dia 12 de dezembro de 2013, o Governo da Catalunha anunciou que a data para o referendo sobre a independência estava definida para 9 de novembro de 2014 e iria conter uma pergunta com duas partes: "Quer que a Catalunha seja um Estado?" e "Se sim, quer que este Estado seja independente?".[8][9] O Governo espanhol declarou pouco depois a sua intenção de bloquear o referendo, afirmando que este "não seria realizado".[10]

O ministro da Justiça espanhol, Alberto Ruiz-Gallardón, afirmou que o referendo não seria realizado porque "a Constituição não autoriza qualquer comunidade autónoma a submeter a votação ou a um referendo as questões relacionadas com a soberania nacional".[10] Por sua vez, o presidente espanhol, Mariano Rajoy, reafirmou esta tese, argumentando que "a consulta […] contraria de forma clara a Constituição",[11] embora não tenha especificado como pretenderia impedi-la.[12] Contudo, Rajoy ofereceu-se para conversar com o governo da Catalunha em setembro de 2013, baseando-se na "relevância excecional da Catalunha para a Espanha" e na "riqueza, pluralidade e singularidade da sociedade catalã".[13]

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O Tribunal Constitucional de Espanha impediu a realização do referendo sobre a independência da Catalunha previsto para o dia 9 de novembro de 2014, bem como a alternativa encontrada pelas autoridades catalãs da realização de uma consulta popular.[14] No entanto, o próprio ministro da Justiça, Rafael Catalá, admitiu que nada faria para impedir a consulta popular na Catalunha caso esta fosse promovida e observada por organizações independentes de cidadãos e desde que o governo da Catalunha não interviesse na organização do processo.[15]

Assim, no dia 9 de novembro de 2014, foi realizada uma consulta popular sobre a independência da Catalunha, sem caráter vinculativo.[16] Os resultados desta consulta, onde participaram 2,3 milhões dos 6,3 milhões de catalães com direito a voto,[17] deram vitória de 80,72% ao "sim" em ambas as perguntas — "Quer que a Catalunha seja um Estado?" e "Se sim, quer que este Estado seja independente?".[18]

Os resultados oficiais do processo participativo foram os seguintes:[1]

Quer que a Catalunha seja um Estado?
Se sim, quer que este Estado seja independente?
Participação Sim Sim Não Não Em branco Outros
Sim Sim Não Não Em branco
2 305 290 1 861 753 232 182 22 466 104 772 12 986 71 131

Referências

  1. a b Generalitat da Catalunha. «Resultados globales» (em espanhol). Consultado em 11 de novembro de 2014 
  2. «Uma consulta na Catalunha sem garantias democráticas». 9 Novembro 2014. Consultado em 25 Novembro 2014 
  3. Pedro Cordeiro (26 de novembro de 2012). «Nacionalistas catalães precisam de refletir…». Expresso. Consultado em 23 de março de 2014 
  4. Josep Casulleras Nualart, Liz Castro (18 de dezembro de 2012). «CiU and ERC come to an agreement in Catalonia: Referendum in 2014» (em inglês). VilaWeb. Consultado em 23 de março de 2014. Arquivado do original em 3 de janeiro de 2013 
  5. Reuters (18 de dezembro de 2012). «Spain: Separatist Catalan Parties Announce Alliance» (em inglês). The New York Times. Consultado em 23 de março de 2014 
  6. «Pacte per la llibertat» (em catalão). Convergência e União. Consultado em 23 de março de 2014 
  7. Miquel Noguer, Maiol Roger (18 de dezembro de 2013). «CiU y ERC pactan la consulta de autodeterminación para 2014» (em espanhol). El País. Consultado em 23 de março de 2013 
  8. «Catalunha vota independência a 9 de novembro». Jornal de Notícias. 12 de dezembro de 2012. Consultado em 23 de março de 2013 
  9. H.T. (12 de dezembro de 2013). «Catalunha marca referendo sobre a independência». Diário de Notícias. Consultado em 23 de março de 2013. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2013 
  10. a b Lusa (12 de dezembro de 2013). «Governo de Espanha promete bloquear referendo». Diário de Notícias. Consultado em 23 de março de 2013. Arquivado do original em 23 de março de 2014 
  11. Lusa (12 de dezembro de 2013). «Rajoy garante que referendo não se realizará». Diário de Notícias. Consultado em 14 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 14 de dezembro de 2013 
  12. «Governo espanhol garante que vai vetar referendo na Catalunha». O Globo. 12 de dezembro de 2013. Consultado em 14 de dezembro de 2013 
  13. Reuters (14 de setembro de 2013). «Rajoy vai conversar com a Catalunha, rejeita independência». O Globo. Consultado em 14 de dezembro de 2013 
  14. Lusa (30 de outubro de 2014). «Rajoy diz que velará pelo interesse geral e cumprimento da lei». Diário de Notícias. Consultado em 12 de novembro de 2014. Arquivado do original em 12 de novembro de 2014 
  15. David Santiago (6 de novembro de 2014). «Consulta popular sobre independência da Catalunha pode avançar se organizada por cidadãos». Jornal de Negócios. Consultado em 12 de novembro de 2014 
  16. João Ferreira Pelarigo (9 de novembro de 2014). «Catalães esperam que consulta sem vínculo favoreça negociações». RTP. Consultado em 12 de novembro de 2014 
  17. F.M. (10 de novembro de 2014). «Las cifras reales: dos de cada tres catalanes no han querido participar de la farsa de Mas» (em espanhol). ABC. Consultado em 12 de novembro de 2014 
  18. Sofia Lorena (10 de novembro de 2014). «80% dos catalães que votam dizem "sim" à independência». Público. Consultado em 12 de novembro de 2014 

Ligações externas

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