Religio licita – Wikipédia, a enciclopédia livre

A expressão religio licita designa um estatuto privilegiado que era atribuído na Roma Antiga a certas religiões. Tal estatuto garantia aos praticantes e aderentes gozar de privilégios como a coleta de impostos, a dispensa de serviço militar, ou do culto imperial oficial. Por conseguinte, religio illicita era a religião que não cumpria estes critérios e podia estar sujeita a perseguições.

Existem porém várias definições. Poder-se-á julgar que nos inícios do império, o judaísmo helenístico seria a única religião tolerada além da própria religião imperial. Como afirma M. Goodman, "os romanos sabiam que os judeus, unicamente entre os habitantes do império, recusavam prestar culto a qualquer deus senão o Deus ciumento venerado no Templo de Jerusalém. Os romanos viam este comportamento como bizarro, mas não repreeensível."[1] Mesmo assim, Tibério defendeu que se banissem todos os "cultos estrangeiros" de Roma, "em especial os ritos egípcio e judaico".[2]

Na concepção romana, em contraste com a tradição grega, a religião era algo praticado em público. O cristianismo, como afirmam alguns autores modernos, era expressamente declarado como religio illicita (religião ilícita) por Domiciano na década de 80, e era visto como superstitio Iudaica, uma superstição judaica que diferia do judaísmo "normal". Porém, a teoria de que os cristãos fossem perseguidos por collegio illicita é contestada pelos que defendem, como Edward Gibbon, que "os judeus eram um povo que seguia, e os cristãos uma seita que desertara, a religião dos seus pais."[3]

Referências

  1. Martin Goodman, Rome and Jerusalem: The Clash of Ancient Civilizations (London: Allen Lane, 2007), p. 392.
  2. Suetónio, A Vida de Tibério César, XXXVI.
  3. Geoffrey E.M. de Ste. Croix, "Why Were the Early Christians Persecuted?" Past and Present, 26 (1963), pp. 6-38.