Revolta de Beja – Wikipédia, a enciclopédia livre

A denominada Revolta de Beja foi uma ação de luta contra a ditadura de António de Oliveira Salazar, em Portugal. A também denominada de Intentona do RI3 teve lugar na noite da passagem de ano de 31 de dezembro de 1961 para 1 de janeiro de 1962, e tratou-se de uma tentativa de golpe civil e militar que pretendia derrubar o regime a partir da tomada de assalto do Regimento de Infantaria N.º 3 naquela cidade alentejana.[1][2]

O ano de 1961 tinha sido o de todas as calamidades para a ditadura e de muita esperança para a democracia. Em janeiro o capitão Henrique Galvão sequestrara o navio Santa Maria. O Governo estava isolado; caíram Goa, Damão e Diu; foram lançados panfletos sobre Lisboa, de um avião desviado por Palma Inácio; Daomé ocupou o Forte de S. João Baptista de Ajudá, fortificação que representava a presença histórica portuguesa naquela região africana. Havia, pois, razões para crer no fim da ditadura Salazarista. Por motivos conjunturais, o Quartel de Beja estava na rota da conquista da Liberdade, do fim do Estado Novo.

Protagonistas

[editar | editar código-fonte]

No seguimento da derrota eleitoral de Humberto Delgado nas eleições presidenciais de 1958 presumivelmente por fraude, a oposição radicaliza-se. Indo para o exílio, Humberto Delgado irá apoiar várias iniciativas. No caso de Beja, João Varela Gomes toma a liderança militar, Manuel Serra a liderança civil. Fernando Piteira Santos fará a ligação entre civis e militares.[1]

Plano de Ação

[editar | editar código-fonte]

Na noite de passagem de ano de 1961 para 1962, João Varela Gomes avança para Beja para, juntamente com outros companheiros, tomar de assalto o quartel. O assalto que Varela Gomes e Manuel Serra dirigiram tinha na preparação Humberto Delgado, que havia entrado em Portugal clandestinamente com o intuito de comandar a ação e que inclusive, tinha estado em Beja, ainda que afastado do ocorrido.

Por volta das 2h15m da madrugada o grupo comandado por Varela Gomes entrou no Quartel de Beja, contando com a conivência de três oficiais no interior do quartel , que lhes abriram as portas, anularam primeiro os sentinelas e trancaram todos os militares nas casernas após o que se dirigiu ao quarto onde se encontrava o Segundo Comandante Henrique Calapez da Silva Martins. Assim que Henrique Calapez Martins abriu a porta do quarto foi alvejado no torax, um disparo acidental, na versão dos revoltosos. Ferido, Calapez ripostou quase em simultâneo, usando uma pistola ‘savage’, atingindo Varela Gomes no baço. Segue-se uma troca de tiros entre os revoltosos e o Major Henrique Calapez, em que ele, sozinho, conseguiu dominar a revolta e colocar os golpistas em fuga.[3] Varela Gomes sobreviveu a várias cirurgias, sob prisão. A PIDE prendeu o capitão Eugénio de Oliveira e os outros implicados, civis e militares, enquanto era vexada pela fuga bem sucedida do general Humberto Delgado.[4]

Implicações

[editar | editar código-fonte]

Foram muitos os que acreditaram que a Revolução poderia ter começado com este episódio. Mais tarde, em 1987, por ocasião da presidência aberta ‘alentejo verde’, Mário Soares, à chegada a Beja, diria: «se não fosse um tal de major Calapez, o 25 de abril teria sido 15 anos antes».

Referências

Ícone de esboço Este artigo sobre História de Portugal é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.