Rodrigo Lopes (cirurgião) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Rodrigo Lopes
Rodrigo Lopes (cirurgião)
Nascimento 1525
Crato
Morte 7 de junho de 1594 (69 anos)
Tyburn
Causa da morte Execução
Ocupação Médico, comerciante
Religião cristão-novo

Rodrigo Lopes (Crato, 1525Tyburn, 7 de junho de 1594) foi um médico e cirurgião português, que serviu a rainha Isabel I de Inglaterra, e pode ter sido uma inspiração para o Shylock de Shakespeare em O Mercador de Veneza.

Nascido no Crato, Portugal, foi criado como um cristão-novo. Foi expulso de Portugal pela Inquisição portuguesa e era conhecido por ser um marrano (judeu escondido).

Ele fez seu lar em Londres em 1559 e retomou sua prática como médico com sucesso, logo se tornando médico residente no Hospital St. Bartholomew. Ele desenvolveu uma grande prática entre pessoas poderosas, incluindo Robert Dudley e Francis Walsingham. Um panfleto calunioso de 1584 atacando Dudley sugeriu que Lopes destilava venenos para Dudley e outros nobres. Em 1586, Lopes atingiu o auge de sua profissão; ele foi feito médico-chefe da Rainha Elizabeth I. Lopes ganhou os favores da rainha e em 1589 ela concedeu-lhe o monopólio da importação de anis e sumagre.[1] Seu sucesso continuou quando ele se aproximou de aposentadoria. Ele era visto, pelo menos exteriormente, como sendo um obediente praticante protestante.

Em outubro de 1593, Lopes era rico e de modo geral, respeitado. Naquela época, ele era dono de uma casa em Holborn e teve um filho matriculado no Winchester College. No entanto, também em outubro, uma complexa teia de conspiração contra D. António, Prior do Crato começou a vir à luz, na escalada da Guerra Anglo-Espanhola.[2][3] Posteriormente, Robert Devereux acusou Lopes de conspirar com os emissários espanhóis para envenenar a rainha. Ele foi preso em 1 de janeiro de 1594, condenado em fevereiro, e, posteriormente, enforcado e esquartejado em 7 de junho.[4] Seu julgamento no Guildhall de Londres, foi referido por Carlos, Príncipe de Gales, em seu discurso no Guildhall ao Conselho de Deputados dos Judeus Britânicos em 5 de julho de 2011.[5]

A própria rainha estava incerta de sua culpa e atrasou sua execução. Lopes afirmou sua inocência e sua verdadeira conversão ao judaísmo para o cristianismo. De acordo com o historiador do século XVI William Camden, pouco antes de Lopes ser enforcado, ele disse para a multidão que ele amava sua rainha, assim como ele amava Jesus Cristo. A multidão riu desta declaração, tomando-a como uma confissão velada.[4]

Alguns historiadores e críticos literários consideram que Lopes e seu julgamento foram uma influência sobre William Shakespeare em "O Mercador de Veneza".[6] "Muitos estudiosos de Shakespeare acreditam Dr. Lopes foi o protótipo para Shylock",[7] que se acredita ter sido escrito entre 1596 e 1598. Há também uma menção de Lopes no texto publicado postumamente de "A Trágica História do Doutor Fausto", comparando-o com o herói titular: "Doutor Lopus nunca foi um médico!" Esta referência foi presumivelmente adicionado após a morte de Marlowe em 1593.[8]

Referências

  1. Leslie Stephen: Dictionary of national biography (1885), vol. XXXIV, págs. 132-134.
  2. Arthur Dimock: The conspiration of Dr. Lopez (1894), incluso em The English historical review, vol. IX, págs. 440-472.
  3. David S. Katz: The Jews in the history of England, 1485-1850 (1997), págs. 71-106.
  4. a b William Camden: Annals.
  5. «SPEECH FOR THE PRINCE OF WALES: DINNER TO CELEBRATE 250TH ANNIVERSARY OF THE BOARD OF DEPUTIES OF BRITISH JEWS, GUILDHALL, 5TH JULY 2011» (PDF) (em inglês). Consultado em 2 de abril de 2014. Arquivado do original (PDF) em 7 de abril de 2014 
  6. Faye Kellerman, The Quality of Mercy (historical novel), "Historical Summary", pp. 606-607, New York, Morrow, 1989.
  7. Greenblatt, S. (2004). Will In The World: How Shakespeare Became Shakespeare. New York: W. W. Norton. ISBN 0393050572 
  8. "The past-tense allusion to him suggests that in its present form this scene must be post-Marlovian." Michael Keefer (ed.), Doctor Faustus: A 1604 Version Edition, 2nd edition, Broadview Editions, 2007, p. 150
  • Lucien Wolf: Jews in Elizabethan England. TJHSE (Transactions of the Jewish Historical Society of England) 11 (1928), 1-91

Referências

Ligações externas

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