Roldão de Siqueira Fontes – Wikipédia, a enciclopédia livre

Roldão de Siqueira Fontes (Flores, 29 de dezembro de 1909[1] — 5 de novembro de 1996) foi um educador e ambientalista brasileiro.

Foi um grande defensor da recuperação do pau-brasil (também conhecido como pau-de-pernambuco, pau-pernambuco ou pau-de-tinta), uma leguminosa nativa da Mata Atlântica e árvore símbolo do Brasil. Criou o Movimento em Defesa do Pau-brasil, em 1970. Quando professor do então Colégio Agrícola de São Lourenço, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), conservou mudas e sementes e as distribuiu para outros pontos do país. O sonho de Roldão era de que a espécie, depois de estar ameaçada de extinção, em razão da devastação da Mata Atlântica, fosse recuperada e conservada, e que em toda escola de todo município brasileiro houvesse uma árvore de pau-brasil. Graças a essa campanha foi criada em 1988 a Fundação Nacional do Pau-brasil.

Roldão de Siqueira Fontes foi professor de história e geografia geral e do Brasil, por mais de 40 anos, do antigo Colégio Agrícola de São Bento, pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No final de 1969, estudando o livro O Pau-Brasil na História Nacional, de Bernardino José de Souza,[2] descobriu que o pau-brasil se encontrava em extinção. Começou, então, com seus parcos recursos de professor, a produzir mudas por conta própria, distribuindo-as posteriormente aos pais de alunos que visitavam a escola.

Em 1972, já dispondo de um viveiro com 10.000 mudas de pau-brasil, conseguiu sensibilizar o então reitor da UFRPE, Dr. Erasmo Adierson de Azevedo, que, junto com o Governo Federal, lançou em outubro de 1972, em Brasília, uma campanha de âmbito nacional em defesa da espécie. Em seguida, firmado um convênio entre a UFRPE e o antigo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs),[1] o professor Roldão coordenou o plantio de 50.000 plantas da espécie Caesalpinia echinata Lam. no entorno da barragem do rio Tapacurá, no município de São Lourenço da Mata.[3]

Em 1977, faltando cerca de um ano para o término do convênio, Roldão envia cartas aos deputados federais José Bonifácio Neto, do MDB, e Faria Lima, da ARENA, para que elaborassem uma lei que protegesse o pau-brasil. Afinal, foi sancionada a Lei Federal Nº 6.607, de 7 de dezembro de 1978.[4] No seu arquivo pessoal, existem cartas de próprio punho dos dois deputados citados, congratulando-se com Roldão pela instituição da lei.

O professor Roldão de Siqueira Fontes continuou a divulgar o pau-brasil por meio de palestras e eventos comemorativos da "árvore nacional" até criar, em 30 de julho de 1988, a Fundação Nacional do Pau-Brasil, que tem, entre outras, duas importantes metas que são:

  1. plantar uma muda de pau-brasil em cada escola de cada município brasileiro
  2. criar oportunidades para que todo brasileiro conheça a única árvore do mundo que deu nome a nação brasileira e a seu povo.

O professor Roldão faleceu em 5 de novembro 1996, aos 86 anos deixando, além da FunBrasil, para dar prosseguimento aos seus trabalhos de preservação, um legado de mais de dois milhões e setecentas mil plantas distribuídas por todo o território nacional. Foi cognominado pelo então Presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, "o apóstolo do pau-brasil". Sua filha, Ana Cristina, continuou a plantar e divulgar a árvore, cujos estoques naturais foram exauridos pela exploração predatória.[5][6][7]

Referências

  1. a b Academia Pernambucana de Ciencia Agronômica. Roldão de Siqueira Fontes: Memória viva da UFRPE. Por Osvaldo Martins F. de Souza
  2. Souza, Bernardino José de; colaboradores: Oliveira Viana, Francisco José de, Neiva, Artur O pau-brasil na história nacional. Companhia Editora Nacional. Brasiliana - Biblioteca Pedagógica Brasileira. Volume: 162; 1ª ed., 1939 (obra disponível na íntegra) A obra, publicada em 1939, era o mais completo estudo até então publicado sobre a árvore que deu nome ao Brasil, abordando aspectos botânicos, geográficos, históricos e econômicos. O autor traça um panorama do comércio do pau-brasil desde o Descobrimento até o século XIX, revê os relatos de naturalistas estrangeiros sobre a árvore e antevê as ameaças de sua extinção.
  3. Professor Roldão e a preservação do Pau-Brasil em São Lourenço da Mata
  4. Lei nº 6.607, de 7 de dezembro de 1978. Declara o Pau-Brasil árvore nacional, institui o Dia do Pau-Brasil, e dá outras providência .
  5. Plantadores de Florestas. Cap. VII - A defensora do pau-brasil. Ana Cristina Roldão, da FunBrasil, segue de perto os passos do pai, que dedicou 40 anos de sua vida ao plantio da árvore nacional. Por Liana John. National Geographic Brasil, 2 de fevereiro de 2012
  6. Pernambuco abriga uma das áreas mais preservadas com o Pau-Brasil. Dia 3 de maio é comemorado o Dia do Pau-Brasil. Pernambuco preserva uma grande área com mais de 50 mil plantas. G1, 3 de maio de 2013.
  7. A luta para preservar o pau-brasil. Sobre os projetos da Fundação Nacional do Pau-Brasil.

Ligações externas

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  • Prêmio de Reportagem sobre Biodiversidade da Mata Atlântica 2005. [ De muda em muda, a restauração. Explorada até a exaustão desde o Descobrimento, a árvore símbolo nacional rebrota em Pernambuco, graças a ações e campanhas de conservação]. Matéria sobre Roldão de Siqueira Fontes e sua campanha.
  • Vídeo: O trabalho da Fundação Nacional do Pau-Brasil. National Geographic, 2 de fevereiro de 2012.
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