Rosário Fusco – Wikipédia, a enciclopédia livre

Rosário Fusco
Nascimento 19 de julho de 1910
São Geraldo
Morte 17 de agosto de 1977 (67 anos)
Cataguases
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Romancista, poeta, dramaturgo, jornalista, crítico literário e advogado
Magnum opus O Agressor (1943)

Rosário Fusco (São Geraldo, 19 de julho de 1910Cataguases, 17 de agosto de 1977) foi um romancista, poeta, dramaturgo, jornalista, crítico literário e advogado brasileiro. É reconhecido pela crítica como o menino-prodígio do Modernismo brasileiro, um verdadeiro precursor do supra-realismo literário.

Filho do comerciante italiano Rosario Fusco e da brasileira Auta de Sousa Guerra, fica órfão de pai aos seis meses de vida, quando muda-se com sua mãe para Cataguases, Minas Gerais, onde mora seu avô materno. Estuda na Escola Maternal Nossa Senhora do Carmo, conclui o primário no Grupo Escolar Coronel Vieira e faz o secundário no Ginásio Municipal de Cataguases. [1]

Ao mesmo tempo em que se dedica aos estudos, para ajudar a mãe lavadeira, trabalha em diversos ofícios, tais como: servente de pedreiro, pintor de tabuletas de cinema, aprendiz de latoeiro, lavador de vidros, prático de farmácia, auxiliar de correntista numa casa bancária e professor de desenho do ginásio em que estuda.

Aos 15 anos, ainda no secundário, frequenta as sessões do Grêmio Literário Machado de Assis e participa da fundação do Grupo Verde, responsável pelo lançamento da Verde, importante publicação literária modernista editada entre 1927 e 1929, que contou com a colaboração de poetas, escritores e ilustradores modernistas do Brasil, com os quais mantem intensa correspondência, e de outros países.

Neste período, publica igualmente seus poemas no Jornal Mercúrio, da Associação Comercial de Cataguases, dirigido por Guilhermino César, companheiro na Verde, e logo depois em dois outros periódicos menores, Boina e Jazz-Band.

Em 1932, muda-se para o Rio de Janeiro, onde conclui, em 1937, o curso de Direito na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e realiza intensa atividade na imprensa como crítico e jornalista.

Nessa época trabalha também como publicitário, cronista de rádio, redator-chefe da revista A Cigarra, crítico literário do Diário de Notícias do Rio de Janeiro, secretário da Universidade do Distrito Federal e procurador do ex-estado de Guanabara, cargo em que se aposenta.

De 1941 a 1943, dirige, ao lado de Almir de Andrade, a publicação Cultura Política - Revista de Estudos Brasileiros, financiada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão de censura e propaganda instituído pelo presidente Getúlio Vargas no Estado Novo.

Depois de trabalhar, durante a década de 1940, como adido da Embaixada do Brasil em Santiago, Chile, candidata-se, sem sucesso, ao cargo de deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro.

Por volta de 1960, muda-se para Nova Friburgo, onde permanece até 1968. Retorna a Cataguases, com a sua quarta e última esposa, Annie Noëlle Françoise Petitjean, unidos desde 1956, e o sexto filho, Rosário François, onde vem a falecer em 1977. [2]

Crítica literária

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Lá se foi o velho Rosário Fusco, escrevia o cronista José Carlos Oliveira no Jornal do Brasil de 21 de agosto de 1977, quatro dias após a morte do romancista em Cataguases: Um gigante voraz, andarilho infatigável que viveu (vivenciou, se preferirem) a aventura antropofágica proposta pelos modernistas. Cosmopolita, para onde quer que fosse levava um coração provinciano. Teria que terminar em Cataguases, misteriosa cidade com vocação de radioamador - dentro das casas, nos bares, na praça, na modorra da roça é apenas uma prevenção; na verdade, Cataguases está em febril contato com o mundo, é pioneira em cinema, em literatura, em arquitetura.

Rosário Fusco é um autor que fica por muito tempo associado quase exclusivamente à Revista Verde - um vulcão que escrevia, ilustrava, diagramava, mandava (e recebia) cartas para todo mundo - e à relação desta com o modernismo brasileiro. Deixou dezenas de correspondências com expoentes da literatura brasileira, especialmente Mário e Oswald de Andrade, dezenas de diários e dois romances e um livro de poesia erótica e de viagens.

Seu livro de poesias, Fruta do Conde, de 1929, surge com poemas compostos em versos livres com atenção aos temas locais com forte influência do modernismo.

Em 1940, escreve o romance O Agressor, sua obra de maior repercussão, considerado pelo crítico literário Antonio Candido um raro exemplo de romance surrealista no Brasil. O hermetismo e a estranheza de O Agressor se dão, em grande medida, pelo descompasso que existe entre a percepção do personagem principal, David, e a realidade que não a confirma. O título do livro deixa em certa suspensão a questão de quem é o agressor já que David aparece como vítima, como alguém que parece estar sendo perseguido. Essa posição do personagem no romance é dada ao leitor por sua própria percepção, que vai sendo minuciosamente alterada ao longo da narrativa até o seu desfecho.

Anos mais tarde, O agressor teve os direitos de filmagem adquiridos pelo cineasta Orson Welles, que os adquiriu após ler a obra traduzida no italiano. Apesar do cineasta ter cogitado levar David, o personagem paranoico, às telas do cinema, a ideia nunca foi concretizada. [3]

O autor possui, ainda, alguns romances e peças que praticamente desapareceram das principais bibliotecas do país. Ao morrer, também deixou muitos textos inéditos, como Um Jaburu na Torre Eiffel (livro de viagens), Erótica Menor (poesia) e o romance Vacachuvamor (1965). No entanto, em 2000 e 2003, respectivamente, dois de seus romances, O Agressor e a.s.a. associação dos solitários anônimos (1966), são lançados no mercado editorial - pouca coisa dentro de uma produção de tamanha amplidão e diversidade.

  • 1928 - Poemas cronológicos (poesia) - com Enrique de Resende e Ascânio Lopes.
  • 1929 - Fruta de Conde (poesia)
  • 1940 - Amiel (ensaio)
  • 1940 - Política e Letras (ensaio)
  • 1940 - Vida literária (crítica)
  • 1943 - O Agressor (romance)
  • 1944 - O Livro do João (romance)
  • 1949 - Anel de Saturno (teatro)
  • 1949 - O Viúvo (teatro)
  • 1954 - Carta à Noiva (romance)
  • 1949 - Introdução à Experiência Estética (ensaio)
  • 1961 - Auto da Noiva (teatro) - farsa em três atos, não editada, encenada nos Estados Unidos.
  • 1961 - Dia do Juízo (romance)
  • 2003 - a.s.a. associação dos solitários anônimos (romance)

Ligações externas

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Referências