Salicaceae – Wikipédia, a enciclopédia livre
Salicaceae | |||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||
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Géneros | |||||||||||
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Salicaceae Mirb. (nome aceito) [1] dá nome a uma Família de plantas inseridas no grupo das Eudicotiledôneas dentro das Angiospermas . Esse grupo está dentro da Ordem Malpighiales, interna à Classe Magnoliopsida. O gênero modelo mais conhecido dos aproximados 56 gêneros totais é Salix sp., o Salgueiro [2].
Os indivíduos do grupo possuem forma arbórea ou arbustiva que não costumam ultrapassar a altura de 40 metros [2]. São cosmopolitas, estando distribuídos de regiões árticas à regiões tropicais de forma ampla [3].
Sinonímia
[editar | editar código-fonte]Flacourtiaceae Rich. ex DC [1].
Mitologia
[editar | editar código-fonte]Na mitologia grega, há um mito de que Hélio, o Deus do Sol, possuía 3 filhas, as Helíades, que seriam as deusas secundárias. Elas teriam um possível irmão, Faéton, que ao tentar conduzir a carruagem de seu pai, perdeu o controle dos cavalos e acabou morrendo despencando das alturas [4].
Então as Helíades entraram num luto por cinco meses, e os deuses transformaram-nas em choupos e suas lágrimas em âmbar. Tal choupo ou álamo, é uma árvore da família Salicaceae, presente nas florestas boreais e em regiões temperadas ao longo de rios [4].
Gêneros Nativos e Espécies
[editar | editar código-fonte]Abatia americana (Gardner) Eichler
Abatia angeliana M.H.Alford
Abatia glabra Sleumer
Abatia microphylla Taub.
Azara uruguayensis (Speg.) Sleumer
Banara arguta Briq.
Banara axilliflora Sleumer
Banara brasiliensis (Schott) Benth.
Banara guianensis Aubl.
Banara nitida Spruce ex Benth.
Banara parviflor (A.Gray) Benth.
Banara serrata (Vell.) Warb.
Banara tomentosa Clos
Banara rinitatis Sleumer
Casearia aculeata Jacq.
Casearia acuminata DC.
Casearia altiplanensis Sleumer
Casearia arborea (Rich.) Urb.
Casearia bahiensis Sleumer
Casearia catharinensis Sleumer
Casearia combaymensis Tul.
Casearia commersoniana Cambess.
Casearia cotticensis Uittien
Casearia decandra Jacq.
Casearia duckeana Sleumer
Casearia eichleriana Sleumer
Casearia espiritosantensis R. Marquete et Mansano
Casearia fasciculata (Ruiz & Pav.) Sleumer
Casearia gossypiosperma Briq.
Casearia grandiflora Cambess.
Casearia guianensis (Aubl.) Urb.
Casearia hirsuta Sw.
Casearia javitensis Kunth
Casearia lasiophylla Eichler
Casearia luetzelburgii Sleumer
Casearia manausensis Sleumer
Casearia mariquitensis Kunth
Casearia melliodora Eichler
Casearia mestrensis Sleumer
Casearia murceana R. Marquete & Mansano
Casearia neblinae Sleumer
Casearia negrensis Eichler
Casearia obliqua Spreng.
Casearia oblongifolia Cambess.
Casearia obovalis Poepp. ex Griseb.
Casearia paranaensis Sleumer
Casearia pauciflora Cambess
Casearia pitumba Sleumer
Casearia resinifera Spruce ex Eichler
Casearia rufescens Cambess.
Casearia rupestris Eichler
Casearia rusbyana Briq.
Casearia selloana Eichler
Casearia sessiliflora Cambess.
Casearia souzae R. Marquete & Mansano
Casearia spinescens (Sw.) Griseb.
Casearia spruceana Benth. ex Eichler
Casearia sylvestris Sw.
Casearia tenuipilosa Sleumer
Casearia uleana Sleumer
Casearia ulmifolia Vahl ex Vent.
Casearia zizyphoides Kunth
Euceraea nitida Mart.
Hasseltia floribunda Kunth
Hecatostemon completus (Jacq.) Sleumer
Homalium guianense (Aubl.) Oken
Homalium racemosum Jacq.
Laetia americana L.
Laetia coriacea Spruce ex Benth.
Laetia corymbulosa Spruce ex Benth.
Laetia cupulata Spruce ex Benth.
Laetia procera (Poepp.) Eichler
Laetia suaveolens (Poepp.) Benth.
Lunania parviflora Spruce ex Benth.
Macrothumia kuhlmannii (Sleumer) M.H.Alford
Neoptychocarpus apodanthus (Kuhlm.) Buchheim
Neoptychocarpus killipii (Monach.) Buchheim
Pleuranthodendron lindenii (Turcz.) Sleumer
Prockia crucis P.Browne ex L.
Ryania angustifolia (Turcz.) Monach.
Ryania canescens Eichler
Ryania mansoana Eichler
Ryania pyrifera (Rich.) Sleumer
Ryania riedeliana Eichler
Ryania speciosa Vahl
Ryania spruceana Monach.
Salix humboldtiana Willd.
Salix martiana Leyb.
Tetrathylacium macrophyllum Poepp.
Xylosma benthamii (Tul.) Triana & Planch.
Xylosma ciliatifolia (Clos) Eichler
Xylosma glaberrima Sleumer
Xylosma intermedia (Seem.) Triana & Planch.
Xylosma prockia (Turcz.) Turcz.
Xylosma pseudosalzmanii Sleumer
Xylosma tessmannii Sleumer
Xylosma tweediana (Clos) Eichler
Xylosma velutina (Tul.) Triana & Planch.
Xylosma venosa N.E.Br.
Ecologia
[editar | editar código-fonte]A polinização ocorre pelo vento ou por auxílio de insetos [3][2] dependendo do tipo da flor da espécie. Por exemplo, em flores reduzidas a polinização ocorre pelo vento, enquanto em alguns casos pode haver a atuação de insetos não especializados atraídos por recursos nectaríferos e aromáticos [3][5].
A dispersão de táxons constituídos de frutos em drupas, bagas ou cápsulas é feita por aves ou mamíferos. Alguns gêneros são dispersos pelo vento, pois apresentam cápsulas que liberam sementes aladas que são facilmente levadas pelo vento [3].
Distribuição fitogeográfica no Brasil
[editar | editar código-fonte]Regiões e Estados de ocorrência no Brasil
- Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins);
- Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí,
Rio Grande do Norte, Sergipe);
- Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso);
- Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo);
- Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina) [1].
Possíveis ocorrências
- Norte (Tocantins);
Sudeste (Espírito Santo) [1].
Domínios Fitogeográficos no Brasil
Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal [1].
Tipos Vegetacionais
Caatinga (stricto sensu), Campinarana, Campo de Altitude, Campo de Várzea, Campo Rupestre, Cerrado (lato sensu), Floresta Ciliar ou Galeria, Floresta de Igapó, Floresta de Terra Firme, Floresta de Várzea, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila (= Floresta Pluvial), Floresta Ombrófila Mista, Restinga, Savana Amazônica, Vegetação Sobre Afloramentos Rochosos [1].
Morfologia Geral
[editar | editar código-fonte]São árvores ou arbustos dioicos, com folhas simples alternas com estípulas persistentes, decíduas ou ausentes [3]. Podem ou não possuir a borda do limbo serrilhada (denteada), com nervuras alcançando o ápice do dente e associadas às setas glandular e esférica [2]. As inflorescências são variáveis, em amentos ou flores solitárias, axilares ou terminais. As flores podem ser bissexuais ou unissexuais (hermafroditas ou dioicos) [6], submetidas por uma bráctea pilosa (Salix e Populus) [2]. As sépalas sendo livres, levemente conatas ou vestigiais; estames numerosos, livres ou conatos, e anteras bitecas. Os ovários são geralmente súperos (sobre os receptáculos), com placentação axial ou parietal [3].
Esse grupo, em sua maioria possui copa larga com ramos flexíveis (Chorão) ou copa estreita e ramos menos flexíveis [3]. Os frutos são deiscentes, em forma de baga, sâmara ou cápsula. Podem ser secos ou carnosos com inúmeras sementes cilíndricas com endosperma escasso ou ausente [3][2].
Fisiologia e Fitoquímica
[editar | editar código-fonte]Os organismos pertencentes ao gênero Salicaceae possuem o metabolismo do tipo C3 e seus açúcares são transportados como sacarose [5]. Apresentam heterosídeos fenólicos (salicilina, populina), sem a presença de glicosídeos e cianogênicos e normalmente com taninos [5][3].
Relações Filogenéticas
[editar | editar código-fonte]Antigamente a família Salicaceae era descrita como “Flacourtiaceae” que incluia numerosos gêneros, com e sem compostos cianogênicos, como Salix, Populus e Gynocardia. A partir de análises filogenéticas de sequências rbcl foi possível sustentar a monofilia de Salicaceae, com sua única sinapomorfia: dentes foliares salicoides que ocasionalmente evoluíram formando folhas inteiras [3].
Os gêneros Salix e Populus compartilham muitas características como a presença de salicina, flores apopétalas e ausência de compostos cianogênicos. Em função disso, são aproximados na filogenia (grupos irmãos), formando um clado que foi inserido em Salicaceae [3].
Em contrapartida, a característica cianogênica agrupou alguns gêneros em um único clado dentro de Malpighiales, a família Achariaceae. Os indivíduos desse grupo não possuem disco nectarífero e apresentam o maior número de pétalas em relação ao número de sépalas, além de apresentarem anteras lineares [3].
Sinapomorfia
[editar | editar código-fonte]Possuem uma única sinapomorfia morfológica, a presença de dentes foliares salicoides bem característicos, ausentes em Casearia [3].
Importância Econômica
[editar | editar código-fonte]A família Salicaceae possui diversos usos, porém pouco valorizados economicamente [7].
Os gêneros Populus, Casearia e Macrohasseltia como possuem um crescimento rápido, são ótimos para a indústria madeireira, fornecendo madeira e polpa de madeira. Eventualmente são cultivados como plantas ornamentais e usados em móveis de vime [7][3].
Já o gênero Salix, possui seu caule como fonte de ácido salicílico, precursor da aspirina [7][3]. Dentre algumas espécies como Flacourtia e Dovyalis, São cultivadas pelos de seus frutos comestíveis [3]. Tanto o Salix como o Populus são fontes potenciais de biocombustíveis. Já o gênero Ryania possuem compostos tóxicos usados em venenos e inseticidas [7]. Também possuem papel fundamental na prevenção da erosão e biorremediação do solo, sendo plantadas ao longo de cursos de rios [7]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- (em inglês) Informação sobre Malpighiales - Angiosperm Phylogeny Website
- (em inglês) Chave de identificação de famílias de angiospérmicas
- (em inglês) Imagens e descrição de famílias de angiospérmicas - segundo sistema Cronquist
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f «[1] Salicaceae in Flora do Brasil 2020 em construção». Consultado em 27 Set. 2018
- ↑ a b c d e f «[2] Salicaceae, família». Consultado em 30 set. 2018
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p 1951-, Judd, Walter S., (2009). Sistemática vegetal : um enfoque filogenético. [S.l.]: Artmed. ISBN 9788536317557. OCLC 817089840
- ↑ a b «Mitologia». Mitos Femininos. 9 de abril de 2012
- ↑ a b c «Angiosperm families - Salicaceae Mirbel». www.delta-intkey.com. Consultado em 28 de novembro de 2018
- ↑ SOUZA, Vinicius C. (2008). Botânica sistemática: Guia ilustrado para identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APGII. Nova Odessa: Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA. pp. 325–327
- ↑ a b c d e «Neotropical Salicaceae - Neotropikey from Kew». www.kew.org. Consultado em 28 de novembro de 2018