Sarcófago (banda) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Sarcófago | |
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Foto da banda na época de INRI. | |
Informações gerais | |
Origem | Belo Horizonte, Minas Gerais |
País | Brasil |
Gênero(s) | Thrash metal, death metal, black metal |
Período em atividade | 1985 - 2000 |
Gravadora(s) | Cogumelo Records |
Afiliação(ões) | Holocausto, Sextrash, Sepultura, Scourge, Angel Butcher, Mutilator, Insulter, Cirrhosis, Zona Morta, Overdose, Komando Kaos |
Integrantes | Wagner Antichrist (guitarra, vocal) Gerald Incubus (baixo) Fábio Jhasko (guitarra) |
Ex-integrantes | D. D. Crazy Eduardo (bateria) Manu Joker (bateria) Leprous Armando (bateria) Zéder "Butcher" (guitarra) Lucio Olliver (bateria) Juninho Pussy Fucker (baixo) Eugênio (teclado/bateria eletrônica) Manoel Roberto "UFO" |
Página oficial | "Sarcófago" (Cogumelo Records) |
Sarcófago foi uma banda de death metal brasileira criada em 1985, originalmente na cidade de Belo Horizonte no estado de Minas Gerais.[1]
O álbum de estreia da banda, I.N.R.I., é considerado um dos primeiros lançamentos de black metal, o qual apresentava na capa os integrantes da banda usando corpse paint, o que serviria de grande influência para outros músicos do gênero.[2] O grupo também é reconhecido na cena por ser pioneiro no uso de blast beats em seus álbuns. Seu terceiro LP, The Laws of Scourge , também foi um dos primeiros álbuns de death metal técnico lançados.[3]
A banda encerrou as atividades após lançar o EP Crust no ano de 2000.
Em 2006 a banda voltou a se reunir, onde fizeram uma turnê por todo Brasil, com exceção de Wagner, reunião essa que durou até 2009.[4]
A partir de 2019 Fábio Jhasko deu início ao um projeto de shows tocando músicas da banda sobre o nome The Laws of Destroy. Em que toca com demais músicos em uma "reunião não oficial "
Formações e estilo
[editar | editar código-fonte]Primeiros Anos e I.N.R.I. (1985-1988)
[editar | editar código-fonte]A banda Sarcófago começou suas atividades em 1985, na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais.[1] Inspirados tanto pelo movimento hardcore punk finlandês quanto pelos pioneiros do metal extremo, como Bathory, Celtic Frost e Slayer, a missão do Sarcófago era criar a música mais agressiva de todos os tempos. Wagner Lamounier, que havia se separado de maneira amarga do Sepultura em março de 1985, foi convidado a se unir à banda. Embora nunca tenha registrado nada com o Sepultura, ele contribuiu com a letra da música "Antichrist" para o seu EP "Bestial Devastation".[3]
O Sarcófago fez sua estreia em vinil no álbum dividido da Cogumelo Records, intitulado "Warfare Noise I", originalmente lançado em 1986. No álbum, o Sarcófago contribuiu com três faixas: "Recrucify", "The Black Vomit" e "Satanas". Suas músicas e letras eram consideradas chocantes naquela época, o que chamou bastante atenção para a banda. Naquele momento, a formação da banda consistia em "Butcher" na guitarra, "Antichrist" (Lamounier) nos vocais, "Incubus" (Geraldo Minelli) no baixo e "Leprous" (Armando Sampaio) na bateria.
Com a chegada do novo baterista "DD Crazy",[carece de fontes] aclamado como um pioneiro no mundo do metal devido ao seu uso extensivo de blast beats neste álbum, o Sarcófago lançou "I.N.R.I." em julho de 1987.[1] A imagem da banda na capa do álbum, com corpse paint, jaquetas de couro e cintos de balas, é considerada a primeira representação definitiva do estilo visual e do black metal. A música também foi igualmente influente, marcando um ponto crucial no desenvolvimento desse gênero musical.
Apesar do status lendário que o disco alcançou, Lamounier estava insatisfeito com os resultados finais, expressando preocupações sobre a qualidade das sessões de gravação e os conflitos internos que atormentaram a banda. Após o lançamento de "I.N.R.I.", o Sarcófago passou por uma breve separação. Lamounier mudou-se para Uberlândia, onde começou a estudar economia na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), enquanto "Butcher" e seu irmão "DD Crazy" deixaram o grupo. Este último se tornaria o baterista na estreia do Sextrash, "Sexual Carnage", lançado em 1990.[3]
Rotting (1989-1990)
[editar | editar código-fonte]Quando Rotting foi lançado, provocou uma enorme controvérsia devido à sua arte de capa, uma representação tradicional do Ceifador, beijando o que aparenta ser o rosto de Jesus Cristo. Essa imagem teve como base uma pintura medieval. O próprio artista responsável pela capa, Kelson Frost, recusou-se veementemente a retratar uma coroa de espinhos sobre a cabeça do homem, símbolo que o identificaria claramente como o messias cristão.[1]
Musicalmente, Rotting distanciou-se do black metal cru e de alta velocidade presente em I.N.R.I. O baterista de sessão conhecido como "Joker" trouxe uma gama diferente de influências para a banda, incluindo elementos do crossover thrash. Wagner, também, rapidamente adquiriu habilidades na guitarra e contribuiu com inúmeros riffs de guitarra para o álbum. Rotting também marcou a primeira mudança de pseudônimos para o grupo: a dupla central da banda adotou os nomes "Wagner Antichrist" e "Gerald Incubus". No âmbito visual, houve alterações significativas também. Eles abandonaram os espinhos nos braços e pernas, já que atrapalhavam as apresentações ao vivo.[3]
Rotting representou o primeiro lançamento do Sarcófago com distribuição internacional. Na Europa, a responsabilidade ficou a cargo do selo britânico Music for Nations, enquanto a Maze/Kraze cuidou da distribuição na América.[5] No entanto, a Maze Records lançou uma versão censurada de Rotting, ocultando a capa original e acrescentando um adesivo que dizia "Apresentando o Vocalista Original do Sepultura", sem consultar a banda. Essa ação enfureceu o Sarcófago, levando a uma ação judicial contra a gravadora.
The Laws of Scourge (1991–1993)
[editar | editar código-fonte]Em 1991 a banda lança o tão aclamado álbum The Laws of Scourge, muitas vezes referenciado como uma "revolução" na trajetória da banda. Uma combinação de aprimorada habilidade musical, valores de produção superiores e composições mais refinadas os lançou de cabeça no território do death metal.[5] A mudança de rumo musical do Sarcófago foi parcialmente influenciada pelos novos integrantes, Fábio "Jhasko" na guitarra e Lúcio Olliver na bateria, e inspirada por uma nova leva de bandas de metal extremo, tais como Godflesh, Paradise Lost, Bolt Thrower, Deicide e Morbid Angel.[3]
The Laws of Scourge tornou-se o álbum mais vendido do Sarcófago, sendo responsável pelo seu mais abrangente itinerário de turnês até então. Esta turnê também marcou as suas primeiras apresentações internacionais: eles visitaram países sul-americanos como Peru e Chile, enquanto na Europa, brilharam em palcos de Portugal e Espanha. No Brasil, um momento destacado foi o seu significativo show de abertura para os pioneiros do crossover thrash do Texas, os Dirty Rotten Imbeciles, em São Paulo.[1]
Hate (1994-1996)
[editar | editar código-fonte]No aspecto musical, Hate se destaca pela sua abordagem despojada e direta, além do uso de uma bateria eletrônica, o que gerou alguma polêmica. Lamounier afirmou não ter hesitado em empregar esse dispositivo, argumentando que a maioria dos bateristas de death metal utiliza trigger pads para fins de gravação, resultando, em última instância, no mesmo som uniformizado de uma bateria eletrônica.[3]
Em um gesto de protesto contra o padrão masculino de cabelos longos que havia se tornado popular devido ao enorme sucesso do grunge no início dos anos 1990, a banda optou por cortar os cabelos curtos. Homens com cabelos longos historicamente estiveram associados a grupos contraculturais e são uma presença marcante na subcultura dos metalheads. Wagner expressou:
"Todos os indivíduos por aí ostentando cabelos compridos, camisetas do Nirvana e do Pearl Jam, entre outros. Não temos nada contra essas bandas, mas somos contrários a seguir a multidão. Não é saudável quando algo se torna uma moda, pois a massificação empobrece as pessoas."
No final de 1995, o Sarcófago lançou a compilação Decade of Decay, que incluía, entre outras coisas, versões demo de suas primeiras músicas e fotos raras dos bastidores. A banda descreveu o CD como um "presente" para seus fiéis seguidores.[1]
The Worst e Crust (1996–2000)
[editar | editar código-fonte]The Worst (1996), quarto e último álbum do Sarcófago, representa uma mudança de ritmo em relação ao rápido e frenético Hate, enquanto demonstra uma maior destreza na programação da bateria. Minelli e Lamounier encararam este álbum como um "resumo" de suas carreiras.
Com a chegada do novo milênio, surgiu o EP Crust, que acabou sendo o canto do cisne do Sarcófago. Inicialmente planejado como uma amostra de um próximo álbum, a dupla central da banda se separou antes mesmo de iniciar o processo de gravação.[3]
Turnê de Tributo ao Sarcófago (2006–2009)
[editar | editar código-fonte]Em celebração aos 20 anos do lançamento do split Warfare Noise, a Cogumelo Records e Gerald Incubus uniram esforços para organizar um show de reunião do Sarcófago em Belo Horizonte. A formação deste evento especial incluiu, além de Minelli, Fábio Jhasko nas guitarras, Manu Joker e o longevo amigo Juarez "Tibanha" nos vocais. Essa apresentação memorável foi registrada, e há planos de lançá-la em formato de DVD. Lamounier optou por não fazer parte desse projeto da banda "Tributo ao Sarcófago", devido à sua falta de interesse em retomar a música como uma carreira profissional. No entanto, Wagner segue perseguindo seus interesses musicais e está envolvido na banda de crust punk Commando Kaos.[4]
Em outubro de 2007, o Sarcófago embarcou para Santiago, Chile, para participar do Black Shadows Festival, onde se apresentou ao lado dos pioneiros do death metal, Possessed.[3]
Em março de 2009, Wagner supostamente anunciou que o Sarcófago estava planejando uma reunião, com um itinerário de turnê que incluiria apresentações em festivais como Wacken Open Air e Hole in the Sky, além de datas em cidades como Londres, Nova York, Los Angeles e Tóquio. Ele afirmou que esta reunião contaria com a formação original de I.N.R.I., mas que não haveria material novo. No entanto, poucos dias depois, Lamounier contradisse essa notícia, afirmando à imprensa musical que se tratava de uma farsa.[4]
Integrantes
[editar | editar código-fonte]Última formação
[editar | editar código-fonte]- Wagner Lamounier — vocal, guitarra (1985-2000)
- Gerald Minelli — baixo, vocal (1986-2000)
- Eduardo Patrocínio — bateria (1986-1987),(1996-2000)
- Eugênio "Dead Zone" — teclado, bateria programada (1991-2000)
Ex-membros
[editar | editar código-fonte]- Armando Sampaio — bateria (1985-1986)
- Juninho — baixo (1985-1986)
- Zéder Patrocínio — guitarra (1985-1987)
- Manuel Henriques — bateria (1989-1991)
- Fábio Jhasko — guitarra (1991-1993)
- Lucio Olliver — bateria (1991-1993)
Linha do tempo
[editar | editar código-fonte]Discografia
[editar | editar código-fonte] Álbuns de estúdio[editar | editar código-fonte]
Coletâneas[editar | editar código-fonte]
Álbuns split[editar | editar código-fonte]
| Demos[editar | editar código-fonte]
Aparições em coletâneas[editar | editar código-fonte]
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Referências
- ↑ a b c d e f Eduardo Rivadavia. «Sarcófago — artist biography» (em inglês). "allmusic.com". Consultado em 16 de outubro de 2013.
Wagner Lamounier (Antichrist to his friends) started Sarcófago in Belo Horizonte, Brazil, in 1985
- ↑ Michael Moynihan & Søderlind, Didrik: Lords of Chaos: The Bloody Rise of the Satanic Metal Underground. Feral House 1998, p. 36.
- ↑ a b c d e f g h «Sarcófago: pioneirismo, polêmica e death metal - Arquivo Valhalla». web.archive.org. 22 de dezembro de 2008. Consultado em 15 de janeiro de 2021
- ↑ a b c «BLABBERMOUTH.NET - Former SARCÓFAGO Frontman Shoots Down Reunion Rumors». web.archive.org. 9 de março de 2009. Consultado em 15 de janeiro de 2021
- ↑ a b Sarcófago - Rotting Album Reviews, Songs & More | AllMusic (em inglês), consultado em 2 de setembro de 2023