Ramadão – Wikipédia, a enciclopédia livre

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O crescente é colorido e iluminado durante o Ramadã

O Ramadão (português europeu) ou Ramadã (português brasileiro), também grafado Ramadan (em árabe: رَمَضَان, translit. Ramaḍān), é o nono mês do calendário islâmico,[1] no qual a maioria dos muçulmanos pratica o seu jejum ritual (saum; em árabe: صوم, translit. sawm), o quarto dos cinco pilares do Islão (arkan al-Islam).[2]

A palavra Ramadã encontra-se relacionada com a palavra árabe ramida, “ser ardente”, possivelmente pelo fato de o Islão ter celebrado este jejum pela primeira vez no período mais quente do ano.[3] É um tempo de renovação da , da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar. Neste período pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Alcorão, frequência da oração na mesquita, correção pessoal e autodomínio.

É o único mês mencionado pelo nome no Alcorão:

É o nono mês do calendário islâmico. Uma vez que o calendário islâmico é lunar, o Ramadão não é celebrado todos os anos na mesma data, podendo passar por todos os meses e estações do ano, conforme a progressão dos anos, porém sua duração é entre 29 e 30 dias.

O mês inicia-se com a aparição da lua no final do mês de Shaban (oitavo mês no calendário lunar islâmico).

O período correspondente ao início e fim deste mês no calendário gregoriano para o atual ano islâmico é:[4]

Ano (calendário islâmico) Ano (calendário gregoriano) Ramadão
1445 2024 10 de março a 18 de abril

Obrigatoriedade

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O jejum é obrigatório a todos os muçulmanos que chegam à puberdade. A primeira vez em que um jovem é autorizado a jejuar pelos pais constitui um momento importante na sua vida e uma marca simbólica de entrada na vida adulta, tendo em vista o que diz no Alcorão:

"… e aquele dentre vós que presenciou a Lua Nova deste mês [Ramadã], deverá jejuar, e aquele que se encontrar enfermo ou em viagem, jejuará depois o mesmo número de dias…". [Alcorão 2:185]

Há várias justificativas válidas para não jejuar como enfermidade, gravidez, lactante, menstruação, ser idoso ou ter uma doença incurável. Aqueles que porventura quebrarem o jejum sem justificativa válida, devem passar sessenta dias jejuando ou alimentar sessenta muçulmanos.[2]

O jejum é observado durante todo o mês, da alvorada ao pôr-do-sol, o jejum também se aplica às relações sexuais. O crente deve não só abster-se dessas práticas como também não pensar nelas e manter-se concentrado em suas orações e recordações de Alá, sendo neste mês a frequência mais assídua à mesquita. Além das cinco orações diárias (salá), durante esse mês sagrado recita-se uma oração especial chamada Taraweeh (oração noturna).

O jejuador deve abster-se de tudo que vai contra a moral, pois o jejum é visto como uma grande prática de disciplina e da doutrina, tanto espiritual como moral. A ação não se limita somente à abstinência de comer ou beber, mas também de todas as coisas más, maus pensamentos ou maus atos. O jejuador deve ser indulgente se for insultado ou agredido por alguém, deve evitar todas as obscenidades, ser generoso, bem mais do que os outros meses e aumentar a leitura do Alcorão.

Os muçulmanos referem que o Ramadã é uma prática adotada por todas as classes sociais da comunidade, servindo, também, para que os ricos saibam como é viver como os pobres vivem, os quais, durante os 365 dias do ano, frequentemente possuem apenas uma refeição diária ou nenhuma.

Bem antes da alvorada, durante a madrugada, há uma pequena refeição ("su-hoor") que substitui o café da manhã habitual, feita com alimentos e bebidas, com a intenção de realizar o jejum que estará por vir, porque o Su-Hoor é uma bênção enviada por Alá, segundo o Alcorão.

Iftar no Khan El Kkalili, Cairo, após o pôr-do-sol

Ao término de cada dia, com o início do crepúsculo é obrigação do muçulmano quebrar o jejum imediatamente, mesmo antes da oração, suplicando ao Deus Criador, segundo o relato de Maomé, as seguintes palavras: "Se foi a sede, hidrataram-se as veias, e se alcançou a recompensa, com a permissão de Deus". O iftar (árabe: إفطار) é o momento para reunir os membros da família e amigos numa celebração de fé e de alegria. Após esta refeição, é prática social sair com a família para visitar amigos e familiares e reunir-se para a prática da oração.

Atualmente, com a ampliação do diálogo inter-religioso, algumas pessoas de outras religiões são convidadas a partilhar este momento de convívio e é cada vez mais frequente que cristãos ofereçam e celebrem um iftar para os seus amigos muçulmanos, bem como muçulmanos ofereçam a cristãos.

Celebrações

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Laylat al Kadr

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Laylat al Kadr ("noite do decreto") Laylatul Qadr é a maior noite para os fiéis no Ramadã. Os muçulmanos procuram esta noite nos últimos 10 dias do Ramadã. As noites estranhas como 21, 23,25,27 e 29 são as mais prováveis ​​de serem Laylatul Qadr. Laylatul Qadr é a noite em que as doações se multiplicam imensamente. A maioria dos muçulmanos ao redor do mundo procura doar em grandes números e doar grandes quantias nesta noite, principalmente no dia 27 do Ramadã.[5]

Ver artigo principal: Eid ul-Fitr

Eid al Fitr (Árabe: عيد الفطر) — ("o banquete do término do jejum"), ocorre quando a lua nova é avistada no céu, isto quer dizer que o mês de Shawwal se inicia, dando fim ao mês do Ramadã. No primeiro dia deste novo mês, ocorrem feriados de 3 dias consecutivos. Está prescrita a distribuição de alimentos para os pobres, banquetes são servidos, presentes são trocados, roupas novas são vestidas e os agradecimentos a Deus são efetuados, congregando amigos e familiares. Em muitas cidades islâmicas grandes celebrações são realizadas para celebrar o Eid al Fitr.[6][7]

Texto do Alcorão

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2 — Al Bacara (A Vaca)

183.Ó fiéis, está-vos prescrito o jejum, tal como foi prescrito a vossos antepassados, para que temais a Deus.
184.Jejuareis determinados dias; porém, quem de vós não cumprir jejum, por achar-se enfermo ou em viagem, jejuará, depois, o mesmo número de dias. Mas quem, só à custa de muito sacrifício consegue cumpri-lo, vier a quebrá-lo, redimir-se-á alimentando um necessitado; porém, quem se empenhar em fazer além do que for obrigatório, será melhor. Mas, se jejuardes, será preferível para vós, se quereis sabe-lo.
185.O mês do Ramadão foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e vidência de orientação e discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Deus vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Deus por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais.

Referências

  1. «Ramadan | Fasting, Traditions, & Facts». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 11 de outubro de 2020 
  2. a b «Ramadan: O Que É o Mês Sagrado e de Jejum do Islam?». Iqara Islam. 13 de fevereiro de 2021. Consultado em 22 de março de 2023 
  3. «O RAMADAN». www.fambras.org.br. Consultado em 22 de março de 2023 
  4. «Hijri to Gregorian Date Converter - Islamic Date Converter». IslamicFinder (em inglês). Consultado em 22 de março de 2023 
  5. O que é Laylatul Qadr?
  6. Encyclopedia of Islam and the Muslim World. Edited by Martin, Richard C. Macmillan Reference, 2004. vol. 1
  7. Zakaah al-Fitr

Ligações externas

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