Sionologia – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Sionologia (em russo: сионология sionologhiya) foi uma doutrina promulgada na União Soviética durante a Guerra Fria, e intensificada após a Guerra dos seis dias de 1967. Foi oficialmente patrocinada pelo departamento de Propaganda do Partido Comunista da União Soviética e pela KGB. A sionologia era profundamente antissionista, alegava que o sionismo é uma forma de racismo e que os sionistas eram semelhantes aos nazistas. Oficialmente, a União Soviética se opunha ao racismo, os sionologistas, portanto, afirmavam que não eram racistas ou antissemitas.
Contexto
[editar | editar código-fonte]A sionologia foi apresentada como uma ciência sociopolítica, mas há pouca ou nenhuma evidência de que ela seja compatível com o método científico. Na linha das políticas oficiais soviéticas anti-Israel e antiocidentais, os soviéticos reciclaram frequentemente as difamações antissemitas no contexto marxista.
O sionismo, movimento nacional pelo regresso do povo Judeu a Sião, e sua autodeterminação ali, formado sob uma forte influência esquerdista e socialista, foi deturpado de acordo com a política do Partido. Em seu livro de 1969, Cuidado! Sionismo, um dos principais sionologistas, Yuri Ivanov, definiu-o como a "ideologia de organizações informalmente conectadas e prática política da burguesia judaica, fundida com esferas monopolistas nos EUA. O sionismo põe em andamento o chauvinismo militante e o anticomunismo".
Alguns livros sionologistas, "expondo" o sionismo e o judaísmo, foram inclusos na "lista de leitura obrigatória" para pessoal militar, da polícia, estudantes, professores, e membros do partido comunista soviético, e foram publicados em grandes números.
Alguns notáveis "sionologistas" eram judeus étnicos, que supostamente deveriam representar uma "opinião de um perito". Frequentemente, suas obras consideravam qualquer expressão do judaísmo como sionista, e consequentemente recomendavam a sua repressão.
Em Novembro de 1975, o famoso historiador e académico soviético M. Korostovtsev escreveu uma carta ao Secretário do Comité Central, Mikhail Suslov, referindo-se ao livro A Contrarrevolução Transgressora, de Vladimir Begun, nos seguintes termos: "…ele incita perceptivelmente o antissemitismo sob a bandeira do antissionismo".
A terceira edição da "Grande Enciclopédia Soviética", de trinta volumes, publicada oficialmente pelo estado soviético, do período 1969–1978, Большая Советская энциклопедия (БСЭ), qualifica o sionismo como racismo, e faz as seguintes afirmações:
- "Os principais postulados do moderno sionismo são o chauvinismo militante, racismo, anticomunismo e antissovietismo".
- "A essência reacionária anti-humana do sionismo" é "luta aberta e secreta contra a liberdade de movimento e contra a URSS".
- "A Organização Sionista Internacional detém grandes fundos financeiros, em parte através de monopolistas judeus e em parte recolhidos por caridades judaicas obrigatórias", ela também "influencia ou controla parte significativa das agências informativas e outras fontes do ocidente".
- "Servindo como a frente avançada do colonialismo e do neocolonialismo, o sionismo internacional participa ativamente na luta contra movimentos de libertação nacional dos povos da África, Ásia, e América Latina".
- "Um processo de assimilação natural e objetivo dos judeus cresce por todo o mundo"[1].
Paul Johnson e outros historiadores afirmam que a Resolução 3379 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 10 de Novembro de 1975, que rotulava sionismo como racismo, foi orquestrada pela URSS. Ela foi anulada pela Resolução 4686 da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 1991, coincidindo com o colapso da União Soviética.
Outro tema recorrente da sionologia era a Negação do Holocausto, tais como a alegação de laços secretos entre os nazis e a liderança sionista. A tese de doutoramento de 1982 de Mahmoud Abbas, cofundador da Fatah, e um dos líderes da Organização de Libertação da Palestina, que se doutorou em história na Faculdade Oriental de Moscovo, era "A Ligação Secreta entre os Nazis e os Líderes do Movimento Sionista"[2][3].
Fontes Sionológicas
[editar | editar código-fonte]- «Judaism». Without Embellishments (judaísmo sem maquilhagem) por Trofim K. Kichko, publicado pela Academia de Ciência da Ucrânia em 1963
- Citação: "É nos ensinamentos do Judaísmo, no Antigo Testamento, e no Talmud, que os militaristas israelitas encontram inspiração para as suas façanhas inumanas, teorias racistas e projectos expansionistas..."
- A reação no estrangeiro à publicação deste livro forçou a Comissão Ideológica do Partido Comunista a reconhecer em Abril de 1964 que o livro "pode ser interpretado no espírito do anti-semitismo". Mas em 20 de Janeiro de 1968, o jornal oficial do Partido Comunista da Ucrânia, (PCU) Pravda Ukrainy noticiou que o Conselho Supremo do PCU tinha atribuído a Kichko um diploma de honra. O seu outro livro, Judaismo e Sionismo (1968), falava de "ideia chauvinista da Deus escolhendo o povo Judaico... e a ideia de dominar sobre outros povos do mundo"
- The Encroaching Counter Revolution (A Contra-Revolução que transgride) por Vladimir Begun, Minsk, 1974
- Alega que a Torah é "um livro de textos insuperáveis na sua sede de sangue, hipocrisia, traição, perfídia e desprezível libertinagem"
- Zionism in the service of Anti-Communism (Sionismo ao serviço do Anti-Comunismo) por V.V. Bolshakov
- Contém acusações aos Sionistas de terem "servido a quinta coluna de Hitler a estabelecer uma dominação Nazi do mundo."
- Beware! Zionism, (Cuidado! Sionismo) por Yury Ivanov, Evgeniy Evseev, 1969.
- Texto em Russo numa página de Internet de ultra-nacionalistas russos.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- Portraits of Infamy: A Study of Soviet Antisemitic Caricatures and Their Roots in Nazi Ideology por Abraham Cooper. L.A. Simon Wiesenthal Center, 1986.
- Apresentado ao processo de Helsinquia, discussões sobre segurança e cooperação na Europa, Berna, Maio de 1986. Contém ilustrações de caricaturas anti-semitas soviéticas, por vezes quase idênticas às caricaturas Nazis, especialmente as do Der Stürmer. Compara o uso Soviético e Nazi de temas clássicos anti-semitas e a deshumanização de Judeus, o Judeu como instigador da Guerra e manipulador mesquinho, a conspiração mundial judaica, etc. Mostra a identificação soviética dos israelitas com os Nazis.
- The Nazification of Russia: Antisemitism in the Post-Soviet Era por Semyon Reznik. Wash., DC: Challenge Publications, 1996.
- Russian Antisemitism, Pamyat, and the Demonology of Zionism por William Korey. Chur (Switzerland): Harwood Academic Publishers for the Vidal Sassoon International Center for the Study of Antisemitism, The Hebrew University of Jerusalem, 1995.