Sujeira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Calçada coberta de terra no Brooklyn, em Nova York, sendo varrida durante uma limpeza comunitária
Interior de um computador com acúmulo de poeira

Sujeira é qualquer matéria considerada impura, especialmente quando entra em contato com as roupas, a pele ou os pertences de uma pessoa. Nesses casos, diz‑se que tais itens ficam sujos. Tipos comuns de sujeira incluem:

  • Detritos: pedaços dispersos de resíduos ou restos
  • Poeira: pó geral de matéria orgânica ou mineral
  • Imundície: matéria fétida, como excremento
  • Grime: pó escuro e incrustado, como fuligem
  • Solo: a mistura de argila, areia e húmus que repousa sobre o leito rochoso. O termo “solo” pode ser usado para designar substâncias indesejadas depositadas em superfícies, como roupas.[1]

Exposições e estudos

[editar | editar código-fonte]

Uma temporada de obras de arte e exposições sobre o tema da sujeira foi patrocinada pela Wellcome Trust em 2011. O ponto central foi uma mostra na Wellcome Collection, exibindo imagens e histórias de sujeiras notáveis, como os grandes montes de pó em Euston e King’s Cross no século XIX e o Fresh Kills Landfill, que já foi o maior aterro sanitário do mundo.[2]

Quando algo está sujo, costuma ser limpo com soluções como limpadores para superfícies duras e outros produtos químicos; grande parte das tarefas domésticas existe justamente para isso, como lavar e varrer. [3]

Em ambientes comerciais, uma aparência suja causa má impressão, como em um restaurante. Nesses casos, a sujeira pode ser considerada temporária, permanente ou deliberada: a sujeira temporária compreende marcas e detritos que podem ser removidos pela limpeza diária; a sujeira permanente refere‑se a manchas incrustadas ou danos físicos que exigem reformas significativas para serem eliminados; e a sujeira deliberada resulta de escolhas de design, como uma decoração em laranja “sujo” ou no estilo grunge.[4]

Com o desenvolvimento urbano, organizaram‑se serviços de manejo de resíduos para o descarte do lixo. No Reino Unido, o Public Health Act de 1875 exigiu que os domicílios colocassem seus resíduos em um recipiente móvel para coleta — a primeira criação legal da lixeira.[5]

A sociedade moderna é considerada mais higiênica. Supõe‑se que a falta de contato com microorganismos presentes na sujeira durante a infância seja causa de alergias, como asma.[6] O sistema imunológico humano precisa de ativação e exercício para funcionar corretamente, e a exposição à sujeira pode proporcionar isso.[7] Por exemplo, a presença de bactérias Staphylococcus na superfície da pele regula a inflamação resultante de lesões.[8]

Mesmo sem sujeira visível, a contaminação por micro‑organismos, especialmente patógenos, pode tornar um objeto ou local “sujo”. Teclados de computador, por exemplo, contêm em média 70 vezes mais micróbios do que a tampa de um vaso sanitário.[9]

Pessoas e animais às vezes comem terra, hábito geralmente atribuído a deficiência mineral e, portanto, mais comum em mulheres grávidas.[10]

Algumas pessoas podem ficar obcecadas por sujeira e envolver‑se em fantasias e comportamentos compulsivos, como fazer e consumir “tortas” e bolos de barro.[11] A origem desse pensamento pode ser genética, já que o sentimento de nojo é universal e a localização dessa atividade no cérebro já foi proposta.[12]

Referências

  1. Arno Cahn, ed. (2003). 5th World Conference on Detergents. [S.l.]: The American Oil Chemists Society. p. 154. ISBN 9781893997400 – via Google Livros 
  2. Brian Dillon (23 de março de 2011), «Dirt: the Filthy Reality of Everyday Life, Welcome Collection», The Daily Telegraph, cópia arquivada em 24 de março de 2011 
  3. Mindy Lewis (2009), Dirt: The Quirks, Habits, and Passions of Keeping House, ISBN 9781580052610, Basic Books 
  4. John B. Hutchings (2003), Expectations and the Food Industry, ISBN 9780306477096, Springer 
  5. V.K. Prabhakar (2000), Encyclopaedia of Environmental Pollution and Awareness in the 21st Century, ISBN 9788126106516, p. 10 
  6. Dirt can be good for children, say scientists, BBC, 23 de novembro de 2009 
  7. Mary Ruebush (2009), Why Dirt Is Good: 5 Ways to Make Germs Your Friends, ISBN 9781427798046, Kaplan Pub. 
  8. Lai, Y; Di Nardo, A; Nakatsuji, T; Leichtle, A; Yang, Y; Cogen, AL; Wu, ZR; Hooper, LV; Schmidt, RR (22 de novembro de 2009), «Commensal bacteria regulate Toll-like receptor 3–dependent inflammation after skin injury», Nature Medicine, 15 (12): 1377–82, PMC 2880863Acessível livremente, PMID 19966777, doi:10.1038/nm.2062 
  9. The joy of dirt, The Economist, 17 de dezembro de 2009 
  10. López, LB; Ortega Soler, CR; de Portela, ML (Março de 2004). «Pica during pregnancy: a frequently underestimated problem». Archivos Latinoamericanos de Nutricion. 54 (1): 17–24. PMID 15332352 
  11. Lawrence S. Kubie, «The Fantasy of Dirt», The Psychoanalytic Quarterly, 6: 388–425 
  12. Valerie Curtis, Adam Biran (2001), «Dirt, Disgust, and Disease: Is Hygiene in Our Genes?», Perspectives in Biology and Medicine, 44 (1): 17–31, CiteSeerX 10.1.1.324.760Acessível livremente, PMID 11253302, doi:10.1353/pbm.2001.0001 

Leitura complementar

[editar | editar código-fonte]
  • Terence McLaughlin (1971), Dirt: a social history as seen through the uses and abuses of dirt, ISBN 9780812814125, Stein and Day 
  • Suellen Hoy (1996), Chasing Dirt: The American Pursuit of Cleanliness, ISBN 9780195111286, Oxford University Press 
  • Pamela Janet Wood (2005), Dirt: filth and decay in a new world arcadia, ISBN 9781869403485, Auckland University Press 
  • Ben Campkin, Rosie Cox (2007), Dirt: new geographies of cleanliness and contamination, ISBN 9781845116729, I.B. Tauris 
  • Virginia Smith; et al. (2011), Dirt: The Filthy Reality of Everyday Life, ISBN 9781846684791, Profile Books Limited 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]