Tabu – Wikipédia, a enciclopédia livre
O tabu era, originalmente, uma instituição de fundamento religioso que atribuía caráter sagrado a determinados seres, objetos ou lugares, interditando qualquer contato com eles. Posteriormente, o termo passou a designar qualquer tipo de proibição.[1]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A palavra é de origem polinésia. Deriva do tonganês tabu e do maori tapu, termos que se referem à proibição de determinado ato, com base na crença de que tal ato invadiria o campo do sagrado, implicando em perigo ou maldição para os indivíduos comuns. O termo foi primeiramente registrado pelo capitão James Cook durante sua visita a Tonga em 1771. Foi, então introduzido na língua inglesa, difundindo-se posteriormente para outras línguas. Embora os tabus tenham sido inicialmente associados às culturas polinésias do Pacífico Sul, os tabus estão ou estiveram presentes em praticamente todas as sociedades.[2]
Interpretações do conceito
[editar | editar código-fonte]Segundo Sigmund Freud, o tabu é a base da "Idolatria" e a violação desse interdito provocaria um castigo divino, uma "Maldição", uma "Herança Maldita", que incidiria sobre o indivíduo culpado ou sobre todo o grupo social. Para Freud e Levi-Strauss, o tabu expressaria um sentimento coletivo sobre um determinado comportamento ou assunto, dividindo um ambiente entre "amigos" de um lado e "inimigos" do outro lado. Segundo Sigmund Freud, o incesto e o patricídio seriam os únicos tabus universais a nível individual, constituindo a base da civilização.[3] Todavia, embora o canibalismo, o assassinato dentro do mesmo grupo de parentesco e o incesto sejam tabus na maioria das sociedades, pesquisas posteriores encontraram exceções para todos eles: portanto, não se conhece nenhum tabu que seja universal.[4][5][6][7][8][9][10][11]
Tabu linguístico
[editar | editar código-fonte]O tabu, em linguística, é a imposição de uma proibição de dizer nomes de certas coisas ou pessoas. Normalmente, para escapar aos tabus, utilizam-se eufemismos ou disfemismos.[12]
Os tabus da linguagem dividem-se em três grupos, de acordo com o uso ou a motivação psicológica: uns são devido ao medo, outros a um sentimento de delicadeza e outros, ainda, a um sentido de decência e decoro.[carece de fontes]
Os tabus de medo têm a ver com o pavor em relação aos seres sobrenaturais, que impuseram tabus sobre seus nomes, como, por exemplo, o demônio. As criaturas e as coisas vulgares dotadas de qualidades sobrenaturais podem tornar-se alvo de terror e tabus. Os nomes dos objetos inanimados podem também ser afetados por uma proibição tabu.
Os tabus de delicadeza derivam da tendência a evitar referência direta a assuntos desagradáveis, tais como a doença, a morte ou defeitos físicos e mentais.
Os tabus de decência são geralmente associados a sexo e/ou Moral. Chamam-se tabuísmos as palavras, locuções ou acepções tabus, consideradas chulas, grosseiras ou ofensivas demais na maioria dos contextos.[13]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 638.
- ↑ Encyclopædia Britannica: taboo Arquivado em 5 de outubro de 2013, no Wayback Machine. (em inglês).
- ↑ FREUD, Sigmund (1913). Totem et Tabu (em francês) .
- ↑ Jones, Ashley. «Incest in Ancient Egypt» (PDF)
- ↑ Strong, Anise (2006). «Incest Laws and Absent Taboos in Roman Egypt». Ancient History Bulletin. 20
- ↑ Lewis, N. (1983). Life in Egypt under Roman Rule. [S.l.]: Clarendon Press. ISBN 0-19-814848-8
- ↑ Frier, Bruce W.; Bagnall, Roger S. (1994). The Demography of Roman Egypt. Cambridge, UK: Cambridge University Press. ISBN 0-521-46123-5
- ↑ Shaw, B. D. (1992). «Explaining Incest: Brother-Sister Marriage in Graeco-Roman Egypt». Man, New Series. 27 (2): 267–299. JSTOR 2804054
- ↑ Hopkins, Keith (1980). «Brother-Sister Marriage in Roman Egypt» (PDF). Comparative Studies in Society and History. 22 (3): 303–354. doi:10.1017/S0010417500009385
- ↑ remijsen, sofie. «Incest or Adoption? Brother-Sister Marriage in Roman Egypt Revisited» (PDF)
- ↑ Scheidel, W. «Brother-sister marriage in roman Egypt» (PDF)
- ↑ Tabus linguísticos do português do Brasil. Por Alfredo Maceira Rodríguez.
- ↑ Priberam Dicionário. Disponível em http://www.priberam.pt/dlpo/tabu%C3%ADsmo. Acesso em 15 de janeiro de 2016.