Chechênia – Wikipédia, a enciclopédia livre
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República | ||||
Símbolos | ||||
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Hino | Шатлакхан Илли (Şatlaqan İlli) | |||
Localização | ||||
Localização da República da Chechênia na Rússia. | ||||
Coordenadas | ||||
País | Rússia | |||
Distrito federal | Norte do Cáucaso | |||
Região econômica | Norte do Cáucaso | |||
História | ||||
Estabelecido em | 10 de janeiro de 1993 | |||
Administração | ||||
Capital | Grózni | |||
Líder | Ramzan Kadyrov | |||
Características geográficas | ||||
• Área total | 17 300 km² | |||
• População total | 1 510 824 hab. | |||
Informações | ||||
Fuso horário | UTC+3 | |||
Outras informações | ||||
Língua oficial | Russo e checheno | |||
IDH (2010) | 0,765 (79.º) – alto[1] | |||
Código ISO 3166-2 | RU-CE | |||
Sítio | chechnya.gov.ru |
Chechênia, Tchetchênia (português brasileiro) ou Chechénia, Tchetchénia (português europeu)[2][3][4] (em russo: Чечня́, transl. Tchetchniá; em checheno: Нохчийн, Noxçiyn ou Нохчийчоь, Noxçiyçö[5]) é o nome que se dá à região do Cáucaso onde está localizada a República da Chechênia (em checheno: Нохчийн Республика, Noxçiyn Respublika, em russo: Чече́нская Респу́блика, Tchetchénskaia Respúblika), uma das repúblicas da Federação da Rússia. Faz divisa a noroeste com o Krai de Stavropol, a nordeste e leste com a república do Daguestão, ao sul com a Geórgia, e a oeste com as repúblicas de Inguchétia e Ossétia do Norte-Alânia. É localizada nas montanhas do norte do Cáucaso, no Distrito Federal do Sul.
Depois do fim da União Soviética, um grupo de líderes chechenos declarou-se como um governo legítimo, anunciando um novo parlamento e declarando independência como República Chechena da Ichkéria. Até hoje, sua independência não foi reconhecida por nenhum país. Entretanto, esta declaração tem causado conflitos armados em que diversos grupos rivais chechenos e o exército da Rússia se envolveram, resultando em aproximadamente 150 mil mortos, no período entre 1994 e 2003.
Desde 2007, a Chechénia tem sido governada por Ramzan Kadyrov. O governo de Kadyrov tem sido caracterizado por corrupção de alto nível, um péssimo historial em matéria de direitos humanos, utilização generalizada da tortura e um crescente culto de personalidade.[6][7]
Geografia e geopolítica
[editar | editar código-fonte]Localizada entre os mares Cáspio e Negro, predomina na Chechênia relevo acidentado, originado por dobramentos modernos e marcado por montanhas elevadas e cumes pontiagudos. Seu clima é predominantemente temperado seco, com baixas temperaturas no inverno e nas áreas de elevadas altitudes. Para o governo russo, essa república é estratégica, principalmente em razão da passagem de oleodutos dos poços de petróleo da região do Mar Cáspio à rede de dutos da Rússia. Parte significativa do petróleo que a Rússia exporta para a Europa vem do Mar Cáspio e passa por esta região.
História
[editar | editar código-fonte]Como parte do Império Russo desde 1859, a região checheno-inguchétia foi incorporada como República Autónoma Socialista Soviética da Checheno-Inguchétia durante a fundação da União Soviética. Durante o regime soviético, os chechenos, acusados de colaboração com a Alemanha nazista (que não chegaram a conquistar a Chechênia), sofreram uma deportação — de natureza genocida — para a então República Socialista Soviética Cazaque (o atual Cazaquistão independente) e depois para a Sibéria, durante a Segunda Guerra Mundial. A república foi abolida entre 1944 e 1957, tornando-se o oblast de Grózni. Depois do colapso da União Soviética, um movimento de independência surgiu na Chechênia, enquanto a Rússia recusava-se a permitir a secessão.
Conflito russo-checheno
[editar | editar código-fonte]Primeira Guerra da Chechênia
[editar | editar código-fonte]Djokhar Dudaiev, presidente nacionalista da República da Chechênia, declarou a independência chechena em 1991. Em 1994, o presidente da Rússia, Boris Iéltsin, enviou quarenta mil soldados para evitar a separação da região da Chechênia - importante produtora de petróleo -, e a Rússia entrou numa guerra que alguns comparam ao que foi a Guerra do Vietnã para os Estados Unidos. Os insurgentes chechenos infligiram grandes baixas aos russos. Em fevereiro de 1995, após pesada luta, os russos conseguiram tomar a capital chechena, Grózni. Em agosto de 1996, Iéltsin concordou com um cessar-fogo com os líderes chechenos, e um tratado de paz foi formalmente assinado em maio de 1997.
Segunda Guerra da Chechênia
[editar | editar código-fonte]O confronto armado foi retomado em setembro de 1999, dando início à Segunda Guerra da Chechênia, tornando sem sentido o acordo de 1997. Os separatistas chechenos ainda pretendiam a independência da Chechênia e organizaram operações na própria república da Chechênia, como também ataques terroristas em outras regiões da Rússia, incluindo Moscou.
Uma década de guerra deixou a maior parte do território sob controle militar. Guerrilheiros chechenos invadiram a vizinha república russa do Daguestão e anunciaram a criação de um estado islâmico. A maioria da população, em ambas as repúblicas, é muçulmana sunita. Os militares russos expulsaram os rebeldes para a Chechênia em setembro, mês em que atentados contra diversos edifícios, em cidades russas, mataram mais de 300 pessoas. O governo russo responsabilizou diretamente os separatistas, pelos atentados, e enviou tropas à Chechênia.
Apesar da pressão por um cessar-fogo, o governo da Rússia rejeitou a mediação internacional. Mas as denúncias de massacres, estupros e torturas cometidos pelas tropas russas contra centenas de civis levaram o governo russo a aceitar, em março de 2000, a visita de representantes da ONU à Chechênia. Todavia as emboscadas e os ataques suicidas contra as tropas russas prosseguiram, assim como os bombardeios aéreos russos. Em junho de 2000, o presidente Vladimir Putin colocou a Chechênia sob administração direta da Presidência da Federação.
Em março de 2003, o governo russo organizou, na Chechênia, um referendo sobre a nova constituição local, que estabeleceria a subordinação da república a Moscou. A lei foi aprovada por 96% dos eleitores, mas o referendo foi considerado irregular e condenado internacionalmente. Num pleito igualmente criticado, em outubro de 2003, Akhmad Kadyrov, foi eleito presidente da Chechênia, com 81% dos votos.[9]
Em 1º de setembro de 2004, uma escola em Beslan, na república da Ossétia do Norte, foi palco de um dos eventos mais bárbaros da atualidade. Militantes inguches e chechenos ocuparam a escola e, por mais de dois dias, mantiveram mais de 1 100 pessoas (incluindo 777 crianças) como reféns. Forças de segurança russas invadiram o prédio, com o emprego de tanques, foguetes incendiários e outras armas pesadas.[10] 314 reféns, incluindo 186 crianças, foram mortas.[11] O líder separatista, Shamil Bassaiev, assumiu a autoria desse e de outros ataques, como a explosão no metrô de Moscou, em fevereiro do mesmo ano.
Repercussões internacionais
[editar | editar código-fonte]Ao longo dos anos 1990 e até pelo menos meados dos anos 2000, países como a Arábia Saudita e os Estados Unidos se declararam favoráveis à independência da Chechênia. Os governos saudita e paquistanês apoiaram discretamente os separatistas da Chechênia, estabelecendo laços com os grupos de muçulmanos do Cáucaso, que muitas vezes receberam apoio financeiro de organizações árabes muçulmanas do Oriente Médio. O apoio da Arábia Saudita aos separatistas chechenos tornou as relações russo-sauditas mais tensas por ocasião do Atentado terrorista em Beslan, levando o então Presidente da Rússia, Vladimir Putin, a ameaçar publicamente o governo saudita de retaliação militar, caso um novo atentado daquele tipo ocorresse em território russo. O apoio da Geórgia aos separatistas chechenos também é considerado um dos fatores que ajudou a deteriorar as relações russo-georgianas na última década. Os países da Organização de Cooperação de Xangai condenam fortemente qualquer iniciativa do tipo separatista, classificadas como associadas ao extremismo e ao terrorismo. Em 2007 esses países realizaram simulações de uma intervenção militar para imposição da paz em área conflagrada por rebeldes separatistas, em um país fictício no Cáucaso. Em 2008, em apoio à Ossétia do Sul, a Rússia se envolveu em guerra contra a Geórgia, ao sul da Chechênia.
Direitos Humanos
[editar | editar código-fonte]Perseguição contra pessoas LGBTQ+
[editar | editar código-fonte]Em 2017, foi descoberto na Chechênia um campo de concentração para tortura de homossexuais, fato que repercutiu no mundo todo. Há uma petição no Avaaz com um pouco menos de 1 milhão de assinaturas pedindo intervenção por parte da Rússia.[12][13][14]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Localizada na Ciscaucásia, parcialmente na Europa Oriental, a Chechênia é quase inteiramente rodeada por território federal russo. No oeste, faz fronteira com a Ossétia do Norte e com a Inguchétia, no norte; o Krai de Stavropol, no leste; o Daguestão, e para o sul, Geórgia. Sua capital é Grozny.
Referências
- ↑ National Human Development Report, Russian Federation, 2013, P. 150.
- ↑ Correia, Paulo (Outono de 2008). «Geografia do Cáucaso» (PDF). Sítio web da Direcção-Geral da Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (n.º 28): 11, 13. ISSN 1830-7809. Consultado em 7 de outubro de 2012
- ↑ Lusa, Agência de Notícias de Portugal. «Prontuário Lusa» (PDF). Consultado em 10 de outubro de 2012
- ↑ Maia, Ana Marques. «Na capital da Tchetchénia não há cicatrizes de guerra, mas feridas abertas». PÚBLICO. Consultado em 23 de agosto de 2021
- ↑ Em 2007 separatistas chechenos "mudaram" o nome do país para Noxçiyçö.
- ↑ «Ramzan Kadyrov: The warrior king of Chechnya». The Independent (em inglês). 4 de janeiro de 2007
- ↑ Vatchagaev, Mairbek (24 de Outubro de 2008). «Kadyrov's Power and Cult of Personality Grows» (em inglês). Jamestown Foundation
- ↑ Berry, Lynn (5 de junho de 2011). «Chechen President Kadyrov Defends Honor Killings». web.archive.org. The St. Petersburg Times (Arq. em WayBack Machine)
- ↑ Almanaque Abril, São Paulo, 478, 2004
- ↑ The Truth About Beslan. What Putin's government is covering up.. Por David Satter. The Weekly Standard, 13 de novembro de 2006, vol. 12, n°9.
- ↑ «Putin meets angry Beslan mothers». BBC News. Cópia arquivada em 26 de maio de 2012
- ↑ Florios, Daia. «Gays torturados e mortos na Chechênia. Por favor, parem! Petição». greenMe.com.br
- ↑ Sputnik. «Autoridades russas investigam alegados sequestros de homossexuais na Chechênia». br.sputniknews.com. Consultado em 17 de abril de 2017
- ↑ «Centros de tortura para gays». Avaaz (em po). Consultado em 17 de abril de 2017
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- SCHILLING, Voltaire (2004). A Segunda Guerra da Chechênia.