Teodomiro (rei ostrogótico) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Teodomiro | |
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Rei ostrogótico | |
Reinado | 451—474/475 |
Antecessor(a) | Videmiro |
Sucessor(a) | Teodorico, o Grande |
Morte | 474/475 |
Cônjuge | Erelieva |
Descendência | Teodorico, o Grande Teodimundo Amalafrida |
Dinastia | dos Amalos |
Pai | Vandalário |
Teodomiro (em latim: Theodemir) ou Tiudimiro (Thiudimir) foi, segundo Jordanes, um líder ostrogodo da dinastia dos Amalos, que reinou ao lado de seus irmãos Videmiro e Valamiro. Em 451, participou com seus parentes ao lado de Átila, o Huno (r. 434–453) na decisiva batalha dos Campos Cataláunicos e em 454 derrotou seus suseranos na batalha de Nedao. Assentou-se com sua família na Panônia sob autorização do imperador bizantino Marciano (r. 450–457) e ali dividiu o domínio sobre os ostrogodos com seus irmãos.
Nos anos seguintes entrou em conflito com o Império Bizantino e derrotou um grupo de suevos invasores liderados por Hunimundo. Em 465, confrontou uma invasão escira e foi aclamado rei com a morte de Valamiro. Por 469, um exército coligado de bárbaros e bizantinos atacou os ostrogodos da panônia e Teodomiro saiu-se vitorioso. Em 473, ele invadiu os domínios bizantinos ao lado de seu filho, o futuro Teodorico, o Grande (r. 474–526), e faleceu no ano seguinte.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Teodomiro era um ariano filho do Amal Vandalário, um nobre filho do rei Vinitário (r. 375–376), e irmão dos nobres Videmiro e Valamiro. Teve com sua esposa católica Erelieva[1] uma filha chamada Amalafrida, que casar-se-ia com o rei vândalo Trasamundo (r. 496–523), e dois filhos chamados Teodimundo e Teodorico (o futuro Teodorico, o Grande (r. 474–526)). Em 451, liderou ao lado de seus irmãos os contingentes góticos do exército de Átila, o Huno (r. 434–453) durante a batalha dos Campos Cataláunicos,[2] e em 454, com a morte de Átila, confrontou com sucesso os hunos na batalha de Nedao.[3]
No mesmo ano assentou-se com seus parentes na Panônia sob autorização do imperador bizantino Marciano (r. 450–457), onde organizou o Reino Ostrogótico da Panônia em três distritos, cada qual controlado por um dos irmãos, porém somente Valamiro era o detentor do título régio; Teodomiro manteve controle dos godos do lago Balaton, o que para Herwig Wolfram corresponderia o centro-sul de Somogy e o nordeste da Croácia.[4] Entre 459 e 461/462, Teodomiro participou dos conflitos com os bizantinos sobre o não-pagamento do subsídio anual para os godos e com a conclusão das hostilidades em 461/462, seu filho Teodorico foi enviado para Constantinopla como refém. Mais adiante, Teodomiro confrontou um grupo de suevos invasores e capturou o rei deles Hunimundo, que foi adotado segundo o estilo germânico e libertado.[5] Apesar disso, após sua libertação, Hunimundo incitou uma ataque esciro contra os godos ca. 465, custando a vida de Valamiro.[2]
Com a morte de Valamiro, Teodomiro foi aclamado rei.[2] Para consolidar seu poder, teve que enfrentar um exército bárbaro coligado (esciros, rúgios, gépidas, etc.) liderado pelos reis Hunimundo, Alarico, Beuca, Babas, Edecão e Hunulfo e apoiado por tropas bizantinas de Leão I, o Trácio (r. 457–474), que preferiu apoiar os rivais de Teodomiro devido a sua rixa com o oficial cortesão Áspar. Uma grande batalha ocorreu ca. 469/470, na qual os godos venceram e conseguiram estabelecer sua predominância no curso médio do Danúbio;[6] para Hyun Jin Kim, contudo, é plausível que os ostrogodos tenha perdido essa batalha.[7] Em resposta ao ataque, Teodomiro organizou uma expedição contra os suevos e seus aliados alamanos, conseguindo uma importante vitória.[2]
Ca. 472, Teodorico foi devolvido a seu pai.[2] Em 473, talvez devido a carência de recursos, Teodomiro enviou seu irmão Videmiro numa expedição contra a Itália do imperador romano ocidental Glicério (r. 473–474), enquanto ele dirigiu-se com seu filho para o Império Bizantino.[8] Ali, atacou a Prefeitura pretoriana da Ilíria e capturou Dirráquio[9] e Naísso, antes de prosseguir o avanço de Teodorico em direção a Tessalônica. Antes de atacar a cidade, negociou com o patrício Hilariano e uma trégua foi concluída, segundo a qual muitos ostrogodos seriam assentados em cidades da Macedônia, onde Cirro tornar-se-ia a nova capital do Estado federado de Teodomiro;[10] os autores da Prosopografia do Império Romano Tardio suspeitam que essa negociação relatada por Jordanes seja uma confusão com a embaixada de 479 enviada para Teodorico. No ano seguinte, Teodomiro adoeceu e veio a falecer.[11]
Ver também
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Precedido por Valamiro | Rei ostrogótico 465—474 | Sucedido por Teodorico, o Grande |
Referências
- ↑ Kaylor 2012, p. 10.
- ↑ a b c d e Martindale 1980, p. 1069.
- ↑ Wolfram 1990, p. 258.
- ↑ Wolfram 1990, p. 261.
- ↑ Christensen 2002, p. 150.
- ↑ Bury 2012, p. 412.
- ↑ Kim 2013, p. 120.
- ↑ Martindale 1980, p. 1069-1070.
- ↑ Previté-Orton 1975, p. 108.
- ↑ Wolfram 1990, p. 269-270.
- ↑ Martindale 1980, p. 1070.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bury, J. B. (2012). History of the Later Roman Empire. 1. North Chelmsford, Massachusetts: Courier Corporation. ISBN 0486143384
- Christensen, Arne Søby (2002). Cassiodorus, Jordanes and the History of the Goths: Studies in a Migration Myth. Copenhague: Museum Tusculanum Press. ISBN 8772897104
- Kaylor, Noel Harold; Phillips, Philip Edward (2012). A Companion to Boethius in the Middle Ages. Leida: Brill. ISBN 900418354X
- Kim, Hyun Jin (2013). The Huns, Rome and the Birth of Europe. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 1107067227
- Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press
- Previté-Orton, C. W. (1975). Cambridge Medieval History, Shorter: Volume 1, The Later Roman Empire to the Twelfth Century. Cambrígia: Arquivo da Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0521099765
- Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Los Angeles, Londres e Berkeley: University of California Press. ISBN 9780520069831