Tigranes V – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Tigranes.
Tigranes V
Tigranes V
Tetradracma de Tigranes V
Rei da Armênia
Reinado 6–12
Antecessor(a) Artavasdes IV
Sucessor(a) Vonones I
 
Nascimento 16 a.C. (2040 anos)
Morte 36
Dinastia herodiana
Pai Alexandre
Mãe Glafira

Tigranes V (em latim: Tigrānēs; em grego: Τιγράνης; romaniz.: Tigránēs; em armênio: Տիգրան; romaniz.: Tigran) foi um rei da Arménia, não dinástico e descendente de Herodes, o Grande.

Tigranes (Tigrānēs; Τιγράνης, Tigránēs) é a forma latina e grega surgida do persa antigo *Tigrana (*Tigrāna) e do acadiano Tigranu (𒋾𒅅𒊏𒉡, Tīgranu). Hračʻya Ačaṙyan propôs que derivou por haplologia de *tigrarāna, supostamente significando "lutar com flechas" (cf. o persa antigo 𐎫𐎡𐎥𐎼𐎠𐎶, ⁠tigrām, “pontiagudo”, acusativo singular feminino),[1] que Ačaṙyan entendeu que derivou do avéstico 𐬙𐬌𐬖𐬭𐬀 (tiγra, "flecha") e sânscrito तिग्म (tigmá, "pontiagudo") e do avéstico 𐬭𐬇𐬥𐬀 (rə̄na, "batalha, luta") e sânscrito रण (raṇa, "batalha")).[2] Ele também comparou o grego antigo Tigrapates (Τιγραπάτης, Tigrapátēs, literalmente “mestre das flechas”) e, para a haplologia, o nome avéstico 𐬬𐬍𐬭𐬁𐬰 (vīrāz) de *vīra-rāz-.[3] J̌ahukyan considerou a explicação improvável.[4] É mais provável que decorra do iraniano antigo Tigrana (*Tigrāna-), uma formação patronímica com o sufixo *-āna- do nome *Tigra (*Tigrā-; lit. “delgado”), refletido no elamita Tigra (𒋾𒅅𒊏, Tīgra) e acadiano Tigra (𒋾𒅅𒊏𒀪, Tīgraʾ), da palavra discutida acima para "pontiagudo".[5][6][7] O nome foi tardiamente registrado em armênio como Tigrã (Տիգրան, Tigran).[2]

Ele era filho de Alexandre e seu avô materno era Arquelau, rei da Capadócia.[8] O nome da sua mãe era Glafira,[8] e ela teve três filhos com Alexandre, filho de Herodes;[9] posteriormente, ela se casou com Juba II, rei da Numídia,[10] e com Arquelau, outro filho de Herodes.[9] Alexandre, seu pai, era filho de Herodes, o Grande e Mariana.[carece de fontes?] Ele tinha um irmão de nome Alexandre, e, através deste irmão, um sobrinho de nome Tigranes.[8]

Precedentes: a situação da Armênia

[editar | editar código-fonte]

Segundo o historiador arménio Vahan M. Kurkjian (1863 - 1961),[Nota 1] ele foi rei no final da dinastia artaxíada.[11]

A Arménia estava sob influência romana: dos seus antecessores,[11] Tigranes III foi colocado no trono pelo general de Augusto, o futuro imperador Tibério;[12][11] Tigranes IV, casado com sua meio-irmã Erato da Arménia e filho de Tigranes III,[11] foi deposto por Augusto e substituído por seu primo Artavasdes III;[11] após um período de desordem civil, Caio César, afilhado e herdeiro de Augusto, colocou o meda Ariobarzanes como rei;[11] Ariobarzanes era rei da Média Atropatene, e filho de Artabazo.[12] Após a morte deste por acidente,[11] Augusto indicou seu filho, Artavasdes IV como rei.[12][11]

Houve oposição local à dinastia de medos, e Artavazdes IV foi assassinado.[12][11] Augusto então indicou como rei Tigranes V, descendente da linhagem real.[12][11]

Os nobres, porém, chamaram a rainha Erato (seu marido e irmão, Tigranes IV, havia sido morto, depois de deposto, durante a guerra civil), mas seu reinado foi curto.[11] Este foi o fim da dinastia artaxíada de Artaxias I e Tigranes.[11]

Findo o seu reinado deu-se início ao período de governo dividido entre os Romanos e os Partas, na pessoa de Ariobarzanes de Atropatene.

A Arménia permaneceu sem reis até 16 d.C.,[11] quando passou a reinar Artaxias III, nascido Zenão, filho da rainha Pitidoris do Ponto, cujo marido, Polemão, era um leal vassado de Roma.[13]

Seu sobrinho, Tigranes VI, foi colocado no trono da Arménia por Nero.[8]

Notas e referências

Notas

  1. O texto de Vahan M. Kurkjian está em domínio público.

Referências

  1. Schmitt 2014, p. 254.
  2. a b Ačaṙyan 1942–1962, p. 146-147.
  3. Bartholomae 1904, col. 1454.
  4. J̌ahukyan 1981, p. 57-58.
  5. Tavernier 2007, p. 324.
  6. Zadok 2009, § 527, p. 303.
  7. Schmitt 2011, p. 364.
  8. a b c d Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro XVIII, Capítulo 5, Herodes, o Tetrarca, guerreia contra Aretas, rei da Arábia, e é derrotado por ele. Sobre a morte de João Batista. Como Vitélio foi a Jerusalém. Um relato de Agripa e os descendentes de Herodes, 4 [em linha]
  9. a b Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, Livro XVII, Capítulo 13 Como Arquelau, após uma segunda acusação, foi banido para Roma, 1 [em linha]
  10. Flávio Josefo, As Guerras dos Judeus, Livro II, Capítulo 7 A história do Alexandre espúrio. Arquelau é banido e Glafira morre, após o que seria feito deles é mostrado em sonho, 4
  11. a b c d e f g h i j k l m Vahan M. Kurkjian, History of Armenia, Capítulo 14, Artavazd - Os últimos Tigranes [em linha]
  12. a b c d e Augusto, Res Gestae Divi Augusti, 27 [em linha]
  13. Vahan M. Kurkjian, History of Armenia, Capítulo 15, Rivalidade entre a Pártia e Roma [em linha]
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Տիգրան». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Bartholomae, Christian (1904). Altiranisches Wörterbuch [Old Iranian Dictionary]. Estrasburgo: K. J. Trübner 
  • J̌ahukyan, Geworg (1981). «Movses Xorenacʻu "Hayocʻ patmutʻyan" aṙaǰin grkʻi anjnanunneri lezvakan aġbyurnerə [The Linguistic Origins of the Proper Names in the First Book of Movses Khorenatsi's 'A History of the Armenians']». Patma-banasirakan handes [Historical-Philological Journal]‎ (3) 
  • Schmitt, Rüdiger (2011). Iranische Personennamen in der griechischen Literatur vor Alexander d. Gr. (Iranisches Personennamenbuch. Band 5, Faszikel 5A. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências 
  • Schmitt, Rüdiger (2014). Wörterbuch Der Altpersischen Königsinschriften [Dictionary of Old Persian Royal Inscriptions]. Viesbade: Reichert 
  • Tavernier, Jan (2007). «*Tigra-». Iranica in the Achaemenid Period (ca. 550–330 B.C.): Lexicon of Old Iranian Proper Names and Loanwords, Attested in Non-Iranian Texts. Lovaina e Paris: Peeters Publishers 
  • Zadok, Ran (2009). Iranische Personennamen in der neu- und spätbabylonischen Nebenüberlieferung (Iranisches Personennamenbuch, Band 7, Faszikel 1B. Viena: Editora da Academia Austríaca de Ciências