Tirito – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tirito
Etnia Armênio
Progenitores Pai: Artaxias
Religião Catolicismo armênio

Tirito (em latim: Tirithus;[1] em armênio: Տիրիթ; romaniz.: Tiritʼ; m. 359) foi um príncipe da dinastia arsácida da Armênia, filho de Artaxias e sobrinho paterno de rei Ársaces II (r. 350–368). Foi executado por seu tio, após descoberta sua conspiração contra seu primo Genelo, em 359.

Tirito (Tirithus) é a forma latina[1] do nome teofórico armênio Tirite (Տիրիթ, Tiritʼ), que derivou do persa médio Tir, o deus das artes escribais.[2] Por sua vez, o persa médio derivou do iraniano antigo Tirita (*Tīr-ita-).[3] Ao comentar a respeito desse antropônimo, Hračʻya Ačaṙyan afirmou que está relacionado a Tiridates.[4] Tiridates (Τιριδάτης, Tiridátēs) é a forma latina do armênio Terdate (Տրդատ, Trdat),[5] que derivou do persa antigo Tiridata (*Tiridata-), "dado/criado por Tir".[6] Foi registrado em grego como Terdates (Τηρδὰτης, Tērdàtēs), Teridates (Τηριδάτης, Tēridátēs), Teridácio (Τηριδάτιος, Tēridátios) e Tiridácio (Τιριδάτιος, Tiridátios).[7]

Origens e vida no estrangeiro

[editar | editar código-fonte]
Soldo de Constâncio II (r. 324–361)
Dracma de Sapor II (r. 309–379)

Tirito era um príncipe (sepu) da dinastia arsácida reinante, filho de Artaxias, o filho de Tigranes VII (r. 339–350) e irmão de Ársaces II (r. 350–368),[8] com uma nobre de nome incerto.[9][10] O momento exato de seu nascimento é incerto, mas nasceu no reinado de seu avô paterno. Seja como for, ao final do reinado de Tigranes, o rei e seus familiares foram levados pelo xainxá Sapor II (r. 309–379) (confundido com Narses I no relato de Fausto[11]) como reféns políticos para Ctesifonte. Irritados com a situação, os nobres armênios solicitaram ajuda do imperador Constâncio II (r. 337–361) (confundido com Valente no relato de Fausto[11]), que invadiu a Armênia e expulsou os iranianos. Em decorrência de sua vitória, Constâncio enviou emissários a Sapor para tratar da paz e exigiu que realizassem uma troca de reféns, que resultou no retorno da família real armênia.[12][13] Nesse interim, Sapor havia designado Ársaces como rei no lugar de Tigranes.[14][15]

Em algum ponto após esses eventos, Tiridates, seu filho Genelo e seu sobrinho Tirito, filho de Artaxias, foram enviados para Constantinopla como reféns políticos. Moisés de Corene afirmou que os arsácidas foram entregues por Tigranes VII a Juliano (r. 361–363) depois que se encontraram e o último solicitou reféns e tropas para sua campanha contra os sassânidas,[16] mas as fontes clássicas não confirmam que Juliano encontrou-se com qualquer rei armênio, bem como sua menção no reinado de Tigranes VII é anacrônica, haja vista ser contemporâneo de Ársaces II.[17] O relato de Moisés de Corene segue afirmando que Constâncio (confundido com Valentiniano I no relato de Moisés de Corene) enviou emissários portando carta endereçada a Ársaces na qual solicitava um estreitamento das relações romano-armênias após a ajuda que prestou expulsando os iranianos, mas Ársaces tratou os emissários com frieza e os mandou de volta.[15] Segundo Moisés de Corene, em resposta, Constâncio ordenou que Tiridates fosse executado e supostamente enviou o general Teodósio para atacar os armênios,[a] mas os romanos foram parados na fronteira pelo católico Narses I que, a mando de Ársaces, entregou seu tributo devido e estava com presentes ao imperador.[18] A embaixada de Narses I, datada de 358, foi distintamente referida nas fontes primárias. Para Fausto, sua ida à corte imperial resultou em seu exílio, pois durante a visita enfureceu Constâncio;[19] para Moisés, por outro lado, Narses foi bem-sucedido em sua missão e retornou à armênia ao lado da nobre Olímpia, que foi concedida a Ársaces como esposa.[20] Em ambos os relatos, os arsácidas mantidos como reféns foram libertados e devolvidos ao rei armênio, mas para Fausto foram entregues aos nobres que acompanharam Narses,[21] enquanto que para Moisés retornaram junto do católico. Moisés comenta que Genelo, em compensação pela execução de seu pai, foi nomeado cônsul e recebeu tesouros.[20]

Disputa com Genelo

[editar | editar código-fonte]

Ao retornarem, Genelo tornou-se muito popular com a nobreza. Moisés sustentou que tamanha popularidade, adquirida desde seu suposto consulado, teria despertado inveja de Tirito, que buscou meios de tramar contra ele.[22] Fausto, por outro lado, alegou que Tirito sentiu-se pela beleza de Farranzém, a esposa de Genelo,[8] e queria ela para si[23] Em ambos os relatos, Tirito (junto de Vardanes I, segundo Moisés) aproximou-se de Ársaces e lhe disse inverdades a respeito de Genelo:

Genelo deseja reinar e matá-lo. Todos os magnatas, nacarares e azates amam Genelo e todos os nacarares desse reino desejam seu senhorio sobre si em vez do teu, dizendo: 'Saibas disso, ó rei, e vejas o que tu deves fazer para poder sobreviver.'
 
Fausto, o Bizantino, Histórias Épicas, IV.XV.125-126[24].
Tu não sabes que Genelo está conspirando para matá-lo para que possa reinar em teu lugar? Vejas, vejas a prova do assunto, ó rei. Genelo fixou residência em Airarate em suas terras reais, e a afeição de todos os príncipes está do lado dele. Pois os imperadores planejaram isso dando a ele a honra do consulado e muito tesouro com o qual subornou os príncipes. [...] Com meus próprios ouvidos [Vardanes], ouvi Genelo dizendo: 'Não abandonarei a vingança pela morte de meu pai sobre meu tio, por culpa de quem [isso] ocorreu'.
 
Moisés de Corene, História da Armênia, IV.23[22].

Desse ponto em diante, as fontes divergem a respeito do destino de Tirito.

Moisés de Corene

[editar | editar código-fonte]

Moisés alegou que Vardanes e Tirito foram enviados a Genelo para questioná-lo do motivo de residir em Airarate, nas propriedades que havia recebido de seu avô Tigranes VII,[25] em detrimento do costume segundo o qual todos os príncipes, exceto o herdeiro, deviam residir Astianena, Aliovita e Arberânia com estipêndios e receitas do tesouro régio. Os emissários lhe deram a ordem de evacuar a região e devolver os príncipes da nobreza ou ser executado. Genelo acatou as ordens e e dirigiu-se para Aliovita e Arberânia, ambas na Vaspuracânia. Algum tempo depois, Ársaces dirigiu-se ao distrito de Cogovita, em Airarate, com o intuito de caçar Ficou satisfeito ao conseguir abater muitos animais num curto espaço de tempo. Tirito e Vardanes, que o acompanharam, instigaram uma nova intriga entre o rei e Genelo ao alegarem que o príncipe, em sua cidade de Saapevã, que recebeu de seu avô paterno Genelo, tinha à sua disposição maiores quantidades de animais para caçar.[26] As maquinações deles, no fim, provocariam a execução de Genelo num acidente forjado. Como alegado, o executor Vardanes concordou com o plano, não por lealdade ao rei, mas por sua amizade com Tirito.[27]

Mais tarde, quando o xainxá Sapor II tentou reaproximar-se de Ársaces após anos de boas relações do rei armênio com o Império Romano, Ársaces enviou Tirito e Vardanes com ricos presentes e um pedido de reconciliação. O xainxá solicitou que tropas fossem enviadas para ajudar os iranianos numa expedição contra os romanos e Ársaces, sem vontade de comparecer em pessoal, nomeou Tirito e Vardanes como comandantes de um pequeno contingente. Pelo excessivo desprezo de Tirito contra os romanos, e por instigação de Vasaces I, irmão de Vardanes, os comandantes foram privados de sua posição e repreendidos com duras palavras. Ambos decidiram desertar às fileiras de Sapor e Ársaces ordenou que Vasaces os perseguisse com um grande exército e os matasse assim que os localizasse. Moisés concluiu o relato alegando que a morte de Tirito foi consequência da maldição que o católico Narses lançou sobre ele por conta de sua participação na morte do inocente Genelo.[28][b]

Fausto, o Bizantino

[editar | editar código-fonte]

De acordo com Fausto, as palavras mentirosas de Tirito foram repetidas muitas vezes perante Ársaces, que encheu-se de rancor e ódio contra Genelo. Alegou Fausto que o rei o perseguiu em inúmeras ocasiões e fez várias conspirações. Em 359, aproveitando o festival celebrado no Navasarde (Ano-Novo), Ársaces persuadiu Genelo a comparecer na celebração com o intuito de matá-lo. Ordenou que Vardanes I atuasse como emissário e lhe disse para chamá-lo, sem revelar-lhe a respeito dos planos de matá-lo. Genelo se apressou para chegar ao acampamento real antes do dia seguinte, pois iria ser celebrada a festa dedicada ao profeta João Batista, conforme instituído por Gregório, o Iluminador e Tiridates III décadas antes, na cidade de Bagarana. A população estava reunida e o católico Narses I, então liberto de seu exílio, convocou bispos para participarem do evento.[29] O rei ordenou que ele fosse mantido do lado de fora, onde seria capturado e levado para sua execução. Farranzém, que havia chegado junto do séquito de Genelo numa liteira, ao ver a cena, apressou-se para dentro da tenda onde estavam os clérigos e a população reunida e gritou por socorro, explicando a situação. Narses apressou-se para encontrar Ársaces, que ao perceber que o católico iria interceder pelo condenado, fingiu estar sonolento para não dar ouvidos às súplicas e sermões. Erasmaque, executor chefe, adentrou o recinto e relatou que as ordens haviam sido cumpridas, o que motivou mais uma série de reprimendas de Narses.[30]

Genelo foi decapitado em Lesim, situado nas montanhas próximas, perto da cerca que circunda o campo de caça em frente ao salão de festas real, nas fontes de murta em frente ao acampamento. Ársaces saiu de seus aposentos e ordenou que os presentes lamentassem a morte do executado. Farranzém se descontrolou e começou a arrancar suas roupas e cabelo.[31] Ao presenciar a cena, Tirito aproveitou-se da situação e enviou uma mensagem à viúva, dizendo: "Não vistas esse luto, pois sou um homem melhor do que ele. Eu te amei, e o fiz perecer para que eu pudesse te tomar como minha esposa." Ao lê-la, Farranzém arrancou os cabelos e falou em voz alta: "Ouçam todos, a morte do meu marido foi por minha causa, meu marido foi morto porque alguém me desejou!".[32] A verdade começou a se espalhar entre os presentes e alcançou os ouvidos do rei, que exclamou em voz alta:

Porque Tirito foi ferido com paixão vergonhosa pela esposa de Genelo, planejou esse perverso [ação], esta traição, esta morte violenta, infundada e injusta. E por causa de sua luxúria, nos manchou também com sangue inocente. Entregou seu próprio irmão para matança e nos fez herdeiros de tormentos irremediáveis ​​e maldições, que não passarão.
 
Fausto, o Bizantino, Histórias Épicas, IV.XV.125-126[33].

O rei confirmou as informações que ouviu e refletiu sobre o assunto. No interim, após o sepultamento de Genelo, Tirito enviou uma mensagem ao rei: "Que seja. Teu testamento real, que tu dês a ordem permitindo que eu tome a esposa de Genelo, Farranzém, como minha esposa." Ao ouvir a mensagem, Ársaces planejou a morte de Tirito em retaliação à morte de seu primo. Ao tomar ciência, Tirito fugiu à noite com medo. O rei foi informado de sua fuga e ordenou que um contingente nobre do acampamento o seguisse e o matasse ao avistá-lo. Muitos o perseguiram até o alcançarem na floresta do distrito de Bassiana, onde o mataram.[34]

Richard G. Hovannisian sugeriu, desconsiderando o relato romântico de Fausto, que a execução de Genelo, e a subsequente execução de Tirito, foram motivadas pelo receio de Ársaces de que eles poderiam rebelar-se para tomar o trono.[8] Nina Garsoïan, por sua vez, propôs que as citações de Tirito a respeito de Genelo refletem como a presente de Genelo e Tirito foi sentida na corte arsácida, haja vista serem príncipes da linhagem principal da família e poderem reivindicar o trono, com suporte da nobreza. V. S. Nalbandyan sugeriu que Genelo e Tirito representavam, respectivamente, lideranças das facções pró-romana e pró-iraniana que dividiriam a nobreza armênia ao longo do século IV em decorrência dos conflitos entre o Império Romano e o Império Sassânida pela supremacia sobre o Reino da Armênia.[35]

[a] ^ Fausto, que viveu mais próximo dos eventos em questão, não faz qualquer menção ao general Teodósio. Robert Thompson sugeriu que seja uma menção anacrônica a Teodósio, pai do futuro Teodósio I (r. 378–395), que se sabe ter estado ativo anos depois, sob Valentiniano I (r. 364–375). A carreira do general Teodósio ocorreu sobremaneira no Ocidente e é possível que Moisés tenha confundido pai e filho,[36] pois em 387, com base na Paz de Acilisena firmada com o xainxá Sapor III (r. 373–378) que dividiu o Reino da Armênia em duas zonas de influência, a romana (ocidental) e a sassânida (oriental).[37]
[b] ^ O relato de Fausto acerca desses eventos é muito divergente do relato de Moisés de Corene, pois em sua versão dos fatos, as circunstâncias da morte de Vardanes são distintas e Tirito não teve nenhum envolvimento. Além disso, Fausto dá maior ênfase à participação de Ársaces.[38]

Referências

  1. a b Moisés de Corene 1736, Index Tirithus.
  2. Fausto, o Bizantino 1989, p. 415.
  3. Martirosyan 2021, p. 23.
  4. Ačaṙyan 1942–1962a, p. 167.
  5. Martirosyan 2021, p. 8.
  6. Fausto, o Bizantino 1989, p. 416.
  7. Ačaṙyan 1942–1962b, p. 174.
  8. a b c Garsoïan 1997, p. 89.
  9. Toumanoff 1990, p. 87.
  10. Settipani 2006, p. 325.
  11. a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 99 (III.xii.67-68); 266, nota 21.
  12. Fausto, o Bizantino 1989, p. 99-100 (III.xxi.68), 107 (IV.i.75).
  13. Kurkjian 2008, p. 103.
  14. Fausto, o Bizantino 1989, p. 100 (III.xxi.68).
  15. a b Moisés de Corene 1978, p. 272 (IV.18).
  16. Moisés de Corene 1978, p. 262-263 (III.13).
  17. Moisés de Corene 1978, p. 263, nota 7.
  18. Moisés de Corene 1978, p. 275-276 (IV.21).
  19. Fausto, o Bizantino 1989, p. 124-126 (IV.vi); 277, nota 2.
  20. a b Moisés de Corene 1978, p. 276 (IV.21).
  21. Fausto, o Bizantino 1989, p. 124 (IV.v.100), 133 (IV.xi.113).
  22. a b Moisés de Corene 1978, p. 277 (IV.22).
  23. Fausto, o Bizantino 1989, p. 140-141 (IV.XV.125).
  24. Fausto, o Bizantino 1989, p. 141 (IV.XV.125-126).
  25. Moisés de Corene 1978, p. 276-277 (IV.22).
  26. Moisés de Corene 1978, p. 277-278 (IV.22-23).
  27. Moisés de Corene 1978, p. 279-280 (IV.23-24).
  28. Moisés de Corene 1978, p. 276-277 (IV.25).
  29. Fausto, o Bizantino 1989, p. 141 (IV.XV.126-127).
  30. Fausto, o Bizantino 1989, p. 140-146 (IV.XV.126-129).
  31. Fausto, o Bizantino 1989, p. 143-144 (IV.XV.129-131).
  32. Fausto, o Bizantino 1989, p. 143-144 (IV.XV.130).
  33. Fausto, o Bizantino 1989, p. 144 (IV.XV.130-131).
  34. Fausto, o Bizantino 1989, p. 144-145 (IV.XV.130-131).
  35. Fausto, o Bizantino 1989, p. 283, nota 6.
  36. Moisés de Corene 1978, p. 276, nota 5.
  37. Chaumont 1986.
  38. Moisés de Corene 1978, p. 276, notas 158, 164-165, 167.
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962a). «Տիրիթ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962b). «Տրդատ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard 
  • Garsoïan, Nina (1997). «4. The Aršakuni Dynasty (A.D. 12-[180?]-428)». In: Hovannisian, Richard G. Armenian People from Ancient to Modern Times vol. I: The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-4039-6421-2 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Moisés de Corene (1736). Historiae Armeniacae libri III. Londres: Caroli Ackers 
  • Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press 
  • Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle: Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila