Tur Abdim – Wikipédia, a enciclopédia livre
Parte de uma série sobre |
Ortodoxia Oriental |
---|
Igrejas Ortodoxas Orientais |
Subdivisões
|
Igrejas independentes
|
História e Teologia
|
Figuras importantes
|
Tópicos relacionados |
Portal do cristianismo |
Tur Abdim (em siríaco: ܛܽܘܪ ܥܰܒܕܺܝܢ ou ܛܘܼܪ ܥܲܒܕܝܼܢ; romaniz.: Ṭūr ʿAḇdīn; em latim: Tur Abdim) é uma região montanhosa situada no sudeste da Turquia, incluindo a metade oriental da província de Mardin e a província de Şırnak, a oeste da fronteira com a Síria.[1] É famosa desde a Antiguidade Tardia por seus mosteiros cristãos na fronteira do Império Romano e do Império Sassânida. A área é um planalto baixo nas montanhas Antitauro que se estende de Mardin no oeste até o Tigre no leste e delimitado pelas planícies da Mesopotâmia ao sul. O Tur Abdim é povoado por mais de 80 aldeias e quase 70 edifícios de mosteiros e era principalmente siríaco ortodoxo até o início do século XX.[2] Os primeiros edifícios cristãos sobreviventes datam do século VI.[2]
Na Antiguidade Tardia, a área fazia parte da província da Mesopotâmia do Império Romano e um importante centro do cristianismo romano, chamado em latim de Monte Másio (Mons Masius) ou Izla.[2] Tur Abdim foi fortificado pelo Imperador Constâncio II (r. 337–361), que construiu a Fortaleza de Rabdião para defendê-la durante as Guerras Romano-Persas.[2] Após o fracasso da Guerra Persa de Juliano em 363, Tur Abdim tornou-se parte do Império Sassânida, juntamente com o território restante das cinco províncias transtigrinas e as fortalezas próximas de Nísibis e Bezabde.[2] Os numerosos mosteiros de Tur Abdim eventualmente se tornaram parte da Igreja do Oriente organizada no Concílio de Selêucia-Ctesifonte em 410. Eles assumiram principalmente a posição miafisista do Cristianismo não calcedoniano após o Concílio de Calcedônia de 451. Depois um período de perseguição pela Igreja estatal de Calcedônia do Império Romano e durante a Guerra Bizantino-Sassânida de 602-628, os mosteiros de Tur Abdim desfrutaram de uma prosperidade particular sob o domínio árabe no final do século VII.[3]
A Fortaleza de Rabdião foi mencionada pelo historiador grego do século VI, Procópio, enquanto a Notitia Antiochena do século VI e o trabalho do geógrafo grego do século VII, Jorge de Chipre, atestam que Turabdium era uma sé episcopal.[2] A sé do bispo de Turabdium era provavelmente a Vila de Há, na qual havia, além do mosteiro do século VI em funcionamento, várias igrejas em ruínas, incluindo a catedral.[2] Tur Abdim tornou-se parte do Califado Ortodoxo em 640, durante a conquista muçulmana do Levante.[2] As comunidades siríacas ortodoxas floresceram sob o domínio islâmico inicial; sabe-se que cerca de 30 estruturas foram totalmente construídas ou reconstruídas nos 150 anos seguintes, durante os quais a maioria das igrejas das aldeias foi construída.[2]
O nome "Tur Abdim" é siríaco: ܛܘܪ ܥܒܕܝܢ , lit.: 'Montanha dos Servos [de Deus]'.[2][4] Tur Abdim é de grande importância para os assírios siríacos ortodoxos, para quem a região costumava ser um centro monástico e cultural.[5] A comunidade assíria/síria de Tur Abdim se autodenomina Suryoye, e tradicionalmente fala um dialeto neo-aramaico central chamado Turoyo.[6][7]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Ṭur ʿAbdin». syriaca.org. Consultado em 7 de dezembro de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j The Oxford dictionary of late Antiquity. Oliver Nicholson First edition ed. [Oxford]: [s.n.] 2018. OCLC 1029736000
- ↑ The Oxford dictionary of Byzantium. A. P. Kazhdan, Alice-Mary Maffry Talbot, Anthony Cutler, Timothy E. Gregory, Nancy Patterson Ševčenko. New York: Oxford University Press. 1991. OCLC 22733550
- ↑ A companion to Byzantium. Liz James. Chichester, West Sussex, U.K.: Wiley-Blackwell. 2010. OCLC 606852597
- ↑ Ighnāṭyūs Afrām I, Patriarch of Antioch (2008). The history of Tur Abdin. Matti Moosa 1st Gorgias Press ed ed. Piscataway, NJ: Gorgias Press. OCLC 704519337
- ↑ O Oriente Médio, resumos e índice, Parte 1. Serviço de Pesquisa e Informações da Biblioteca. Northumberland Press, 2002. Página 491.
- ↑ Ásia Central e Cáucaso: transnacionalismo e diáspora. Touraj Atabaki, Sanjyot Mehendale. Routledge, 2005. Página 228.