Turismo sexual – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Organização Mundial do Turismo (OMT) (1995) define o turismo sexual como "viagens organizadas dentro do seio do sector turístico ou fora dele, utilizando no entanto as suas estruturas e redes, com a intenção primária de estabelecer contactos sexuais comerciais com os residentes do destino". Ryan (2001) por sua vez, entende que se trata de um tipo de turismo onde "o motivo principal de pelo menos uma parte da viagem é o de se envolver em relações sexuais. Este envolvimento sexual é normalmente de natureza comercial".
O turismo sexual, no geral, tem sido reconhecido como uma das atrações turísticas de vários países do sudeste asiático (Ryan e Hall, 2001: 136) e da América Latina, inclusive no Brasil.[1][2]
Geralmente, a prostituição doméstica antecede o turismo sexual, ou seja, há, primeiro, uma procura interna à prostituição e, só depois, se verifica a chegada de turistas sexuais (Ryan & Hall, 2001: 139).
História
[editar | editar código-fonte]Historicamente, as viagens e a prostituição têm sido muitas vezes associadas. De fato, quando olhamos para a história do turismo, podemos verificar que existiam bairros de prostitutas em antigas grandes cidades que recebiam grande quantidade de viajantes por motivos essencialmente religiosos ou comerciais, já há cerca de dois milênios. Exemplos deste fato são as ruínas das cidades de Éfeso (Turquia), Babilônia (Iraque) e Pompeia (Itália) (Staebler, 1996).
Segundo Ryan e Hall (2001: 136), a institucionalização do turismo sexual no sudeste asiático ocorreu nos anos 1960, aproveitando a prostituição associada à existência de bases militares norte-americanas e japonesas à época da Segunda Guerra Mundial. Ainda segundo Ryan e Hall (2001: 141), os militares foram, posteriormente, substituídos pelos turistas estrangeiros, e o turismo sexual transformou-se em fonte de recursos em moeda estrangeira para a população local.
Embora a prostituição seja proibida na maior parte dos países onde o turismo sexual acontece, a legislação existente a este respeito normalmente não é cumprida ou se revela insuficiente. Assim, o turismo sexual "democratizou-se" ao longo das últimas décadas do século XX, constituindo atualmente um fenômeno de massa em alguns países, notadamente na Europa Ocidental, onde exploração sexual utiliza-se da infraestrutura turística convencional. O mesmo também ocorre em algumas regiões do Brasil, notadamente aquelas menos desenvolvidas.
Referências
- ↑ Folha Online, 26 de dezembro de 2005 Italiano e português lideram turismo sexual no Nordeste
- ↑ «Osservatorio del Turismo Sessuale Italiano con Minori in Brasile». Consultado em 9 de fevereiro de 2009. Arquivado do original em 14 de fevereiro de 2009
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- McKERCHER, B. & BAUER, T. (2003). "Conceptual Framework of the nexus between Tourism, Romance and Sex". In: McKercher, B. & Bauer, T. (eds). Sex and Tourism: Journeys of Romance, Love and Lust. New York: Haworth Hospitality Press, pp. 3-17.
- RYAN, C. & HALL, M. (2001). Sex Tourism: Marginal People and Liminalities. Routledge: London.
- BEM, Arim Soares. A Dialética do turismo sexual. Campinas:Papirus, 2005.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Relatório sobre o Turismo Sexual no Ceará (Arquivo no formato .doc)» [ligação inativa], da Associação Cearense do Ministério Público
- «"Asas do desejo". Artigo de Manuel Alves Filho sobre pesquisa da antropóloga Adriana Piscitelli», Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu) para o Jornal da Unicamp; acerca do universo do turismo sexual; Edição 269 - de 11 a 17 de outubro de 2004