Velô – Wikipédia, a enciclopédia livre
Velô | |||||||
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Álbum de estúdio de Caetano Veloso | |||||||
Lançamento | 1984 | ||||||
Gravação | 1984 | ||||||
Gênero(s) | MPB | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | LP | ||||||
Gravadora(s) | Philips | ||||||
Cronologia de Caetano Veloso | |||||||
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Velô é o décimo sexto álbum de estúdio do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso, lançado em 1984 pela Philips Records. O álbum vendeu mais de 100 mil cópias no Brasil e ganhou um disco de ouro.[1]
Informações das faixas
[editar | editar código-fonte]"Podres Poderes"
[editar | editar código-fonte]"Podres Poderes", primeira faixa do álbum, é uma canção de protesto na qual Caetano faz uma crítica ao catolicismo e autoritarismo no continente americano, questionando "Será que nunca faremos senão confirmar/A incompetência da América católica/Que sempre precisará de ridículos tiranos?".[2] Também enaltece a diversidade do Carnaval mesmo diante dos homens que exercem os podres poderes, dizendo ser uma festa composta por "índios, padres, bichas, negros, mulheres e adolescentes".[2]
Além disso, aborda o hábito dos brasileiros de não respeitar o semáforo. Por conta dessa crítica, Caetano foi convidado em 1994 a participar da série de televisão educativa Educação para o Trânsito. Por conta também dessa crítica, as máquinas fotográficas automáticas que flagram os motoristas que avançam o sinal vermelho foram apelidadas no Brasil de "caetanos".[3]
Em 2017, ao comentar parte de sua discografia por ocasião de seus 75 anos, Caetano descreveu esta faixa da seguinte forma:[4]
“ | (...) [a letra] tem muito a ver com temas ligados ao desejo de que as minhas ações tenham uma função poético-política. Nenhuma ditadura presta. E minhas canções políticas, Podres Poderes entre elas, foram feitas por um homem que jamais perdeu essa perspectiva. Que não está interessado em esconder o sol com uma peneira. | ” |
"Língua"
[editar | editar código-fonte]Já a última traz a participação da cantora Elza Soares. Elza vivia o fundo do poço de sua carreira musical na época, sendo chamada para poucas apresentações. A situação chegou a tal ponto que ela considerou trabalhar em uma creche para poder sustentar o filho mais novo, ainda criança. Quando soube que Caetano estava em turnê em São Paulo (onde ela havia feito uma apresentação), Elza o procurou no Hotel Hilton e desabafou.[5]
Caetano então pediu que ela recusasse o emprego e fosse para o Rio de Janeiro procurá-lo.[6] No Rio, Elza realizou curta temporada no projeto Seis e Meia. Um dia, após assistirem juntos o final de um show de Gilberto Gil, Caetano ofereceu a faixa "Língua" para ela.[7]
A participação de Elza na faixa - que acontecia nos refrãos, com os versos: "Flor do Lácio Sambódromo / Lusamérica latim em pó / O que quer, o que pode esta língua?" - marcou sua volta ao estrelato. Em sua biografia escrita por Zeca Camargo, ela afirma:[8]
“ | Eu acho que Caetano já fez parte dessa música pensando em mim, porque a força daquela letra era exatamente o que eu estava precisando pra dar aquele impulso e voltar. Gravei, foi um sucesso enorme, e as portas começaram a ser abrir de novo". | ” |
Faixas
[editar | editar código-fonte]Todas as faixas compostas por Caetano Veloso, exceto onde indicado.
Lado A | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Podres Poderes" | 4:19 | ||||||||
2. | "Pulsar" | Augusto de Campos/Caetano Veloso | 1:01 | |||||||
3. | "Nine Out of Ten" | 4:29 | ||||||||
4. | "O Homem Velho" | 4:08 | ||||||||
5. | "Comeu" | 2:02 | ||||||||
6. | "Vivendo em Paz" | Tuzé de Abreu | 2:45 |
Lado B | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
7. | "O Quereres" | 2:58 | ||||||||
8. | "Grafitti" | Antonio Cicero/Waly Salomão/Caetano Veloso | 2:09 | |||||||
9. | "Sorvete" | 3:18 | ||||||||
10. | "Shy Moon" (participação de Ritchie) | 4:32 | ||||||||
11. | "Língua" (participação de Elza Soares) | 4:10 |
Músicos participantes
[editar | editar código-fonte]- Tavinho Fialho: baixo
- Toni Costa: guitarra
- Marcelo Costa: bateria
- Ricardo Cristaldi: teclados
- Armando Marçal: percussão
- Zé Luís Segneri: saxofone e flauta
Referências
- ↑ «Em ação: Massa fina». Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. 24 de dezembro de 1984. Consultado em 27 de março de 2020
- ↑ a b Bittencourt, Gilda Neves da Silva (1991). «A força da canção: uma leitura de "Podres poderes" de Caetano Veloso». Organon. ISSN 0102-6267. Consultado em 17 de maio de 2021
- ↑ Galileu. Disponível em http://galileu.globo.com/edic/93/tecnologia1.htm. Acesso em 24 de fevereiro de 2017.
- ↑ Osias, Sílvio (7 de agosto de 2017). «Caetano Veloso (por ele mesmo) e seus discos». Jornal da Paraíba. Grupo São Braz. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ Camargo 2018, pp. 271-286.
- ↑ Camargo 2018, p. 285.
- ↑ Camargo 2018, p. 286.
- ↑ Camargo 2018, p. 287.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Camargo, Zeca (2018). Elza. Rio de Janeiro: LeYa. ISBN 978-8544107737