Velho Airão – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Cidade fantasma do estado do Amazonas | ||
Localização | ||
Coordenadas | ||
História | ||
1694-1985 | ||
Características geográficas | ||
População total (2015) | 1 hab. |
Velho Airão ou Airão Velho (popularmente chamado por moradores de Novo Airão) é um povoado quase desabitado no estado brasileiro do Amazonas[1], que inicialmente foi uma vila de média importância, denominada Airão fundada no ano de 1694, sendo a primeira povoação às margens do rio Negro e,[2] a região mais antiga que a primeira capital do Amazonas (Barcelos, no contexto da província do Amazonas). Foi a sede inicial do município amazonense de Novo Airão.[2]
Está localizada dentro do Mosaico do Baixo Rio Negro no Parque Estadual Rio Negro Setor Norte.[3]
Foi uma das vilas mais importantes no médio Rio Negro desde a época dos colonizadores portugueses até a Segunda Guerra Mundial, quando os aliados encontravam sua maior fonte de borracha para a fabricação de pneus e materiais cirúrgicos no látex da Amazônia. Airão concentrava toda a produção de borracha do alto rio Negro, do Rio Jaú e seus afluentes e do Rio Branco, trazendo a produção de vilarejos próximos à Boa Vista. Com o fim da guerra, os ingleses passaram a comprar látex de sua colônia: a Malásia. Os produtores amazonenses não estavam preparados para isso e como Airão era um ponto de captação e distribuição, a cidade faliu. Com a decadência do Ciclo da borracha, seus moradores passaram a abandoná-la, até ser deixada pelo último morador em 1985. Boa parte de sua população mudou-se para vilarejos mais próximos à capital do estado, Manaus, mas a maioria (108 pessoas) foi transferida para a vila de Itapeaçu, que passou a se chamar Novo Airão.
De acordo com o historiador Victor Leonardi (1998): "Na confluência do rio Jaú com o Negro existem ruínas de uma pequena cidade chamada Airão, antiga Santo Elias do Jaú, fundada por missionários em 1694. [...] [Depois veio] o processo de arruinamento definitivo do Airão, após rápido e não-sustentável crescimento econômico gerado nos seringais entre 1880 e 1914. [...] A velha cidade de Airão é hoje uma cidade morta às margens do rio Negro, 250 quilômetros a noroeste de Manaus."[4]
Como a população estava a abandonar a cidade, surgiu a lenda das formigas. Um político da época afirmou que a população estava sendo devorada por formigas e pediu ajuda para mudar a sede do município. Verdade ou mentira, o fato é que a partir de 1950 a população começou a ser transferida para onde hoje é Novo Airão.
A partir de 1985, a Marinha do Brasil começou a usar a cidade abandonada como alvo para treino de tiros de seus navios até o ano de 2005, quando a cidade foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN. Mas apenas em 2010 técnicos do IPHAN começaram a levantar dados no lugar.
Desde 2005 cerca de sete famílias retornaram ao lugar, fazendo suas casas em volta das ruínas e auxiliam na condução dos turistas que visitam o antigo vilarejo.
De acordo com reportagem de 29 de dezembro de 2015, apenas um morador ainda reside na cidade.[5]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Octavio Campos Salles. «Velho Airão». Amazônia.org. Consultado em 26 de março de 2009
- ↑ a b «Novo Airão aposta na cidade fantasma para estimular o turismo». Jornal do Commercio. Consultado em 25 de setembro de 2024
- ↑ ICMBIO. Mosaico do Baixo Rio Negro. ICMBIO, Brasília. Acesso em 24 jun. 2014.
- ↑ LEONARDI, Victor. Sinopse do livro Os historiadores e os rios: natureza e ruína na Amazônia brasileira. Editora Universidade de Brasília, Brasília, 1998, 272 páginas. Editora Paralelo 15 - Brasília DF. ISBN 85-86315-26-5. (Sinopse disponível no site do autor em Blogspot). Acesso em 24 jun. 2014.
- ↑ Japonês eremita toma conta de cidade abandonada na selva amazônica