Vertissolo – Wikipédia, a enciclopédia livre
Vertissolos é uma ordem caracterizada por solos usualmente de textura argilosa a muita argilosa, com alta plasticidade e pegajosidade quando encharcados, e formação de fendilhamentos quando secos. O fenômeno do fendilhamento decorre por serem constituídos de argilas expansivas do tipo 2:1 que exibem alta capacidade de absorção de água entre suas lâminas e consequentemente forte expansão, assim como intensa contração com a desumidificação. Vertissolos integram solos de alta fertilidade, todavia com forte restrição agrícola; o excesso de plasticidade e pegajosidade, como também a criação de fendas, inviabilizam o uso de maquinários agrícolas e danam as raízes das plantas, sufocando-os pela anoxia (quando mui úmidos) ou rompendo-as (quando mui secos).[1][2][3][4]
Critérios
[editar | editar código-fonte]Para a categorização de um solo na ordem Vertissolo é requisito a existência de um horizonte vértico, sendo esse definido pelos seguintes critérios[1]:
- 1. Conter feições pedológicas típicas de superfícies de fricção (slickensides) em abundância, e/ou unidades estruturais cuneiformes e/ou paralelepipédicas.
- 2. Conter no período mais seco do ano fendas com pelo menos 1 cm de largura.
- 3. Conter textura argilosa a muito argilosa; admitindo-se na faixa de textura média um mínimo de 30% de argila (300 g/kg).
- 4. Ser muito duro ou extremamente duro quando seco; e plástico a muito plástico bem como pegajoso a muito pegajoso quando molhado.
- 5. Apresentar cores escuras, acinzentadas, amareladas ou avermelhadas.
- 6. Espessura mínima de 20 cm.
Além dos critérios para o horizonte vértico, é necessário também que o perfil do solo como um todo satisfaça aos seguintes critérios:
- 7. Ocorrência de horizonte vértico dentro de 100 cm a partir da superfície do solo.
- 8. Relação textural insuficiente que não caracterize um horizonte B textural.
- 9. Ausência de material lítico, ou lítico fragmentário, ou horizonte petrocálcico, ou horizonte duripã, dentro dos primeiros 30 cm a partir da superfície.
- 10. Ausência de qualquer horizonte B diagnósticos acima do horizonte vértico.
Microrrelevo
[editar | editar código-fonte]Com a contração e formação de fendas, materiais adjacentes podem ser carreados por ação eólica, hídrica ou biológica e adentrar nestas rachaduras, passando a ocupar um volume que dantes era preenchido pelo ar/água. Com a re-umidificação do solo e sua expansão, o material penetrante causa uma resistência que é dissipada através do deslocamento ascendente do solo, formando pequenas elevações distribuídas no relevo do terreno; a este microrrelevo denomina-se gilgai.[3]
Slickensides
[editar | editar código-fonte]Superfícies de fricção (ou slickensides) são superfícies alisadas e lustrosas, apresentando na maioria das vezes estriamento marcante produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo, causados por movimentação devido à forte expansão do material argiloso quando re-umedecido. São superfícies tipicamente inclinadas em relação ao prumo do perfil. [5]
Subordens
[editar | editar código-fonte]- 1. Vertissolos Hidromórficos
- Solos com horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm, ou entre 50 cm e 100 cm desde que precedido por horizontes com predomínio de cores acinzentadas.
- 2. Vertissolos Ebânicos
- Solos com caráter ebânico (dominância de cores escuras, quase negras) na maior parte dos horizontes B e/ou C dentro de 100 cm da superfície.
- 3. Vertissolos Háplicos
- Outros solos que não se enquadram nas classes anteriores.
Galeria
[editar | editar código-fonte]- Vertissolo Hidromórfico (SIBCS, 2018)
- Vertissolo Ebânico (SIBCS, 2018)
- Vertissolo Háplico (SIBCS, 2018)
- Superfícies de fricção (slickensides) em Vertissolo (Lima, 2014)
- Superfície de fricção (slickenside) em Vertissolo (Lima, 2014)
- Fendilhamento em Vertissolo (Lima, 2014)
- Queda de infraestrutura causa pela instabilidade dos Vertissolos (Lima, 2014)
-
Fendilhamento intenso em Vertissolo (USDA)
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b Santos, Humberto Gonçalves dos, et al. (2018)
SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS.
5. ed. rev. e ampl. Brasília, DF : Embrapa. Acessar - ↑ Lepsch, Igo Fernado. (2010)
FORMAÇÃO E CONSERVAÇÃO DOS SOLOS.
2ª edição, p. 111-113. Oficina de Textos. Acessar - ↑ a b Lima, Glêvia Kamila (2014).
CARACTERIZAÇÃO DE VERTISSOLOS DO NORDESTE BRASILEIRO.
Dissertação (Mestre em Ciência do Solo). Universidade Federal Rural de Pernambuco. Acessar - ↑ United States Department of Agriculture (USDA).
EXAMINATION AND DESCRIPTION OF SOIL PROFILES.
Natural Resources Conservation Service Soils. - ↑ IBGE (2005).
MANUAL TÉCNICO DE PEDOLOGIA.
Manuais Técnicos em Geociências, 2ª ed., n.4. Acessar