Virola surinamensis – Wikipédia, a enciclopédia livre
Ucuúba | |||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||
Em perigo | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Espécie | |||||||||||||
A Virola surinamensis (Rol.) Warb., conhecida popularmente como ucuuba, é uma árvore de cerca de 60 m de altura, comumente encontrada em lugares alagados, geralmente perto de igapós.
Árvore nativa da várzea de toda a região amazônica estendendo sua ocorrência até o Maranhão e Pernambuco[1]. O nome da árvore significa na língua indígena UCU (graxa) e YBA (árvore), prefere regiões alagadas, atingindo uma altura de 25 a 35 m[2]. Uma árvore adulta pode produzir entre 30 - 50 Kg de sementes por ano. As sementes são ricas em gorduras (60 – 70%) e o rendimento em óleo∕sebo pode chegar até 50% por quilo de semente seca. Numa plantação com 150 árvores por hectare poderá ser colhida até 7 mil quilos de sementes, o que renderia 3500 kg de gordura∕hectare. O crescimento da ucuuba no campo pode alcançar até 3 m em dois anos. A madeira dessa árvore é de excelente qualidade para compensados e laminados, o que está ameaçando intensamente o recurso florestal remanescente[3]
Em perigo de extinção segundo a IUCN, sua distribuição abrange os estados brasileiros do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará, Pernambuco e Roraima, e a Costa Rica, Equador, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Peru, Suriname e Venezuela.
Utilização popular
[editar | editar código-fonte]Comumente, o óleo é usado na fabricação de velas e como combustível para iluminação de lamparinas, que na queima exala um cheiro aromático. Na medicina caseira, principalmente, é aplicado com sucesso no tratamento de reumatismo, artrite, cólicas, aftas e hemorroidas½.. A manteiga de ucuuba, que é dura e amarelada, pode ser usada em combinação com outros ingredientes para a produção de velas e sabonetes vegetais, sendo um substituto vegetal para a parafina oriunda do petróleo. Sabonetes e cremes a base de ucuuba tem ação anti-inflamatória, cicatrizante, revitalizante e anti-séptica comprovada.[4]
Manteiga de ucuuba
[editar | editar código-fonte]A gordura de ucuuba possui um alto valor de ponto de fusão (53 oC) e de saponificação (220 mg KOH/g de óleo), o que supera os índices do sebo bovino (com valores de 43 a 45 oC e 200 mg KOH/g respectivamente) tornam a gordura da ucuuba uma matéria prima ideal para substituir o sebo animal na produção de sabonetes finos, e outras matérias gordurosas que necessitam de alto ponto de fusão na industria alimentícia e farmacêutica. A substituição do sebo animal pela gordura da ucuuba resolve o problema de contaminação de produtos pelo uso de sebo animal, além de dar a sabonetes uma maior consistência e durabilidade, sendo perfeitamente viável a sua utilização mesmo com preços superiores ao do sebo animal. As sementes da ucuuba são ricas em gordura (60 – 70%) possuindo 70% de trimiristina, um triglicerídeo do acido mirístico, que constitui um óleo essencial aromático que é de grande importância para as indústrias cosmética, farmacêutica e alimentícia. Atualmente, esse óleo essencial é extraído da noz-moscada, que possui uma concentração de cerca 80% desta substância.[5]
Composição da manteiga virgem de Ucuuba
[editar | editar código-fonte]CARACTERÍSTICA | UNIDADE | APRESENTAÇÃO |
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Aparência (25Cº) | ---- | Sólido |
Cor | ---- | Marrom para amarelo |
Odor | ---- | Característico |
Índice de acidez | mgKOH/g | < 30,0 |
Índice de peroxido | 10 meq O2/kg | < 10,0 |
Índice de iodo | gI2/100g | 12 - 15 |
Índice de saponificação | mgKOH/g | 220 - 230 |
Densidade | 25ºC g/ml | 0,9390 |
Índice de refração (40°C) | ---- | ---- |
Materia insaponificável (bioativos) | % | < 3 |
Ponto de fusão | Cº | 53°C |
Composição dos acidos graxo da manteiga de ucuuba
[editar | editar código-fonte]Ácido láurico | % Peso | 16,0 - 20,0 |
Ácido mirístico | % Peso | 72,0 - 76,0 |
Ácido palmitico | % Peso | 7,0 - 9,0 |
Saturado | % | 100 |
Insaturado | % | 0 |
- ↑ LORENZI, H : Arvores Brasileiras – vol, 01. 1992, Instituto Plantarum, Nova Odessa – SP 384 pp
- ↑ PESCE, C.: Oleaginosas da Amazônia, 1941, Oficinas Gráficas da Revista Veterinária, Belém/PA
- ↑ MORAIS, L. R. : Banco de Dados Sobre Espécies Oleaginosas da Amazônia, não-publicado.
- ↑ MORS, W.B. et. al.: Medicinal Plants of Brazil, 2000, Reference Publications, Inc Algonac, Michigan.
- ↑ MORAIS, L. R. : Banco de Dados Sobre Espécies Oleaginosas da Amazônia, não-publicado