Abscesso dental – Wikipédia, a enciclopédia livre

Abscesso envolvendo primeiro molar decíduo inferior. Observa-se extensa destruição coronária e a formação de parúlide (nódulo de coloração vermelho-amarelada com pus dentro) indicando a presença de um abscesso periapical.
Abscesso envolvendo primeiro molar decíduo inferior. Observa-se extensa destruição coronária e a formação de parúlide (nódulo de coloração vermelho-amarelada com pus dentro) indicando a presença de um abscesso periapical.

O abscesso dental é um acúmulo localizado de pus, associado a um dente.[1] Ele pode ter diversas causas, sendo classificado a partir de sua origem:[1][2]

  • Abscesso periapical: resultado de uma infecção localizada no periápice de um dente, ligado à necrose pulpar;
  • Abscesso periodontal: tem origem em uma bolsa periodontal;
  • Abscesso gengival: um abscesso de origem periodontal que envolve apenas a gengiva (tecidos moles);
  • Abscesso pericoronal: envolvendo o tecido pericoronário, relacionado à pericoronarite
  • Abscesso endo-perio: resultado de uma combinação entre o abscesso periapical e o abscesso periodontal.

Sinais e sintomas

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Abscesso dental afetando o lado esquerdo do rosto, com edema de face no segundo dia (primeira foto) e terceiro dia (segunda foto).
Abscesso dental afetando o lado esquerdo do rosto, com edema de face no segundo dia (primeira foto) e terceiro dia (segunda foto).

O abscesso dental apresenta dor contínua extrema, crescente e pulsante, com uma dor que se torna insuportável à percussão.[1][3] A área ao redor do dente afetado pode ser sensível à palpação e com edema.[3] O dente em si pode sofrer descoloração, fratura ou sua gengiva estar avermelhada e com edema.[4]

Um abscesso agudo apresenta sintomatologia mais intensa, pela ausência de drenagem, e abscessos crônicos tendem a ser assintomáticos: a formação de uma fístula permite a drenagem do pus e o alívio da pressão nos tecidos dentários.[1]

Em alguns casos, o abscesso dental pode perfurar a cortical óssea e começar a drenar nos tecidos adjacentes, criando edema de face ou até mesmo linfadenopatia.[3]

Sinais e sintomas comuns dos abscessos dentais incluem:[4]

Dispneia e estado mental alterado são sinais e sintomas que podem apontar para um comprometimento sistêmico grave e constituem emergência médica.[4]

Aspectos radiográficos

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Normalmente, os abscessos dentais não aparecem radiograficamente, mas abscessos de tamanho exuberante ou de longa data podem se apresentar como lesões radiolúcidas de limites mal definidos.[1][4]

A técnica de escolha é a radiografia periapical, mas a radiografia oclusal pode ser empregada, assim como a panorâmica, a última para pacientes com limitação da abertura bucal.[5]

O abscesso é um acúmulo localizado de pus, uma substância composta por células mortas, resíduos, neutrófilos e macrófagos. Ele se desenvolve em resposta a patógenos e inflamação.[1]

Os abscessos dentais podem ser relacionados a diversas causas, a depender do tipo:[1][2][4][5]

  • Abscesso periapical: lesão de cárie ou trauma resultando em necrose pulpar;
  • Abscesso periodontal e gengival: doença periodontal prévia;
  • Abscesso pericoronal: pericoronarite;
  • Abscesso endo-perio: causas endodônticas (necrose pulpar) e periodontais (doença periodontal).

Epidemiologia

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Os abscessos dentais são comuns, e estima-se que 1 a cada 2600 internações hospitalares em hospitais nos Estados Unidos seja causada por abscessos dentais.[4] Em crianças, esse número sobe para 47%.[4] Fatores que contribuem para higiene oral inadequada como a desigualdade racial e socioeconômica influenciam sua frequência na população.[4]

O diagnóstico deve associar informações coletadas na história clínica, exame clínico e radiográfico.[3][5]

  • História clínica: história prévia de lesões de cárie, trauma, ou de doença periodontal;
  • Exame clínico: presença de lesões de cárie, fraturas, profundidade de sondagem (bolsa periodontal);
  • Exame radiográfico: presença de perda óssea vertical ou horizontal, presença de rarefação óssea no periápice.

Algumas manobras semiotécnicas podem ter utilizadas para o diagnóstico diferencial entre os tipos de abscesso:[3][5]

  • Teste de sensibilidade pulpar: normalmente positivo nos abscessos periodontais, negativo no abscesso periapical;
  • Teste de percussão e palpação: normalmente o abscesso periodontal tende a ser mais sensível na percussão horizontal, e o abscesso periapical na percussão vertical;
  • Rastreio de drenagem: abscessos periodontais tendem a drenar o pus pelo ligamento periodontal e sulco gengival, enquanto abscessos periapicais tendem a formar uma fístula próxima ao ápice radicular;
  • Rastreio de fístula: essa técnica pode ser utilizada para encontrar qual o dente afetado; ao inserir um cone de guta-percha dentro da parúlide, o caminho do cone leva ao epicentro da lesão e ao ser radiografada, pode-se encontrá-la e facilmente identificar o dente associado.

Prognóstico e tratamento

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O prognóstico é excelente quando tratado, porém o não tratamento implica em mortalidade elevada: a mortalidade pode aumentar em até 40% se o paciente desenvolver mediastinite, assim como comprometimento das vias aéreas, requerendo intubação ou traqueostomia; infecções ascendentes para os seios da face ou para o cérebro possuem um prognóstico mais desfavorável.[4]

Complicações dos abscessos dentais incluem:[6]

Dentes com abscesso periapical necessitam de um tratamento endodôntico ou exodontia do dente associado, com ou sem drenagem do abscesso, para resolução dos sintomas.[4] Abscessos periodontais requerem drenagem do abscesso e subsequente terapia periodontal após resolução dos sintomas agudos.[5]

Referências

  1. a b c d e f g Gonçalves, Francisco Nathizael Ribeiro; Rodrigues, Ranyele Elis Alexandre; Borges, Marcela Maria Costa; Santos, Amanda Brito; Paula, Ana Letícia Linhares De Sousa; Souza, Emily Nicole Ximenes; Benigno, Brenda Gabriela Silva; Borges, Marcela Maria Costa; Rodrigues, Ranyele Elis Alexandre (25 de abril de 2024). «TRATAMENTO ENDODÔNTICO EM DENTES COM ABCESSO DENTOALVEOLAR: UM RELATO DE CASO». Revista CPAQV - Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida (1). ISSN 2178-7514. doi:10.36692/V16N1-46. Consultado em 7 de dezembro de 2024 
  2. a b Figueiredo, M. A. ; Queiroz (4 de junho de 2013). «Abscesso periodontal: diagnóstico e tratamento. Relato de caso». Abscesso periodontal: diagnóstico e tratamento. Relato de caso (Especial 2): 0–0. Consultado em 7 de dezembro de 2024 
  3. a b c d e Fan, Kathleen F. M.; Jones, Judith (2009). Osces for dentistry 2. ed ed. Knutsford: PasTest 
  4. a b c d e f g h i j Sanders, Justin L.; Houck, Richard C. (2024). «Dental Abscess». Treasure Island (FL): StatPearls Publishing. PMID 29630201. Consultado em 7 de dezembro de 2024 
  5. a b c d e Rodrigues, Jéssica Enes Morais; Cangussu, Isabela Santana; Figueiredo, Nelson Ferreira de (4 de maio de 2017). «Abscesso periapical versus periodontal: Diagnóstico diferencial - Revisão de literatura». Arquivo Brasileiro De Odontologia. 11 (1): 5-9. Consultado em 7 de dezembro de 2024 
  6. «Toothache and Infection - Toothache and Infection». MSD Manual Professional Edition (em inglês). Consultado em 7 de dezembro de 2024