Mutavaquil I – Wikipédia, a enciclopédia livre
Mutavaquil I | |
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7º Califa Abássida no Cairo | |
Reinado | 1362 — 1377 1377 — 1383 1389 — 1406 |
Antecessor(a) | Almutadide I Almostacim Almostacim |
Sucessor(a) | Almostacim Aluatique II Almostaim |
Morte | 1406 |
Herdeiro(a) | Almostaim |
Dinastia | Abássida |
Pai | Almutadide I |
Filho(s) | Almostaim Almutadide II Almostacfi II Alcaim Almostanjide II |
Abul Abedalá Mutavaquil Ala Alá (em árabe: أبو عبد الله محمد المتوكل على الله; romaniz.: Abu Abd Allah al-Mutawakkil ala Allah), dito Mutavaquil I do Cairo[1] (em árabe: المتوكل على الله الأول), foi o sétimo califa abássida do Cairo sob os sultões mamelucos do Egito em três períodos diferentes, intercalados pelo califado dos filhos de Aluatique I. O primeiro entre 1362 e 1377, depois entre 1377 e 1383 e finalmente entre 1389 e 1406.
Seu califado foi marcado por uma mudança importante no estado mameluco, a tomada do poder pelo mameluco búrjida Barcuque.
História
[editar | editar código-fonte]Almançor Salá Asim Maomé, filho de Almuzafar Ceifadim Haji, foi feito sultão com apenas quatorze anos de idade sucedendo ao seu tio Um Nácer Haçane. Ele foi deposto em 1363 e seu primo, Al-Ashraf Sha'ban Zayn ad-Din, filho de Um Nasir al-Hasan, de doze anos lhe sucede, tendo como tutor o emir de origem mongol Yalbogha al-Umari.[2] Na Anatólia, os otomanos se tornaram uma força a ser reconhecida pelos vizinhos. O imperador bizantino João V Paleólogo tenta, sem sucesso, conseguir aliados no ocidente em troca da união religiosa. O papa Inocêncio VI que, como seu antecessor, está baseado em Avinhão, reconstruiu a liga antiturca envolvendo Chipre, Veneza e os Cavaleiros de Rodes, reagrupando-os em Esmirna em 1357. Ele então encarregou o patriarca latino de Constantinopla Pedro Tomás das negociações com João V, que fracassaram.[3]
A crueldade de Yalbogha acabou provocando o ódio da população do Cairo e ele terminou morto numa tentativa de derrubar o sultão. Os emires se revoltaram sob a liderança de Barcuque, um mameluco de origem circássio que havia sido comprado por Yalbogha. Os insurgentes foram derrotados e Barcuque se refugiou na Síria, mas o sultão Zaim Adim Xabam foi morto. Em 1376, seu filho Almançor Aladim Ali, que tinha apenas dez anos de idade, o sucedeu tendo Barcuque como tutor.[4]
Em 1377, o califa Mutavaquil foi brevemente substituído pela primeira vez por Zacarias Almostacim, filho de Aluatique I. Em 1381-82, Sale Zaine Adim Haji sucedeu ao irmão como sultão, mas foi derrubado por Barcuque, que convenceu os emires a entregarem o poder a um homem e não a uma criança.[4] Em 1383, o califa Mutavaquil I se tornou uma peça-chave num complô para reverter o golpe de Barcuque. Ele foi preso e levado a julgamento, com o usurpador pedindo a sua morte. Finalmente, a acusação é considerada ilegal.[5] Porém, Barcuque obriga Mutavaquil a renunciar e coloca em seu lugar Omar Aluatique, que é sucedido por seu irmão Almostacim (que também fora derrubado anos antes) três anos depois.[6]
Em 1389, o sultão Barcuque foi derrubado por um breve período por conta de uma revolta dos emires liderada pelo governador de Alepo. Barcuque então demonstra alguma covardia ao refugiar-se na cidadela do Cairo aos pés do califa e abdica. Os insurgentes então colocam Ali Almançor Aladim no poder.[5] Mutavaquil prudentemente se manteve à distância das intrigas políticas e, quando Barcuque voltou ao poder em 1405, o califa foi restaurado.[6]
Barcuque morreu em junho de 1399 e está enterrado num cemitério ao norte do Cairo. Seu filho, Nácer Alfaraje, o sucedeu e seu foi brevemente interrompido por seu irmão, Almançor Abdalazize, em 1405. Em 1406, Mutavaquil I morreu e seus filhos e descendentes serão califas até a extinção da função em 1517.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Mutavaquil I Nascimento: ? Morte: 1406 | ||
Precedido por: Almutadide I | Califas do Cairo 1362–1377 | Sucedido por: Almostacim |
Precedido por: Almostacim | Califas do Cairo 1377–1383 | Sucedido por: Aluatique II |
Precedido por: Almostacim | Califas do Cairo 1389–1406 | Sucedido por: Almostaim |
Referências
- ↑ Gonçalves 2011, p. 400.
- ↑ André Clot. L'Égypte des Mamelouks 1250-1517. L'empire des esclaves. Le temps des crises / Horreurs et splendeurs. [S.l.: s.n.] p. 150
- ↑ Donald MacGillivray Nicol. Dictionnaire historique de l'islam. Byzance vassale des Turcs. Le règne de Jean V Paléologue. [S.l.: s.n.] p. 285
- ↑ a b André Clot. L'Égypte des Mamelouks 1250-1517. L'empire des esclaves. Le temps des crises / Les années de sang. [S.l.: s.n.] p. 158
- ↑ a b André Clot. L'Égypte des Mamelouks 1250-1517. L'empire des esclaves. Le temps des crises / Barkouk. [S.l.: s.n.] p. 158
- ↑ a b (em inglês) M. W. Daly & Carl F. Petry (1998). The Cambridge History of Egypt: Islamic Egypt, 640-1517. The regime of Circassian Mamlūks. 1. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 303. 672 páginas. ISBN 978-0-521-47137-4
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Gonçalves, Henriqueta Maria (2011). Metamorfoses: 25 anos do Departamento de Letras Artes e Comunicação. UTAD, Vila Real, Portugal: DLAC - Departamento de Letras Artes e Comunicação. ISBN 978-989-704-012-2
- «Biography of Al-Mutawakkil I» (em árabe). Islampedia.com. Consultado em 29 de novembro de 2012. Arquivado do original em 11 de junho de 2008
- Garcin, Jean-Claude (1967). «Histoire, opposition, politique et piétisme traditionaliste dans le Ḥusn al Muḥādarat de Suyûti» [History, opposition, politics and traditionalistic pietism in Suyuti's Ḥusn al Muḥādarat] (PDF). Institut Français d'Archéologie Orientale. Annales Islamologiques (em francês). 7: 33–90. Consultado em 22 de julho de 2010. Arquivado do original (PDF, 14.62 MB) em 24 de julho de 2011
- Holt, P. M. (1984). «Some Observations on the 'Abbāsid Caliphate of Cairo». University of London. Bulletin of the School of Oriental and African Studies (subscription required) . 47 (3): 501–507. JSTOR 618882