Xou da Xuxa 3 – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para o álbum em espanhol de 1992, veja Xuxa 3 (álbum em espanhol).
Xou da Xuxa 3
Xou da Xuxa 3
Álbum de estúdio de Xuxa
Lançamento 11 de julho de 1988 (1988-07-11)
Gravação 1987—1988
Estúdio(s)
Gênero(s)
Duração 50:42
Idioma(s) português
Formato(s)
Gravadora(s) Som Livre
Produção
Cronologia de Xuxa
Xegundo Xou da Xuxa
(1987)
4.º Xou da Xuxa
(1989)

Xou da Xuxa 3 é o quarto álbum de estúdio da cantora e apresentadora brasileira Xuxa, lançado em 11 de julho de 1988, pela gravadora Som Livre.

Antes do lançamento, Xuxa já havia estabelecido uma carreira de sucesso na televisão e na música. Seu programa Xou da Xuxa, iniciado em 1986 na TV Globo se tornou um fenômeno entre o público infantil, e seus álbuns anteriores Xou da Xuxa (1986) e Xegundo Xou da Xuxa (1987), foram massivamente bem-sucedidos, vendendo milhões de cópias. Este sucesso pavimentou o caminho para a produção do Xou da Xuxa 3.

O processo de produção do álbum envolveu uma rigorosa seleção de músicas, das quais 13 foram escolhidas para compor o disco. A gravação ocorreu ao longo de 30 dias, com Xuxa demonstrando grande dedicação ao projeto. As músicas foram testadas com crianças em escolas públicas do Rio de Janeiro, cuja reação influenciou a seleção final das faixas.

O álbum foi amplamente promovido na televisão, especialmente no programa Xou da Xuxa, e incluiu sucessos como "Ilariê", "Brincar de Índio", "Arco-Íris", "Abecedário da Xuxa" e "Dança da Xuxa". "Ilariê" destacou-se como a música mais tocada nas rádios brasileiras em 1988, alcançando também sucesso internacional.

Com seu expressivo desempenho comercial, com estimativas de vendas que variam de 4 até 5 milhões de cópias, Xou da Xuxa 3 garantiu a Xuxa um lugar no Guinness World Records e consolidou sua posição como uma das artistas mais populares do Brasil. O álbum foi relançado diversas vezes e continua sendo um dos marcos mais significativos da música infantil no país.[1]

Em 1988, Xuxa Meneghel consolidou-se como a artista de maior sucesso da América Latina, amplamente reconhecida por sua influência tanto na música quanto na televisão.[2] Após o sucesso de Xou da Xuxa (1986) e Xegundo Xou da Xuxa (1987), que estabeleceram novos padrões para vendas de álbuns infantis no Brasil, Xuxa preparava-se para lançar seu terceiro álbum, Xou da Xuxa 3.[2]

Neste período, Xuxa não era apenas uma cantora de sucesso, mas também uma figura central na televisão brasileira, com seu programa Xou da Xuxa dominando a audiência infantil.[3][4] Apenas Roberto Carlos tinha números tão expressivos em vendas de discos quanto ela.[5] A sua marca já havia demonstrado um poder comercial significativo, refletido em vendas massivas e forte presença na mídia.[3][4]

Produção e gravação

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A produção do álbum envolveu uma pré-seleção de 200 composições feita por Michael Sullivan e Paulo Massadas, produtores do álbum, que foram submetidas à avaliação de Xuxa e sua empresária, Marlene Mattos, sem a revelação dos nomes dos compositores, para garantir imparcialidade na escolha das faixas.[6] Após esse processo, 13 músicas foram selecionadas para compor a lista de faixas.[6]

As gravações ocorreram nos estúdios da SIGLA, Mix, e Lincoln Olivetti ao longo de aproximadamente 30 dias, durante os quais Xuxa demonstrou dedicação ao projeto, chegando a gravar nas madrugadas e fins de semana.[4][7] Outro aspecto da produção foi o envolvimento direto do público-alvo: após a gravação das músicas, a produção da Som Livre levou o material para escolas públicas no Rio de Janeiro, onde as crianças ouviram as canções e as avaliaram, dando notas de 0 a 10.[6] As músicas que obtiveram as melhores avaliações foram incluídas no álbum.[6] Além disso, durante os intervalos das gravações do programa Xou da Xuxa, as músicas eram tocadas, e a reação das crianças influenciava a decisão final sobre sua inclusão no disco.[6]

Entre as músicas gravadas e incluídas está "Arco Íris", que foi feita especialmente para o filme Super Xuxa contra Baixo Astral, mas Xuxa gostou tanto da música que decidiu incluí-la no disco.[4] Uma canção que chegou a ser considerada para o álbum foi a balada "Bela BB", composta pela cantora brasileira Rita Lee, a faixa fazia referência à atriz francesa Brigitte Bardot.[8]

Сom relação a capa e o encarte, a criação e ilustrações são de Reinaldo Waisman, enquanto arte foi feita por Duncan e as fotos por André Wanderley.[7] O álbum contou com um poster colorido da apresentadora como atrativo adicional.[6]

Lançamento e relançamentos

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O álbum foi lançado oficialmente em 11 de julho de 1988, inicialmente no formato LP.[7] Algumas semanas após foi disponibilizada a versão em K7,[9] seguida, em agosto do mesmo ano, pelo lançamento da versão em CD, marcando o primeiro disco da artista a ser disponibilizado nesse formato.[10]

O LP continuou a ser distribuído até meados de 1993, enquanto a Som Livre ainda era fabricada e distribuída pela BMG Ariola. O CD foi relançado várias vezes, com pequenas alterações, nos anos de 1992,[11] 1994,[11] 1995,[12] e 2006,[13] tornando-se o álbum mais relançado da carreira de Xuxa até então. Além disso, uma edição foi distribuída em Israel em 1991, capitalizando o sucesso do single "Ilariê" naquele país.[14]

Na comemoração de 50 anos de Xuxa e 30 anos de carreira, a Som Livre e a Xuxa Produções lançaram em junho do mesmo ano, a Coleção Xou da Xuxa, com os sete CDs “Xou da Xuxa” e um CD com material de arquivo, de diferentes fases da carreira da apresentadora.[15][4][16]

Promoção e divulgação

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A estratégia incluiu a exibição de um programa especial na TV Globo, destacando o novo repertório do álbum, além de anúncios em televisão de cinco e dez segundos que eram exibidos quatro vezes por dia no canal e participação em programas de destaque como Globo de Ouro e a revista eletrônica Fantástico.[6]

Além disso, a canção "Arco-Íris" teve o apoio do filme Super Xuxa Contra Baixo Astral, ao ser incluída em sua trilha sonora.[6]

O único single a ser lançado em formato físico nas rádios foi o de "Ilariê" (lançado em Israel, em 1990)[17] que se tornou a música mais tocada nas rádios brasileiras em 1988, permanecendo por 20 semanas consecutivas em 1º lugar nas paradas de sucesso.[18][19] Composta pelo cantor baiano Cid Guerreiro a pedido de Marlene Mattos, a música foi criada para ser uma faixa dançante e contagiante, semelhante aos sucessos que Guerreiro já emplacava nas rádios.[18][19] O título "Ilariê" foi inspirado na palavra "hilário", em referência ao estilo alegre e humorístico de Xuxa.[18][19]

O sucesso de "Ilariê" ultrapassou as fronteiras do Brasil, sendo gravada em 80 dialetos diferentes, incluindo uma versão em chinês interpretada pelo trio feminino I.N.G.[18][19] O hit se tornou um dos maiores êxitos da carreira de Xuxa e foi executado nas rádios ao lado de outras grandes músicas, como "Faz Parte do Meu Show", de Cazuza.[18][19]

A série de shows que promoveu o disco se iniciou em agosto de 1988 e encerrou em dezembro do mesmo ano.[4] Com o nome "Xou da Xuxa 88", a turnê passou por diversas capitais, tais como São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre.[4]

Desempenho comercial e legado

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Com a crise do mercado fonográfico em mente, a gravadora Som Livre investiu pesadamente no lançamento do álbum, distribuindo 800 mil cópias no dia do lançamento e planejando a distribuição de um milhão de cópias até o final do mês.[6] Em entrevista, o diretor de marketing da Som Livre, Heleno de Oliveira, afirmou: "Estamos lançando na semana que vem o Xou da Xuxa número três que vai dar uma sacudida no mercado. Já saímos com um milhão de cópias para as lojas e devemos vender mais um milhão até o fim do ano.[20]

Nas paradas musicais o álbum atingiu o topo da lista na tabela de mais vendidos do Jornal do Brasil,[21][22] e foi o décimo quinto mais vendido do ano de 1988 no país, de acordo com a Nelson Oliveira Pesquisa e Estudo de Mercado (Nopem).[23] Devido ao sucesso, Xuxa se tornou a primeira artista a superar a marca de 3 milhões de cópias vendidas com um único LP.[4] A partir desse feito, a Som Livre passou a investir na carreira internacional da apresentadora, que lançou um álbum em espanhol no ano seguinte.

Em 1994, o disco foi incluído na edição brasileira do Guinness World Records por ter atingido cerca de 3,2 milhões de cópias vendidas no país, sendo considerado o álbum mais vendido até então.[24][4][25][26] Ainda nos anos 90, o Jornal do Brasil informou que o trabalho tinha superado 3,7 milhões comercializadas.[27]

Em 2010, a revista Super Interessante apontou que o álbum Xou da Xuxa 3 teria vendido 3.216.000 cópias, sendo o segundo mais vendido no Brasil, atrás do álbum Músicas Para Louvar ao Senhor, do Padre Marcelo Rossi.[28] A informação, baseada no livro Os 10 Mais (2008),[28] considerou apenas as vendas do ano de lançamento, sem incluir relançamentos posteriores em CD, K7 e formatos digitais.

Fontes mais contemporâneas afirmam que as vendas atingiram 4 milhões,[29] ou até mesmo 5 milhões de cópias no Brasil,[30][31][32] o que o torna o mais vendido da história fonográfica brasileira.[31][4][33] Na lista dos dez álbuns mais vendidos do Brasil feita pelo G1 o álbum aparece na primeira posição com 5 milhões de cópias, sendo seguido por Músicas Para Louvar ao Senhor com 3.3 milhões e Leandro & Leonardo (1990) com 3.2 milhões.[31]

Lista de faixas

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  • Créditos adaptados do encarte do LP Xou da Xuxa 3, de 1988.[7]
N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "Ilariê"  
5:39
2. "Bombom"   4:22
3. "O Praga É Uma Praga"  
  • Reinaldo Waisman
  • Michel Bijou
3:40
4. "Xuxerife"  
2:54
5. "Beijinhos Estalados"  
4:36
6. "Coração Criança"  
  • Sullivan
  • Massadas
3:45
7. "Brincar de Índio"  
  • Sullivan
  • Massadas
4:20
8. "Dança da Xuxa"   3:20
9. "Eu Não"  
  • Dani
  • Luiz Otávio
2:27
10. "Abecedário da Xuxa"   3:22
11. "Arco-Íris"  
  • Sullivan
  • Massadas
  • Ana Penido
4:36
12. "Apolo"  
  • Sullivan
  • Massadas
3:25
13. "Viver"  
  • Neuma Morais
  • Neon Morais
4:16
Duração total:
50:42
  • Fonte: LP Xou da Xuxa 3[7]
  • Produzido por: Michael Sullivan e Paulo Massadas
  • Coordenação artística: Max Pierre
  • Engenheiro de gravação e mixagem: Jorge "Gordo" Guimarães
  • Engenheiros adicionais (Som Livre): Luiz Paulo, Edu, D'Orey, Mario Jorge e Beto Vaz (estúdio Mix) Andy Mills, João Damasceno e Paulo Henrique
  • Assistentes de estúdio (Som Livre): Sergio Rocha, Ivan Carvalho, Marcelo, Serodio, Marquinhos, Cezar Barbosa, Billy, Octavio "Chambinho", Alexandre Ribas, Julio Martins, Julio Carneiro, Claudio Oliveira, Marcos André, Loba e Marcio Barros
  • Arregimentação: Jorge Correa
  • Edição - Ieddo Gouvea
  • Back Vocals: As Paquitas (Ana Paula Guimarães, Anna Paula Almeida, Priscila Couto, Tatiana Maranhão, Roberta Cipriani, Andréia Faria, Louise Wischermann)

Certificação e vendas

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País / Certificadora Certificações Vendas estimadas
 Brasil 3× Diamante 4.000.000[29] / 5.000.000[31]

Referências

  1. Amanda Figueiredo (27 de março de 2014). «Xuxa 51 anos: momentos marcantes da rainha dos baixinhos». M de Mulher. Consultado em 24 de maio de 2014 
  2. a b «Brasileira vai mal... mas a Xuxa vai bem». Jornal da Orla 752 ed. São Paulo. 17 de julho de 1988. p. 17. Consultado em 13 de agosto de 2024 
  3. a b «Xou da Xuxa - Curiosidades». Memória Globo. Consultado em 17 de fevereiro de 2015 
  4. a b c d e f g h i j «Som Livre: Crescimento». Memória Roberto Marinho. Consultado em 18 de fevereiro de 2015. Arquivado do original em 18 de fevereiro de 2015 
  5. Gustavo Miller e Laura Brentano (2 de julho de 2011). «Fotos ao redor do mundo que imitam pose da Xuxa viram hit no Facebook». G1. Consultado em 17 de fevereiro de 2015 
  6. a b c d e f g h i «Crise? Que Crise?». Jornal do Brasil 101 ed. 19 de julho de 1988. p. 6 (Caderno B). Consultado em 13 de agosto de 2024 – via Biblioteca Nacional / Hemeroteca Digital 
  7. a b c d e (1988) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [LP]. Brasil: Som Livre (406.0028).
  8. «Folha de S.Paulo - Rita Lee prepara livro "sensorial" - 18/7/1996». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 22 de março de 2018 
  9. (1988) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [k7]. Brasil: Som Livre (746.0028).
  10. (1988) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [CD]. Brasil: Som Livre (401.0020).
  11. a b (1992) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [CD]. Brasil: Som Livre (400.1132).
  12. (1995) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [CD]. Brasil: Som Livre (2075-2).
  13. (2006) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [CD]. Brasil: Som Livre (4103-2).
  14. (1988) Créditos do álbum Xou da Xuxa 3 por Xuxa [CD]. Israel: Hed-Arzi; Som Livre (400.1132).
  15. «Coleção Xou da Xuxa». Xuxa.com. Arquivado do original em 7 de agosto de 2013 
  16. «25 anos de Xou da Xuxa 3». Xuxa.com. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2013 
  17. (1990) Créditos do álbum Ilariê por Xuxa [LP]. Israel: Hed-Arzi (D. J 1933).
  18. a b c d e Renata Reif (31 de maio de 2012). «Cid Guerreiro: "Não ganho como deveria com 'Ilariê'». Internet Group 
  19. a b c d e Blog do Curioso (12 de junho de 2009). «Versão chinesa de Ilariê» 
  20. Goldberg, Simone (10 de julho de 1988). «Inflação chega ao mundo da música e disco vende menos». Jornal do Commercio 230 ed. Rio de Janeiro. p. 15. Consultado em 30 de abril de 2020 
  21. Jornal do Brasil. "Crise? Que Crise?" (18/07/1988).
  22. a b «Discos / Os mais vendidos». Jornal do Brasil. 98 (115). 1 de agosto de 1988. Consultado em 19 de novembro de 2017 .
  23. a b Vicente, Eduardo. «Listagens Nopem 1965-1999». Academia.edu. Consultado em 13 de novembro de 2022. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2022 
  24. «Sem saber cantar, Xuxa vendeu 2,5 milhões de cópias de "Xou da Xuxa"». UOL. Consultado em 2 de julho de 2016 
  25. Ana Carolina Prado (18 de maio de 2009). «40 anos de Som Livre: uma história contada pelas novelas da Rede Globo». Rede Globo. Consultado em 24 de maio de 2014. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2015 
  26. «50 anos de Xuxa: os números e os recordes da Rainha dos Baixinhos». R7. 27 de março de 2013. Consultado em 24 de maio de 2014 
  27. Jardim, Vera (29 de novembro de 1997). «É brincadeira!». Jornal do Brasil. Rio de Janeiro. Consultado em 30 de abril de 2020 
  28. a b Prado, Ana Carolina (22 de julho de 2010). «Os 10 discos mais vendidos no Brasil até hoje». Super Interessante. Consultado em 13 de agosto de 2024 
  29. a b Oliveira, Sabrina (30 de julho de 2023). «Xuxa: A trajetória da rainha dos baixinhos e seu império de entretenimento». Diário da Manhã. Consultado em 11 de agosto de 2024 
  30. Rodrigo, Levino (2 de julho de 2011). «A "rainha dos baixinhos" sobrou entre os grandinhos». Veja. Consultado em 18 de fevereiro de 2015 
  31. a b c d «Início, quem mais vendeu, álbum com mais cópias: as curiosidades e os números do pop rock no Brasil». G1. 11 de abril de 2024. Consultado em 1 de agosto de 2024 
  32. Nascimento, Sandro (2 de fevereiro de 2018). «Natelinha Uol». https://natelinha.uol.com.br/. Natelinha UOL. Consultado em 4 de novembro de 2019 
  33. «Início, quem mais vendeu, álbum com mais cópias: as curiosidades e os números do pop rock no Brasil». G1. 11 de abril de 2024. Consultado em 1 de agosto de 2024