Brasil na Copa do Mundo FIFA de 1982 – Wikipédia, a enciclopédia livre
Brasil 5º lugar | |
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Associação | CBF |
Confederação | CONMEBOL |
Participação | 12º (todas as Copas) |
Melhor resultado anterior | Campeão: 1958, 1962, 1970 |
Técnico | Telê Santana |
A edição de 1982 da Copa do Mundo marcou a décima segunda participação da Seleção Brasileira de Futebol nessa competição. É o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persistirá até pelo menos a edição da Copa de 2026.
O treinador foi Telê Santana e o capitão Sócrates. [1] O Brasil terminou na quinta colocação. [2]
Eliminatórias
[editar | editar código-fonte]A Seleção comandada por Telê contava com um elenco repleto de grandes jogadores como Éder, Falcão, Júnior, Paulo Isidoro, Reinaldo, Sócrates e Zico, os brasileiros tinham pela Venezuela e Bolívia na eliminatórias.
No entanto, a Seleção Brasileira teve certa dificuldade para vencer os venezuelanos, em Caracas, e os bolivianos em La Paz. No Brasil, foram duas vitórias tranquilas. No primeiro compromisso, o time canarinho bateu a Bolívia. No último encontro, já classificada para o Mundial, a Seleção goleou a Venezuela. Com quatro vitórias em quatro jogos, o Brasil confirmou sua participação pela 12ª vez seguida em uma Copa do Mundo.
Partidas
[editar | editar código-fonte]- Grupo 1 - Ida
8 de fevereiro de 1981 | Venezuela | 0 - 1 | Brasil | Estádio Olímpico, Caracas Árbitro: Barreto Ruiz URU |
Echenaussi | (Sumário) | Zico 82' (pen.) Paulo Isidoro Zé Sérgio |
22 de fevereiro de 1981 | Bolívia | 1 - 2 | Brasil | Estadio Hernando Siles, La Paz Árbitro: Enrique Labo Revoredo PER |
Carlos Aragonés 36' | (Sumário) | Socrates 6' Reinaldo 61' |
- Grupo 1 - Volta
22 de março de 1981 | Brasil | 3 - 1 | Bolívia | Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro Árbitro: Castro Makuc CHI |
Zico 24', 53' e 85' | (Sumário) | Carlos Aragonés 68' |
29 de março de 1981 | Brasil | 5 - 0 | Venezuela | Estádio Serra Dourada, Goiânia Árbitro: J. Romero ARG |
Tita 36', 59' e 75' Socrates 56' Junior 84' | (Sumário) |
Classificação | Seleção | Pts | J | V | E | D | GP | GC | SG |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1 | Brasil | 8 | 4 | 4 | 0 | 0 | 11 | 2 | 9 |
2 | Bolívia | 2 | 4 | 1 | 0 | 3 | 5 | 6 | -1 |
3 | Venezuela | 2 | 4 | 1 | 0 | 3 | 1 | 9 | -8 |
Brasil classificado.
Artilheiros do Brasil
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Assistências do Brasil[editar | editar código-fonte]
Preparação para a Copa do Mundo[editar | editar código-fonte]Classificado para o Mundial da Espanha, a Seleção Brasileira fez uma excursão vitoriosa pela Europa e venceu em Wembley, pela primeira vez em sua história, a Inglaterra por 1 a 0. Depois passou pela França em Paris e venceu por 3 a 1. [3] e pela Alemanha Ocidental em Stuttgart por 2 a 1. Segundo Valle & Policeno: "É muito devido a essa excursão que, ainda hoje, se discute o "time perfeito".[4] Pela segunda vez em sua história, O Brasil convocou jogadores que atuavam fora do país: Dirceu, do Atlético de Madrid, e Falcão, da Roma. Em 1934, Patesko, do Nacional de Montevidéu e Luiz Luz, do Peñarol, foram convocados embora fossem registrados como jogadores do Botafogo e do Grêmio. Antes da Copa, o lateral Júnior lançou um compacto com a música Povo Feliz que ficou conhecido por "Voa Canarinho", que vendeu mais de 700 mil cópias. Este samba embalava as reportagens que mostravam os gols da Seleção naquele mundial, e seguia como trilha-sonora da equipe. [5] Convocados[editar | editar código-fonte]O técnico Telê Santana convocou os seguintes jogadores para o 12º Campeonato Mundial de Futebol:
Escalação[editar | editar código-fonte]Primeira Fase[editar | editar código-fonte]Brasil x União Soviética[editar | editar código-fonte]Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Falcão, Sócrates e Zico; Dirceu (Paulo Isidoro), Serginho e Éder. Brasil x Escócia[editar | editar código-fonte]Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. Brasil x Nova Zelândia[editar | editar código-fonte]Waldir Peres, Leandro, Oscar (Edinho), Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder Oitavas de Final[editar | editar código-fonte]Brasil x Argentina[editar | editar código-fonte]Waldir Peres, Leandro (Edevaldo), Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico (Batista); Serginho e Éder. Quartas de Final[editar | editar código-fonte]Brasil x Itália[editar | editar código-fonte]Waldir Peres, Leandro, Oscar, Luizinho e Junior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. A Copa[editar | editar código-fonte]Primeira Fase[editar | editar código-fonte]A Copa do Mundo de 1982 foi disputada com 24 seleções. Os participantes foram divididos em seis grupos de quatro. Os dois primeiros de cada chave avançavam para a segunda fase. Cabeça-de-chave, a Seleção Brasileira caiu no Grupo F, junto com a União Soviética, Escócia e Nova Zelândia. A estréia da Seleção Brasileira diante dos soviéticos, em Sevilla, ficou um pouco aquém das expectativas. Com a defesa brasileira falhando em várias oportunidades, a União Soviética abriu o placar com Andrey Bal, aos 33 minutos do primeiro tempo, após falha do goleiro Valdir Peres, que não conseguiu segurar o arremate. O Brasil só conseguia levar perigo à área soviética através de chuverinhos facilmente neutralizados pelo goleiro Dasayev. O árbitro espanhol Lamo Castillo ainda deixou de assinalar dois pênaltis a favor da União Soviética, quando os soviéticos venciam por 1 a 0. Até que na metade final da partida, brilhou o talento individual dos brasileiros. A Seleção pressionou os soviéticos até marcar o gol de empate aos 29 minutos, depois de Sócrates driblar dois adversários e chutar forte de fora da área. A poucos minutos do final da partida, Paulo Isidoro cruzou a bola pela esquerda, que Falcão deixou passar entre as pernas e sobrou para Éder Aleixo. O atacante do Atlético Mineiro dominou a bola e chutou forte, sem deixá-la cair, e marcou o gol da vitória brasileira.
No segundo compromisso, foi a vez dos escoceses sofrerem. No primeiro tempo, um susto. David Narey abriu o placar, aos 18 minutos, com um chute de fora da área. Mas a Seleção teve tranqüilidade para empatar o jogo. Após uma linda tabela no ataque, Toninho Cerezo foi derrubado. Zico cobrou a falta com perfeição, no ângulo esquerdo do goleiro Rough, e empatou o jogo, aos 33 da etapa inicial. Na etapa complementar, a Seleção Canarinho chegou ao gol da virada logo aos 3 minutos. Após cobrança de escanteio, Oscar subiu sozinho e cabeceou para o fundo do gol escocês. Aos 18 minutos, em um contra-ataque rápido, Sérginho Chulapa tocou para Éder, que de cobertura, marcou um belo gol. A Seleção fechou o placar aos 42 minutos. Depois de a bola passar pelos pés de Éder e Cerezo, Sócrates ajeitou para Falcão, que de fora da área acertou a meta do goleiro escocês.
Para a terceira partida, com o Brasil já classificado, Telê Santana queria poupar jogadores, mas os craques da seleção não deixaram. "Pressionaram o Telê" recorda Edinho: "E ele teve que ceder. Havia, para alguns, muita coisa em jogo: ser artilheiro da copa, entrar na seleção do mundial, fazer o gol mais bonito, ser o craque da Copa e se transferir para a Europa. O raciocínio era individual". [6]. O Brasil arrasou a Nova Zelândia com uma goleada 4 a 0. Aos 28 minutos, Zico abriu o placar com um gol de placa. Leandro cruzou da lateral direita e Zico, com um voleio, pegou de primeira. Ele também faria o segundo gol aos 31. No segundo tempo, a Seleção completou a goleada. Primeiro com Falcão - que deixou sua marca aos 19 - e Éder, aos 25 minutos, em lance de pura magia.
Segunda Fase[editar | editar código-fonte]Nesta etapa, os classificados foram divididos em quatro grupos de três seleções, e o primeiro colocado de cada chave avançava para as semifinais. A Seleção Brasileira caiu no Grupo 3, com a Argentina e Itália. Mas o sonho do tetracampeonato esbarrou no atacante italiano Paolo Rossi, que buscava reabilitação pessoal, depois de quase nem disputar o Mundial, por seu envolvimento no escândalo da loteria esportiva italiana em 1980. No auge da carreira, ele foi condenado a três anos de suspensão ao se envolver em um esquema para forjar o resultado de um jogo de seu time, o Perugia. A pena foi reduzida para dois anos após apelo e, imediatamente convocado, Paolo Rossi pôde disputar o Mundial. Na primeira partida da segunda fase, a Seleção encarou sua grande rival Argentina, atual campeão mundial. Os hermanos contavam com a então promessa Diego Maradona, que disputava sua primeira Copa. Apesar de ter sido um jogo disputado, o Brasil praticamente não foi ameaçado pela Argentina. O primeiro gol do escrete canarinho viria aos 11 minutos da primeira etapa. Depois de falta de Daniel Passarella sobre Serginho Chulapa, Éder cobrou a falta e mandou um chute forte. Ubaldo Fillol espalmou a bola, que pegou no travessão. No rebote, Zico só empurrou para o fundo do gol argentino. No segundo tempo, a Seleção manteve o domínio sobre os arqui-rivais. Após um toque de bola envolvente, Falcão recebeu passe livre na grande área. O meio-campo da Roma deu um toque sutil para Serginho Chulapa, que de cabeça, ampliou o placar. O show terminou em grande estilo, com mais uma jogada que começou com toque de bola no campo onfensivo. Junior tabelou com Zico e recebeu livre para fulminar a meta argentina, aos 30 minutos. O meia Maradona ainda seria expulso aos 40 minutos do segundo tempo, após cometer uma falta violenta em Batista, e Ramón Díaz descontaria aos 44. Este resultado eliminava a Argentina da competição, já que os atuais campeões mundiais haviam perdido seu primeiro compromisso para os italianos, por 2 a 1. O Brasil jogaria pelo empate contra os europeus para chegar às semi-finais.
Ao Brasil, bastaria um empate com os italianos para conquistar uma vaga nas semifinais da Copa de 1982. O clima de euforia fez com que todos dessem como certa a vitória, ainda mais porque a Itália fizera uma péssima primeira fase (terminando com três empates, apenas eliminando a seleção de Camarões, também com três empates, por ter marcado um gol a mais do que os africanos) e havia conquistado sua primeira vitória em quatro partidas apenas contra os argentinos. Antes do jogo, o presidente da CBF, Giulite Coutinho reuniu os jogadores e afirmou: "Consegui tudo que vocês queriam: dinheiro, motos, videocassetes, uma fortuna". Segundo Edinho em entrevista para a Placar em 1986: "os olhos de muito arregalaram" e só se falava em dinheiro. [6] Logo aos 5 minutos do primeiro tempo, o camisa 20 italiano recebeu sem marcação passe vindo da esquerda e cabeceou sem chances para Valdir Peres. Sócrates empatou sete minutos depois. Em falha de Toninho Cerezo, Rossi desempatou aos 25. A Seleção Brasileira chegou ao empate no segundo tempo. Cerezo, redimindo-se da falha anterior, puxou a marcação italiana e deixou Falcão livre para marcar, aos 23 minutos. Mas em mais uma bobeada da defesa brasileira, Paolo Rossi fez o terceiro gol italiano, aos 29. Antognoni ainda marcou o quarto gol da Azurra, anulado, e Dino Zoff fez, em suas palavras, a defesa mais importante de sua vida, ao defender uma cabeçada de Oscar em cima da linha. A derrota por 3 a 2 selou a desclassificação brasileira. Nessa partida, Telê Santana faria apenas uma substituição no jogo, repetindo Zagallo em 1974, Zagallo em 1998 e Dunga em 2010 como técnicos eliminados sem queimar todas as substituições permitidas. Segundo o jornalista Jorge Kajuru, na manhã do jogo Telê Santana, Falcão, Sócrates, Zico ficaram revoltados porque Éder negociou com uma "empresa brasileira forte" para quando houvesse um gol dele, comemoraria na frente da placa. "Isso aí era uma sacanagem, porque o gol ele não fazia sozinho. Ele recebia o passe, era um time, plural, não era singular.". [7] Edinho confirmou em entrevista para a Placar em 1986: "Éder e Sócrates ganhavam 1 000 dólares para comemorar cada gol perto da placa". [6] Esta partida memorável foi apelidada de "desastre do Sarriá" pelas Organizações Globo (jornal e TV), sob o argumento de que aquela seleção brasileira teria "encantado o mundo" com seu futebol e que por isso a derrota para a Itália seria uma "tragédia", um "desastre".[8] Outra interpretação prefere dar crédito à qualidade da seleção italiana, defendendo a ideia de que a Itália simplesmente era melhor.[9]
Artilharia[10][editar | editar código-fonte]
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