Complexo militar-industrial – Wikipédia, a enciclopédia livre

Presidente Dwight Eisenhower, famosa referência para o "complexo industrial-militar", em seu pronunciamento de despedida.[1]

Complexo militar-industrial (em inglês: Military-industrial complex) é um conceito normalmente usado para se referir ao relacionamento político entre as forças armadas de um governo nacional e a indústria, a fim de obter para o setor privado a aprovação política para pesquisa, desenvolvimento e produção, assim como o apoio para treinos militares, armas, equipamentos e instalações com a defesa nacional e a segurança política.[1] Este é um tipo de triângulo de ferro.

O termo é na maioria das vezes utilizado para se referir aos dos Estados Unidos, onde se popularizou após o seu uso pelo presidente Dwight D. Eisenhower, em seu discurso de despedida, embora o termo seja aplicável a qualquer país com uma infra-estrutura de desenvolvimento similar. Algumas vezes é amplamente usado para incluir toda a rede de contratos, fluxos de dinheiro e recursos tanto entre indivíduos quanto entre instituições com ganhos através de contratos de defesa, do Pentágono e o congresso. Este setor é intimamente propenso aos problemas de risco moral. Casos de corrupção política também são vistos com regularidade. Uma tese similar foi originalmente expressa por Daniel Guérin, em seu livro lançado em 1936: Facism and Big Business, sobre o governo fascista apoiando a industria pesada. Pode-se defini-lo como "uma aliança informal e diferente de grupos com investidas psicológicas, morais e materiais de interesses no desenvolvimento contínuo e a manutenção de fábricas armamentistas de altos níveis, na preservação de mercados coloniais e na concepção militar-estratégica de negócios internos".[2] Bancos foram considerados decisivos na entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, por exemplo.[3] Mais da metade da economia norte-americana era dependente do setor público em 1950, principalmente do exército.[4]

Segundo cientistas políticos, as guerras ao longo da história sempre beneficiam uma elite.[5] Na Revolução Americana, já se buscava estabelecer que as guerras dos Estados Unidos não podiam ter influências de interesses políticos e/ou econômicos.[6][7] Pessoas como James Madison alertavam dos riscos de se ter exércitos permanentes[8] e em geram, os federalistas eram a favor do pacifismo.[9] O Benjamin Constant já debatia a relevância da contraposição da liberdade dos povos guerreiros em detrimento dos comerciantes.[10] e outros autores brasileiros fizeram este mesmo debate em 1922.[11] O Carl Schmitt também faz esta discussão para o caso alemão.[12]

Atuais Aplicações

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O total gasto mundial em despesas militares em 2008 foi de US$1,46 trilhões de dólares americanos. Próximo da metade deste total, 528,7 bilhões de dólares, foi gasto pelos Estados Unidos.[13] A indústria armamentista também tem um envolvimento significante na pesquisa e desenvolvimento da tecnologia militar. A privatização da produção e investimento da tecnologia militar, conduz os EUA a um complicado relacionamento. Nele, o Pentágono é o comprador e a indústrias da guerra são os vendedores.[14]

Referências Culturais

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  • O cantor Bob Dylan, na música "Masters of War", escreveu sobre o complexo.
  • O escritor musical Gene McDaniels, na canção "Headless Heroes", também compôs sobre. Há um famoso boato de que Spiro Agnew contatou a Atlantic Records para que a música fosse retirada.[15]
  • O conceito do complexo militar-industrial foi aprofundada em 2005 no documentário Why We Fight.
  • A famosa despedida do presidente que criou este conceito é mostrado no inicio do filme de 1991: JFK.
  • Sequências da despedida é usada no trailer para o jogo de video game Army of Two.
  • Uma parte selecionada da oratória foi incluída no som "End of Days (Part 2)", pela banda Ministry no seu último álbum de estúdio The Last Sucker.
  • Na música "Bulls on Parade", da banda Rage Against The Machine, alude para um complexo militar-industrial. "(Armas não alimentam, não dão moradias, nem sapatos... Que nós não sabemos que os contratos sem mantêm vivos e em movimentos)"
  • Na série de ficção científica Ghost in the Shell, o termo é frequentemente usado para descrever o estado de certos países em seus futuros fixados. Em Ghost in the Shell: S.A.C. 2nd GIG, também retrata as tentativas da criação do complexo no Japão, significando um golpe de estado.
  • No video game Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots, o conceito manteve-se no mundo econômico por dinheiro, feitos através de constantes batalhas.
  • Na novela Nineteen Eighty-Four, é explicado que as intermináveis guerras foram somente por rasões econômicas, muito similar ao complexo militar-industrial.
  • Na novela Scarecrow, do escritor Matthew Reilly, tem como principais antagonistas, os líderes do mundo do complexo, determinados a iniciar uma guerra mundial para aumentar seus lucros.
  • No jogo Civilization Revolution, o Complexo Militar-Industrial é uma das maravilhas do mundo, que pode-se construir após o descobrimento de A Corporação.
  • O livro de Juan Bosch: Es Pentagonismo, Sustituto del Imperialismo (Pentagonismo, substituto do imperialismo), refere-se constantemente a isso e basea-se ao redor da teoria de que os Estados Unidos é uma sociedade "Pentagonizada", na qual a política internacional não é controlada pelo governo civil, ele é controlado pelo "Pentagonismo" que precisa frequentemente de guerras em qualquer lugar para poder gerar prosperamente a criação de industrias e empregos criados pelos contratos de manufatura de armas, etc.
  • O concerto-cinema Prophecies of War usa a oratória do presidende como base para a produção.

Referências

  1. a b «O Complexo Militar Industrial». Revista Veja. 11 de junho de 1969. Consultado em 10 de agosto de 2009. Arquivado do original em 8 de fevereiro de 2012 
  2. Pursell, C. (1972). The military-industrial complex. Harper & Row Publishers, New York, New York.
  3. “We are in great danger”: Ex-banker details how mega-banks destroyed America
  4. Why the US has really gone broke
  5. C. Wright Mills, The Power Elite (New York: Oxford University Press, 1956). Michael Soref, “Social Class and Division of Labor within the Corporate Elite,” Sociological Quarterly 17 (1976); and two works by Michael Useem: “The Social Organization of the American Business Elite and Participation of Corporation Directors in the Governance of American Institutions,” American Sociological Review 44 (1979), and The Inner Circle (New York: Oxford University Press, 1984).
  6. Ike was right all along: The danger of the military-industrial complex
  7. Rights of Man: Being an Answer to Mr. Burke's Attack on the French Revolution
  8. James Madison Quotes The Federalist Papers
  9. The Federalist Papers : No. 4. The Same Subject Continued: Concerning Dangers From Foreign Force and Influence For the Independent Journal. JAY Yale Law School
  10. Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos
  11. MOTTA, Marly Silva da. A nação faz cem anos: a questão nacional no centenário da independência. Rio de Janeiro: Editora FGV: CPDOC, 1992. 129 p.
  12. Schmitt, CARL. O conceito do político. 2009 Dunker & Humblot GmbH, Berlim. Tradução de Alexandre Meira de Sá. Página: 130-140
  13. Jamil Chade (9 de junho de 2009). «China é o 2º país que mais gasta em armas». Estadão. Consultado em 10 de agosto de 2009 
  14. «Pentágono pede US$ 189 bi para financiar guerras». BBC. 26 de setembro de 2007 
  15. Chris Dahlen (25 de agosto de 2004). «Os direitos musicais do Esquerdista Rev. McDaniels» (em inglês). The Wire. Consultado em 10 de agosto de 2009 

Ligações externas

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