Cuíca – Wikipédia, a enciclopédia livre
Cuíca Pwita | ||||||
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Classificação Organológica | ||||||
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A cuíca ou puíta (em Angola pwita) é um instrumento musical, semelhante a um tambor, com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno. O som é obtido friccionando a haste com um pedaço de tecido molhado e pressionando a parte externa da cuíca com dedo, produzindo um som de ronco característico. Quanto mais perto do centro da cuíca o dedo do instrumentista estiver, mais agudo será o som produzido.
Outras denominações para o instrumento: roncador, tambor-onça, porca, quica, adufe, omelê.[1]
O instrumentista da cuíca é chamado de cuiqueiro.[2][3][4][5]
Classificação
[editar | editar código-fonte]A classificação da cuíca é ambígua. Algumas classificações (por exemplo, Hornbostel–Sachs) dão a cuíca como exemplo de um membranofone friccionado. Outras qualificam-na como um idiofone friccionado, sendo a vibração da haste transmitida à membrana por contato.
Origens
[editar | editar código-fonte]A cuíca é um instrumento cujas origens são menos conhecidas do que os outros instrumentos afro-brasileiros. Em sua descrição sobre o interior Angolano no século XVI, o viajante inglês Andrew Battell descreve o encontro com um senhor africano de Ingombe que utiliza da Kipuita para anunciar sua chegada.[6] Ela pode ter sido trazida ao Brasil por escravos africanos bantos, mas ligações podem ser traçadas a outras partes do nordeste africano, assim como à península Ibérica, a exemplo da sarronca. A cuíca era também chamada de "rugido de leão" ou de "tambor de fricção". Em suas primeiras encarnações era usada por caçadores para atrair leões com os rugidos que o instrumento pode produzir.[carece de fontes]
Seu uso é muito difundido na música popular brasileira. Por volta de 1930, passou a fazer parte das baterias das escolas de samba.
Atualmente
[editar | editar código-fonte]Depois de integrada no arsenal percussivo brasileiro, a cuíca foi tradicionalmente usada por escolas de samba no carnaval e grupos de congo capixaba, mas atualmente é também encontrada no jazz contemporâneo e em estilos de funk,[7] disco music e ritmos latinos, como a salsa.[8]
Características
[editar | editar código-fonte]Existem muitos tamanhos de cuíca, e embora seja geralmente considerada um instrumento de percussão ela não é percutida. Encaixada na parte de baixo da pele está uma haste de bambu. A extensão tonal da cuíca pode chegar a duas oitavas. Os tons produzidos tentam imitar a voz na forma de grunhidos, gemidos, soluços e guinchos, e podem estabelecer assim um ostinato rítmico.
A colocação da haste no interior da caixa é que a difere, fundamentalmente, dos tambores de fricção europeus e reforça a hipótese de ter sido introduzida no Brasil pelos negros bantos.[carece de fontes]
Técnica
[editar | editar código-fonte]O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no interior do instrumento com um pedaço de pano úmido, e os ritmos são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu. A outra mão segura a cuíca e com os dedos exerce uma pressão na pele. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for aplicada na pele mais altos serão os tons obtidos. Um toque mais leve e menos pressão irão produzir tons mais baixos.
Exemplos de áudio
[editar | editar código-fonte]Na música popular
[editar | editar código-fonte]- Música brasileira
- Jorge Ben usa a cuíca em muitas de suas canções.
- Jazz
- Quincy Jones "Soul Bossa Nova" do álbum Big Band Bossa Nova (1962)[9]
Trabalho posterior de Miles Davis, onde é tocada por Airto Moreira, como em Black Beauty: Live at the Fillmore West, Miles Davis at Fillmore: Live at the Fillmore East, Live at the Fillmore East, 7 de Março de 1970: It's About That Time albums e a faixa "Feio" na versão em CD de Bitches Brew (1999)
- Pop e Rock
- Paul Simon "Me and Julio Down by the Schoolyard" (1971)
- Red Hot Chili Peppers "Walkabout" do álbum One Hot Minute (1994/95), tocada por Lenny Castro
- Gruff Rhys "Gyrru Gyrru Gyrru" do álbum Candylion (2007)
- Soul e R&B
- Earth, Wind & Fire "Clover" do álbum Head to the Sky (1973)
- Funkadelic "(Not Just) Knee Deep" (1979), tocada por Larry Fratangelo
- Michael Jackson Wanna Be Startin' Somethin' (1983), tocada por Paulinho da Costa[10]
- Jamiroquai "Music of the Mind" do álbum Emergency on Planet Earth (1992/93), tocada por Nick van Gelder
- Reggae
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ FRUNGILLO, Mário D. Dicionário de percussão. São Paulo:Unesp, 2003. pag. 90
- ↑ «Oswaldinho da Cuíca». Dicionário Cravo Albin da MPB. Consultado em 15 de março de 2013.
Músico. Cuiqueiro. Compositor. Cantor. Produtor e pesquisador musical.
- ↑ «Luis Turiba: Cuiqueiros da Ribalta». O DIa. 7 de fevereiro de 2013. Consultado em 15 de março de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016.
Cuiqueiro já foi uma raça rítmica em extinção no início deste século.
- ↑ Bandeira, Alexandre. «Entrevista com o demônio». Revista Raiz. nº 3, s/data. Consultado em 15 de março de 2013. Arquivado do original em 29 de março de 2013.
“Música de amorzinho”, para o cuiqueiro, parece resumir todo arremedo de samba.
- ↑ Mendes, Wilson (4 de fevereiro de 2012). «Mestre Quirino, o último grande cuiqueiro, diz que falta amor ao carnaval e mostra mocidade, aos 88 anos». Extra (jornal). Consultado em 15 de março de 2013
- ↑ P.14. The strange adventures of Andrew Battell of Leigh, in Angola and the adjoining regions (1901). Disponível em: http://archive.org/details/strangeadventure00battrich
- ↑ Ed Uribe (1994). The Essence of Brazilian Percussion and Drum Set: Book and CD. [S.l.]: Alfred Music Publishing. 52 páginas. 9780769220246
- ↑ John Storm Roberts (1999). The Latin Tinge: The Impact of Latin American Music on the United States. [S.l.]: Oxford University Press. 261 páginas. 9780195121018
- ↑ Quincy Jones: His Life in Music. [S.l.]: Univ. Press of Mississippi. 2013. 59 páginas. 9781617038624
- ↑ Paulinho da Costa, o brasileiro que tocou com Michael Jackson e Madonna
- ↑ «'Samba e reggae são a mesma coisa': Como foi a visita do cantor Bob Marley no Rio, há 40 anos; Veja fotos». Blog do Acervo - O Globo. Consultado em 21 de outubro de 2020