Domingos Monteiro – Wikipédia, a enciclopédia livre

Domingos Monteiro
Nome completo Domingos Monteiro Pereira Júnior
Nascimento 6 de novembro de 1903
Barqueiros, Portugal
Morte 17 de agosto de 1980 (76 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Ocupação Advogado, poeta e escritor
Magnum opus Histórias Castelhanas

Domingos Monteiro Pereira Júnior (Barqueiros, Mesão Frio, 6 de novembro de 1903Lisboa, 17 de agosto de 1980) foi um advogado, poeta e um dos mais reconhecidos escritores portugueses entre os anos 40 e 60.

Era filho de Domingos Monteiro Pereira, lavrador abastado, e de Elvira da Assunção Coelho Monteiro, ambos naturais da mesma freguesia de Barqueiros, concelho de Mesão Frio. Entre 1918 e 1920, foi aluno interno do Liceu Central de Camilo Castelo Branco, em Vila Real. Veio para a capital portuguesa e concluiu a licenciatura em Direito pela Universidade de Lisboa, em 1927, com a classificação de 18 valores.

Em 1938, casou com Maria Palmira de Aguilar Queimado, de quem se viria a divorciar em 1946. Deste casamento nasceu a sua única filha, Estela Monteiro (Galvão Teles por casamento), professora da Faculdade de Medicina de Lisboa. Em 1971 contraiu segundo matrimónio, com Ana Maria de Castro e Mello Trovisqueira, que viria a auxiliar na edição dos seus livros, nomeadamente na última fase da existência do escritor. Era conhecido como exímio caçador e um grande admirador da natureza, da qual tinha um conhecimento profundo.

Carreira profissional

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Exerceu a advocacia, sendo que no início da sua carreira defendeu diversos opositores do regime político então vigente. A sua preocupação democrática levou-o também a fundar, ainda muito jovem, o Partido da Renovação Democrática, bem como, mais tarde, o Diário Liberal.

A vocação literária acabou por se sobrepor à atividade forense e política, e foi como escritor que ganhou projeção e reconhecimento. Exerceu também algumas atividades afins, como as de jornalista, crítico, editor e foi ainda responsável pelo Serviço de Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1948 fundou a Sociedade de Expansão Cultural que veio a ter uma ação notável na divulgação dos autores portugueses.

Ainda durante o ensino liceal em Trás-os-Montes, publicou alguns poemas em O Dilúculo, um jornal local de jovens que se publicou entre 1 de dezembro de 1918 e o primeiro trimestre de 1921, dirigido por Joaquim Rodrigues Grande. Com apenas dezasseis anos estreou-se nas letras com a edição do seu primeiro livro de versos, Orações do Crepúsculo. Este livro foi elogiosamente prefaciado por Teixeira de Pascoaes. a quem dedica o segundo livro, também de versos, Nau Errante, de 1921. Três décadas mais tarde voltaria a publicar poesia, com Evasão, de 1953, e, em 1978 publicaria o seu último livro de versos, Sonetos.

Fez também algumas incursões no domínio da história (de que se destaca uma História da Civilização em três volumes), do ensaio, da crítica e do teatro. Mas foi sobretudo como ficcionista que alcançou renome. E, dentro da ficção, a sua forma preferida de criação é a novela, género intermédio entre o conto e o romance, em matéria de complexidade de enredo e extensão. Escritor realista, a que todavia não é estranho o fantástico, muito influenciado pelo naturalismo francês e russo, publicou mais de uma quinzena de títulos, de que se destacam, entre outros, O Mal e o Bem, O Primeiro Crime de Simão Bolandas com o qual obteve o Prémio Nacional de Novelística e o Prémio Diário de Notícias, e ainda Letícia e o Lobo Júpiter agraciado com o Prémio Nacional de Novelística. Vários livros e contos foram traduzidos em castelhano, catalão, inglês, alemão, polaco e russo, e outros foram incluídos em diversas antologias nacionais e estrangeiras.

A 4 de julho de 1973, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[1]

Obras publicadas

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  • 1943 - Enfermaria, Prisão e Casa Mortuária
  • 1945 - O Mal e o Bem
  • 1952 - Contos do Dia e da Noite
  • 1957 - O Homem Contemporâneo
  • 1957 - Sortilégio do Natal
  • 1958 - O Caminho para Lá
  • 1961 - Histórias Castelhanas
  • 1961 - Histórias deste Mundo e do Outro
  • 1963 - O Dia Marcado
  • 1964 - Contos de Natal
  • 1965 - O Primeiro Crime de Simão Bolandas
  • 1966 - Histórias das Horas Vagas
  • 1967 - Histórias do Mês de Outubro
  • 1969 - A Vinha da Maldição
  • 1970 - O Vento e os Caminhos
  • 1971 - O Destino e a Aventura
  • 1972 - Letícia e o Lobo Júpiter
  • 1978 - O Sobreiro dos Enforcados e Outras Narrativas Extraordinárias
  • 1931 - Bases da Organização Política dos Regimes Democráticos
  • 1933 - A Crise de Idealismo na Arte e na Vida Social
  • 1944 - Paisagem Social Portuguesa
  • 1951 - História da Civilização (3 volumes)
  • 1965 - A Medicina e a Literatura nas suas Múltiplas Relações
  • 1974 - Livros Proibidos
  • 1958 - A Traição Inverosímil

No ano de 2003, o concelho de Mesão Frio, dirigiu-lhe uma homenagem, dedicando-lhe uma rua a qual tem o seu nome,e uma breve sessão solene em sua honra. Tem ainda uma rua com o seu nome, em Lisboa, numa perpendicular à Avenida da República.

Posteriormente, em 2010, a Biblioteca Escolar de Mesão Frio adotou um dos projetos da Fundação Calouste Gulbenkian, intitulado Ler.com/DomingosMonteiro, que realizará várias atividades relacionadas com este vulto da cultura duriense.

Referências

  1. «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Domingos Monteiro". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de setembro de 2021