Economia política – Wikipédia, a enciclopédia livre

Jean-Jacques Rousseau, Discours sur l'oeconomie politique, 1758

Economia política[1] é a ciência que estuda as relações sociais de produção, circulação e distribuição de bens materiais que visam atender as necessidades humanas, identificando as leis que regem tais relações.[2] O termo foi originalmente introduzido por Antoine de Montchrestien em 1615 em seu livro "Tratado de Economia Política", com o objetivo de transpor para a atividade estatal as ideias e os princípios da Economia. Nesse livro o autor aborda temas como Monopólio, proteção para a indústria, trabalho, etc..[3] O nome passou a ser utilizado para o estudo das relações de produção, especialmente entre as três classes principais da sociedade capitalista ou burguesa: capitalistas, proletários e latifundiários. Em contraposição com as teorias do mercantilismo, e, posteriormente, da fisiocracia, nas quais o comércio e a terra, respectivamente, eram vistos como a origem de toda a riqueza, a economia política propôs (primeiro com Adam Smith) a teoria do valor-trabalho, segundo a qual o trabalho é a fonte real do valor.

Além de Adam Smith, outros autores que se destacaram no desenvolvimento da economia política, no Reino Unido dos séculos XVIII e XIX, foram David Ricardo e John Stuart Mill.

No final do século XIX, o termo economia política foi paulatinamente trocado por economia, usado por aqueles que buscavam abandonar a visão classicista da sociedade, repensando-a pelo ponto de vista matemático, axiomático e valorizador dos estudos económicos atuais e que concebiam o valor originado na utilidade que o bem gerava no indivíduo.

Atualmente o termo economia política é utilizado comumente para referir-se a estudos interdisciplinares que se apoiam na economia, sociologia, direito e ciências políticas para entender como as instituições e os contornos políticos influenciam a conduta dos mercados. Dentro da ciência política, o termo se refere principalmente às teorias liberais e marxistas, que estudam as relações entre a economia e o poder político dentro dos Estados. Economia política internacional é um ramo da economia que estuda como o comércio, as finanças internacionais e as políticas estatais afetam o intercâmbio internacional e a política monetária e fiscal.

Em Esboço para uma crítica da economia política, de 1844, Friedrich Engels (então com 23 anos) define a economia política como a “ciência do enriquecimento, que resultou da inveja recíproca e da ganância dos comerciantes” e que “traz na testa a marca do egoísmo”[4]. O texto de Engels exerce grande influência sobre Karl Marx, que passaria as quatro décadas seguintes desenvolvendo a sua própria crítica da economia política (subtítulo de sua obra de maior envergadura, O Capital). A economia política também foi criticada por Marx em Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia Política[5], nos Grundrisse (que fazem parte dos rascunhos preparatórios para O Capital) e em outras obras.

Referências

  1. «Capítulo I - Objeto da Economia Política». www.marxists.org. Consultado em 21 de novembro de 2017 
  2. LANGE, Oskar. Economia Política. In: Economia.(Org. Lenina Pomeranz, Coleção Grandes Cientistas Sociais). São Paulo, 1981.
  3. PREVIDELLO, Adhemar - DUTRA, Ivan - Elementos de Economia - Editora Jalovi - Bauru, São Paulo - pg. 10
  4. ENGELS, Friedrich (2021). Esboço para uma crítica da economia política. São Paulo: Boitempo. p. 161. ISBN 9786557171028 
  5. «Karl Marx: Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia Política». www.marxists.org. Consultado em 21 de novembro de 2017 
Bibliografia
  • HUNT, E. K.. História do pensamento econômico. tradução de José Ricardo Brandão Azevedo. 7a. edição - Rio de Janeiro : Campus, 1989 (ISBN 85-7001-421-X).
  • MARTINS, Alexandre Lyra. Fundamentos de economia política marxista. 2a. edição - João Pessoa : Editora Universitária UFPB, 1999 (ISBN 85-237-0150-8).

Ligações externas

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