Eleições estaduais no Piauí em 1970 – Wikipédia, a enciclopédia livre

1966 Brasil 1974
Eleições estaduais no  Piauí em 1970
3 de outubro de 1970
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1970
(Eleição direta)


Candidato Alberto Silva


Partido ARENA


Natural de Parnaíba, PI


Vice Sebastião Leal
Votos 35
Porcentagem 87,50%

As eleições estaduais no Piauí em 1970 aconteceram em duas fases conforme previa o Ato Institucional Número Três[1] e assim a eleição indireta do governador Alberto Silva e do vice-governador Sebastião Leal foi em 3 de outubro e a escolha dos senadores Fausto Castelo Branco e Helvídio Nunes, sete deputados federais e vinte e um estaduais ocorreu em 15 de novembro mediante um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima.[2][3][nota 1]

Nascido em Parnaíba, o governador Alberto Silva é formado pela Universidade Federal de Itajubá como engenheiro civil, engenheiro eletricista e engenheiro mecânico e chefiou o serviço de transportes elétricos da Estrada de Ferro Central do Brasil na cidade do Rio de Janeiro (1941-1947). De volta ao Piauí, ingressou na UDN e foi eleito prefeito de Parnaíba em 1948 e 1954 e deputado estadual em 1950. Em sua cidade natal dirigiu por duas vezes a estrada de ferro e a seguir a Companhia de Força e Luz até ser nomeado presidente da Companhia Energética do Ceará em 1962, cargo que ocupou até retornar ao Piauí e assumir o Palácio de Karnak via ARENA.

A escolha do vice-governador recaiu sobre Sebastião Leal, nascido em Uruçuí e formado em Odontologia pela Universidade Federal do Maranhão sendo também professor da Universidade Federal do Piauí. Sua carreira política teve início no PSD e foi eleito deputado estadual em 1958, 1962 e 1966 ingressando na ARENA tão logo os militares impuseram o bipartidarismo.

Em relação às eleições proporcionais nem mesmo uma vitória maciça da ARENA livrou o pleito de controvérsias, vide o processo instaurado a fim de apurar a ocorrência de fraudes, o caso do "mapismo".[4] Encaminhado ao Supremo Tribunal Federal por Henrique Fonseca de Araújo, procurador-geral da República, foi arquivado pelos dispositivos da Lei da Anistia.[5]

Resultado da eleição para governador

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Compareceram à sessão quarenta deputados estaduais.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Alberto Silva
ARENA
Sebastião Leal
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
35
87,50%
  Eleito

Biografia dos senadores eleitos

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Fausto Castelo Branco

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Natural de Teresina, o médico Fausto Castelo Branco é formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro em 1950, com especialização em Dermatologia e Alergologia na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, além de ter feito cursos de Leprologia no Departamento Nacional de Saúde vinculado ao Ministé­rio da Saúde, de Oncologia no Serviço Na­cional do Câncer e de Administração para Mé­dicos no Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).[6][nota 2] Chefe do serviço de clínica médica do Hospital Getúlio Vargas, em Teresina, e do Serviço de Profilaxia da Lepra do Piauí, voltou à cidade do Rio de Janeiro onde trabalhou como assistente do Departamento de Dermatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, da cáte­dra de Dermatologia da Faculdade de Medici­na e Cirurgia do Rio de Janeiro, superin­tendente da campanha de combate à lepra no Distrito Federal, diretor do Serviço Nacio­nal de Lepra do Ministério da Saúde e diretor-executivo do Instituto Nacional do Sal.[7]

Presidente do VII Congresso Inter­nacional de Leprologia em 1963, chefiou a delegação brasileira ao seminário sobre le­prologia no México via Organização Mundial da Saúde, presidindo a Associação Brasileira de Le­prologia por um ano a partir de 1965.[7] Parente de políticos como Francisco Pires de Gaioso e Almendra, Pedro Freitas, Gaioso e Almendra e primo de Carlos Castelo Branco,[7] foi eleito deputado federal pela ARENA em 1966 e senador em 1970.[8]

Helvídio Nunes

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Nascido em Picos, o advogado Helvídio Nunes formou-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Eleito prefeito de sua cidade natal via UDN em 1954 e deputado estadual em 1958 e 1962, licenciou-se do mandato para assumir o cargo de secretário de Viação e Obras Públicas e depois secretário de Agricultura, Indústria e Comércio, no governo Petrônio Portela, a quem seguiu na filiação à ARENA.[9][nota 3] Em 1966 foi eleito governador do Piauí por via indireta, tomando posse em 12 de setembro.[10] Deixou o Palácio de Karnak em 1970, meses antes de eleger-se senador.[11]

Resultado da eleição para senador

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Segundo o Tribunal Regional Eleitoral foram apurados 480.495 votos nominais (68,82%), 209.566 votos em branco (30,02%) e 8.105 votos nulos (1,16%), resultando no comparecimento de 698.166 eleitores.

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Fausto Castelo Branco
ARENA
Walterdes Sampaio
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
199.281
41,47%
Helvídio Nunes
ARENA
Jesus Tajra
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
179.846
37,43%
Josípio Lustosa
MDB
João Mendes Nepomuceno Neto
MDB
-
MDB (sem coligação)
101.368
21,10%
Fontes:[2][12]
  Eleitos

Deputados federais eleitos

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São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  ARENA: 6
  MDB: 1

Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Manoel Santos[nota 4] ARENA 31.824 9,79% Bom Jesus  Piauí
Dirno Pires ARENA 26.833 8,26% Rio de Janeiro  Rio de Janeiro
Severo Eulálio MDB 26.143 8,04% Picos  Piauí
Pinheiro Machado ARENA 25.133 7,73% Parnaíba  Piauí
Milton Brandão ARENA 24.995 7,69% Pedro II  Piauí
Paulo Ferraz ARENA 22.282 6,86% Teresina  Piauí
Heitor Cavalcanti ARENA 20.371 6,27% Paulistana  Piauí
Fontes:[2][12][13]</ref>[14]

Deputados estaduais eleitos

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O placar das bancadas apontava dezessete a quatro para a ARENA frente ao MDB, ou seja, o governo detinha mais de 80% das vagas.

Representação eleita

  ARENA: 17
  MDB: 4

Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Francisco Figueiredo MDB 10.976 3,34% União  Piauí
Filadelfo de Castro MDB 9.154 2,78% Nova Iorque  Maranhão
Waldemar Macedo ARENA 8.419 2,56% São Raimundo Nonato  Piauí
Afrânio Nunes ARENA 8.390 2,55% Amarante  Piauí
Wilson Brandão ARENA 8.343 2,54% Pedro II  Piauí
João Lobo ARENA 7.834 2,38% Floriano  Piauí
Edson Martins ARENA 7.723 2,35% Jerumenha  Piauí
Walmor Carvalho ARENA 7.682 2,34% Oeiras  Piauí
Oscar Eulálio MDB 7.511 2,28% Picos  Piauí
Raimundo Urtiga ARENA 7.451 2,27% Sousa  Paraíba
Ribeiro Magalhães ARENA 7.303 2,22% Piracuruca  Piauí
Pedro Portela ARENA 7.162 2,18% Barras  Piauí
Carvalho e Silva ARENA 7.161 2,18% Teresina  Piauí
Humberto Silveira ARENA 7.132 2,17% Jaicós  Piauí
Djalma Veloso ARENA 7.091 2,16% Valença do Piauí  Piauí
Bona Medeiros ARENA 7.052 2,14% União  Piauí
Roberto Raulino ARENA 6.994 2,13% Altos  Piauí
José de Castro ARENA 6.950 2,11% São Raimundo Nonato  Piauí
Wilson Parente ARENA 6.456 1,96% Cristino Castro  Piauí
Josefina Costa ARENA 6.335 1,93% São Raimundo Nonato  Piauí
Nogueira Filho MDB 5.884 1,79% Pedro II  Piauí
Fontes:[2][12][nota 5]

Eleições municipais

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Nesse mesmo dia foram realizadas eleições municipais em todo o estado e nelas a ARENA venceu em cento e três municípios e nomeou o prefeito de Teresina enquanto o MDB fez dez prefeitos.[12][nota 6]

Notas

  1. Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
  2. Dependendo da fonte consultada, a instituição onde Fausto Castelo Branco foi graduado, aparece sob o nome de "Universidade do Distrito Federal", "Universidade do Rio de Janeiro" ou "Universidade do Estado da Guanabara", sendo escolhida aqui a denominação mais recente. O próprio Fausto Castelo Branco aparece como "Fausto Gaioso" em algumas delas.
  3. Quando Helvídio Nunes ascendeu ao secretariado de Petrônio Portela, a primeira suplência de seu partido era ocupada por Inácio Soares da Silva.
  4. Faleceu em 31 de julho de 1973 e foi substituído por Adalberto Correia Lima.
  5. Durante o quadriênio, o vice-governador Sebastião Leal teve João Lobo e Ribeiro Magalhães como vice-presidentes do legislativo.
  6. Em 1970 a oposição venceu em Eliseu Martins, Esperantina, Floriano, Guadalupe, Itaueira, Jaicós, Rio Grande do Piauí, São José do Piauí, São João do Piauí e Simplício Mendes, mas esse número que caiu pela metade em 1972 quando os oposicionistas venceram apenas em Guadalupe, Palmeirais, Parnaíba, União e Valença do Piauí.

Referências

  1. BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Três». Consultado em 25 de novembro de 2019 
  2. a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1970». Consultado em 12 de dezembro de 2023 
  3. BRASIL. Senado Federal. «Lei n.º 5.581 de 26/05/1970». Consultado em 14 de julho de 2024 
  4. Vanderlei Pereira (14 de junho de 1976). «Procurador resolve acusar implicados em fraude no Piauí. Primeiro Caderno, Política e Governo – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 5 de maio de 2019 
  5. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 6.683 de 28/08/1979». Consultado em 5 de maio de 2019 
  6. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Fausto Gaioso». Consultado em 22 de maio de 2018 
  7. a b c BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Fausto Castelo Branco no CPDOC». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  8. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Fausto Gaioso». Consultado em 22 de maio de 2018 
  9. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Helvídio Nunes no CPDOC». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  10. BRASIL. Presidência da República. «Ato Complementar n.º 19 de 09/08/1966». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  11. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Helvídio Nunes». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  12. a b c d BRASIL. Tribunal Regional Eleitoral do Piauí. «Eleições Anteriores». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  13. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  14. BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 28 de janeiro de 2017 
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