Epitoniidae – Wikipédia, a enciclopédia livre
Epitoniidae | |||||||||||||
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A concha de Epitonium scalare (Linnaeus, 1758)[1], uma das únicas espécies de Epitoniidae que estão entre as peças primordiais do colecionismo malacológico e podendo atingir até os 7 centímetros de comprimento.[2] Foi raramente coletada durante o século XIX, a ponto de ser falsificada por artesãos chineses usando farinha de arroz em pasta.[1] | |||||||||||||
Duas vistas da concha de Gyroscala statuminata (G. B. Sowerby II, 1844)[3]; espécime proveniente do Panamá. Espécie distribuída do México ao Peru, no oceano Pacífico, atingindo até os 3 centímetros de comprimento.[4] | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Distribuição geográfica | |||||||||||||
Gêneros | |||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||
Acirsinae Cossmann, 1912 Acrillinae Jousseaume, 1912 Cirsotrematinae Jousseaume, 1912 Clathroscalinae Cossmann, 1912 Epitoniinae Berry, 1910 (1812) Gyroscalinae Jousseaume, 1912 Janthinidae / Ianthinidae Lamarck, 1822 Lioatlantinae B. Dybowski & Grochmalicki, 1920 Nystiellidae Clench & R. D. Turner, 1952 Opaliinae Cossmann, 1912 Papyriscalinae Jousseaume, 1912 Recluziidae Iredale & McMichael, 1962 (nomen nudum) Scalariidae Lamarck, 1812 Scalidae H. Adams & A. Adams, 1853 Stenacmidae Pilsbry, 1945 (WoRMS)[6] |
Epitoniidae (nomeados, em inglês, wentletraps -pl.[1][11]; nome derivado do alemão wendeltreppe, cujo significado, traduzido para o português, é "escada em espiral", devido à forma de suas conchas[1][13], e assim também denominadas staircase shells ou ladder shells -pl.[14][15]; em português - PRT -, escalárias -pl.[16]; em castelhano, escalas ou escalarias -pl.[2]; daí também provindo sua antiga denominação científicaː Scalariidae Lamarck, 1812)[6][17] é uma família de moluscos gastrópodes, marinhos e carnívoros, que se alimentam de cnidários como anêmonas do mar, caravelas-portuguesas e corais; agora também incluindo as distintas espécies não-bentônicas, mas de habitat pelágico, da obsoleta família Janthinidae, após o ano de 2017.[17][18][19][20] Foram classificados por Samuel Stillman Berry - no texto de 1910ː "[Review of] Report on a collection of shells from Peru, with a summary of littoral marine Mollusca of the Peruvian zoological province. By William Healey Dall, 1909, Proc. USNM, 37, pp. 147–294, pls. 20–28"; publicado em The Nautilus. 23(10), páginas 130-132[6] - e pertencem à subclasse Caenogastropoda, sendo os únicos representantes da superfamília Epitonioidea.[5] Sua distribuição geográfica abrange principalmente os oceanos tropicais da Terra, embora algumas espécies sejam adaptadas a ambientes mais frios, como a Antártida[7], em locais de águas rasas a muito profundas[1][11], incluindo a zona abissal.[21] Algumas espécies são ectoparasitas e vivem junto à base dos cnidários, estendendo sua longa probóscide até os tentáculos e retirando pequenos pedaços de tecido, sem ocasionar a morte do seu hospedeiro.[18]
Descrição da concha
[editar | editar código-fonte]Compreende, em sua quase totalidade, caramujos ou búzios de conchas cônico-pontiagudas, fusiformes e com espiral geralmente alta, solta ou firmemente enrolada; normalmente pequenas e sem coloração (raramente castanhas), com poucas atingindo tamanhos superiores aos 5 centímetros de comprimento; cobertas com um relevo muito esculpido, em sua maioria, geralmente com costelas axiais, regularmente ou mais ou menos espaçadas, ou com varizes, todas assim formadas como expansões dos lábios externos em pausas anteriores do crescimento do animal; em alguns casos com costelas ou estrias em espiral também presentes. Sua abertura pode ser totalmente arredondada, circular ou oval, e também podem apresentar conchas umbilicadas. Protoconcha lisa. Não possuem canal sifonal e seu opérculo é córneo e circular, com finas e poucas voltas espirais e com núcleo quase central.[1][2][14][15][17][20][22]
- Concha do holótipo de Epitonium heloris (Iredale, 1936); espécime da coleção do Museu Australiano, em Nova Gales do Sul.
Descrição do animal e características dos Janthinidae
[editar | editar código-fonte]O animal dos Epitoniidae possui o pé curto, truncado na frente e estendendo-se muito à frente da sua cabeça; com olhos do lado externo, próximos à base dos tentáculos, que são longos, estreitos e próximos. Margem do manto simples, com dobra sifonal rudimentar. Suas mandíbulas são ovais ou semicirculares[22] e a rádula é do tipo ptenoglossa. Em Janthina e Recluzia (gêneros que pertenceram aos Janthinidae) os animais são cegos e passam sua vida na zona epipelágica ou nêuston (superfície dos oceanos) de mares tropicais, se alimentando de Physalia, Porpita e Velella, ou de Minyadidae flutuantes, e suspensos por uma bolsa de bolhas de ar revestidas por muco endurecido. Suas conchas são comumente roxas e com espiral baixa, leves, globosas e bastante frágeis, de abertura subquadrada e sem opérculo. Tanto estes gêneros citados quanto os Epitoniidae mais tradicionais podem secretar uma secreção púrpura ou violeta. Tal substância parece anestesiar a presa para facilitar a digestão.[11][15][17][20][23][24]
- Ilustração da concha do Epitoniidae Janthina janthina (Linnaeus, 1758)[25], uma espécie epipelágica de cor roxa.
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Os membros desta família são hermafroditas protândricos; onde os órgãos sexuais masculinos atingem a maturidade sexual primeiro, produzindo espermatozoides e assim, à medida que crescem, as gônadas convertem-se em órgãos sexuais femininos, que passam a produzir óvulos.[18][20]
- Ilustração de Janthina janthina (Linnaeus, 1758)[25] com o animal ("FL": flutuador; "O": ovos; "Pr": probóscide; "Br": brânquias; "F": pé); retirada de Molluscs, Cambridge Natural History, v.3 (1895).
Classificação de Epitoniidae
[editar | editar código-fonte]De acordo com o World Register of Marine Species, suprimidos os sinônimos e gêneros extintos.[6]
- Acirsa Mörch, 1857
- Acrilla H. Adams, 1860
- Acrilloscala Sacco, 1890
- Alexania Strand, 1928
- Alora H. Adams, 1861
- Amaea H. Adams & A. Adams, 1853
- Boreoscala Kobelt, 1902
- Chuniscala Thiele, 1928
- Cirsotrema Mörch, 1852
- Clathroscala de Boury, 1890
- Claviscala de Boury, 1909
- Couthouyella Bartsch, 1909
- Cycloscala Dall, 1889
- Cylindriscala de Boury, 1909
- Eccliseogyra Dall, 1892
- Eglisia Gray, 1842
- Epidendrium A. Gittenberger & E. Gittenberger, 2005
- Epifungium A. Gittenberger & E. Gittenberger, 2005
- Epitonium Röding, 1798
- Filiscala de Boury, 1911
- Fragilopalia Azuma, 1972
- Globiscala de Boury, 1909
- Gregorioiscala Cossmann, 1912
- Gyroscala de Boury, 1887
- Iphitus Jeffreys, 1883
- Janthina Röding, 1798
- Kurodacirsa Masahito & Habe, 1975
- Minabescala Nakayama, 1994
- Murdochella Finlay, 1926
- Narrimania Taviani, 1984
- Narvaliscala Iredale, 1936
- Opalia H. Adams & A. Adams, 1853
- Opaliopsis Thiele, 1928
- Papuliscala de Boury, 1911
- Periapta Bouchet & Warén, 1986
- Proscala Cossmann, 1912
- Punctiscala de Boury, 1890
- Recluzia Petit de la Saussaye, 1853
- Rectacirsa Iredale, 1936
- Rutelliscala Kilburn, 1985
- Sthenorytis Conrad, 1863
- Surrepifungium A. Gittenberger & E. Gittenberger, 2005
- Variciscala de Boury, 1909
Ilustrações de espécies de Epitoniidae
[editar | editar código-fonte]- Sthenorytis pernobilis (P. Fischer & Bernardi, 1857), espécie do golfo do México e mar do Caribe.[26]
- Cirsotrema pumiceum (Brocchi, 1814), espécie dos Açores ao mar Mediterrâneo, Cabo Verde e Angola.[28]
- Eccliseogyra formosissima (Jeffreys, 1884), espécie do Golfo do México e sudeste dos Estados Unidos.[29]
- Epitonium krebsii (Mörch, 1875), espécie do golfo do México e mar do Caribe[30] à região sudeste do Brasil.[31]
Referências
- ↑ a b c d e f g h WYE, Kenneth R. (1989). The Mitchell Beazley Pocket Guide to Shells of the World (em inglês). London: Mitchell Beazley Publishers. p. 42-44. 192 páginas. ISBN 0-85533-738-9
- ↑ a b c d e FERRARIO, Marco (1992). Guia del Coleccionista de Conchas (em espanhol). Barcelona, Espanha: Editorial de Vecchi. p. 114-116. 220 páginas. ISBN 84-315-1972-X
- ↑ «Gyroscala statuminata (G. B. Sowerby II, 1844)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Gyroscala statuminata» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021
- ↑ a b «Epitonioidea Berry, 1910 (1812)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ a b c d e «Epitoniidae Berry, 1910 (1812)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ a b «Acirsa antarctica (E. A. Smith, 1907) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Epitonium pallasi (Kiener, 1838)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Epitonium clathrus (Linnaeus, 1758)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Cirsotrema varicosum (Lamarck, 1822)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ a b c d ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 68-70. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0
- ↑ «Amaea magnifica (G. B. Sowerby II, 1844)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Family Epitoniidae - Wentletraps» (em inglês). Seashells of NSW. 1 páginas. Consultado em 4 de novembro de 2020
- ↑ a b OLIVER, A. P. H.; NICHOLLS, James (1975). The Country Life Guide to Shells of the World (em inglês). England: The Hamlyn Publishing Group. p. 56. 320 páginas. ISBN 0-600-34397-9
- ↑ a b c «Wentletrap» (em inglês). Encyclopædia Britannica. 1 páginas. Consultado em 19 de dezembro de 2020
- ↑ Ferreira, Franclim F. (2002–2004). «Conchas». FEUP. 1 páginas. Consultado em 30 de novembro de 2020. Arquivado do original em 7 de outubro de 2020
- ↑ a b c d LINDNER, Gert (1983). Moluscos y Caracoles de los Mares del Mundo (em espanhol). Barcelona, Espanha: Omega. p. 48-49. 256 páginas. ISBN 84-282-0308-3
- ↑ a b c «EPITONIIDAE». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Janthinidae» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ a b c d RIOS, Eliézer (1994). Seashells of Brazil (em inglês) 2ª ed. Rio Grande, RS. Brazil: FURG. p. 96-102. 492 páginas. ISBN 85-85042-36-2
- ↑ Huang, Chih-Wei; Lee, Yen-Chen (julho de 2016). «Checklist of the family Epitoniidae (Mollusca: Gastropoda) in Taiwan with description of a new species and some new records» (em inglês). Biodiversity Data Journal 4(4):e5653 (ResearchGate). 1 páginas. Consultado em 28 de novembro de 2020.
The family Epitoniidae is a group of small to medium-sized gastropods and occurs globally from the intertidal zone to abyssal seabeds.
- ↑ a b Durham, J. Wyatt (setembro de 1937). «Gastropods of the Family Epitoniidae from Mesozoic and Cenozoic Rocks of the West Coast of North America, including One New Species by F. E. Turner and One by R. A. Bramkamp» (em inglês). Journal of Paleontology Vol. 11, No. 6. (JSTOR). p. 479. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «JANTHINIDAE». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ Beu, A.G. (2017). «Evolution of Janthina and Recluzia» (PDF) (em inglês). Records of the Australian Museum. 69(3). 1 páginas. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ a b «Janthina janthina (Linnaeus, 1758)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Sthenorytis pernobilis (P. Fischer & Bernardi, 1857) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Epitonium bellicosum Hedley, 1907 distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Cirsotrema pumiceum (Brocchi, 1814) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Eccliseogyra formosissima (Jeffreys, 1884) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Epitonium krebsii (Mörch, 1875) distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020
- ↑ «Epitonium krebsii (Mörch, 1875)». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 8 de novembro de 2020