Etelvina Lopes de Almeida – Wikipédia, a enciclopédia livre
Etelvina Lopes de Almeida | |
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Nascimento | 17 de março de 1916 Serpa |
Morte | 30 de abril de 2004 (88 anos) Tábua |
Sepultamento | Cemitério de Benfica |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | escritora, jornalista, política |
Distinções | |
Etelvina Lopes de Almeida (Serpa, 17 de março de 1916 — Tábua, 30 de abril de 2004) foi uma escritora, jornalista e, depois do 25 de Abril, deputada pelo PS na Assembleia da República.
Percurso
[editar | editar código-fonte]Etelvina Lopes de Almeida nasceu em Serpa, no dia 17 de março de 1916. Frequentou o Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, em Lisboa, e um colégio interno, em Queluz.[1] Iniciou a sua carreira, como jornalista e escritora, no jornal infantil O Papagaio[2], dirigido por Adolfo Simões Muller. Em 1941, completou o curso liceal e começou a trabalhar, simultaneamente, na Rádio Renascença, primeiro como secretária, depois como locutora. Mais tarde, colaborou com uma empresa de recortes de jornais e começou a trabalhar na revista Modas & Bordados, dirigida ao tempo por Maria Lamas, como secretária. Em 1943, tornou-se chefe de redacção dessa revista e assinou contos e reportagens para a revista O Século Ilustrado.
Em 1944, começou a trabalhar como locutora da Emissora Nacional. Um ano mais tarde, foi um dos signatários das listas para a constituição do MUD (Movimento de Unidade Democrática). Quando Maria Lamas foi designada como presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, em 1946, Etelvina Lopes de Almeida ficou com o cargo de direção da revista Modas & Bordados. [3] Nesse mesmo ano, recebeu também o seu cartão de membro da direção da Sociedade Portuguesa de Escritores, assinado por Aquilino Ribeiro.[4]
Em 1947, participou nos eventos realizados no âmbito da Exposição de Livros Escritos por Mulheres de todo o Mundo, organizada na Sociedade Nacional de Belas Artes.[1] Um ano depois, assinou, juntamente com alguns colegas, documentos que reclamavam a supressão da censura e a libertação de presos políticos, sendo afastada da Emissora Nacional.[5] Começou, depois, a colaborar com alguns jornais, no Rádio Clube Português e em pequenas emissoras radiofónicas privadas. No mesmo ano, tornou-se sócia da Liga Portuguesa Feminina para a Paz e, quando esta cessou atividade, ligou-se ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, em cuja direção estiveram Sara Beirão e Maria Lamas.[3]
Em 1962, foi despedida da revista Modas & Bordados por motivos políticos[5], passando a desempenhar funções na empresa proprietária da revista.[3]
Em 1965, a PIDE realizou uma rusga à sede da editora Europa-América, apreendendo centenas de livros. O seu livro, ABC da Culinária, foi apreendido.[6] Deixou, nessa altura, de assinar as suas colaborações em jornais e revistas até 1968, ano em que foi para Paris, enviando para o jornal O Século uma série de reportagens sobre emigrantes portuguesas, publicadas sem assinatura. Passou, depois, a coordenar o Gabinete de Relações Públicas de uma empresa imobiliária, visitando vários países.[3]
Em 1969, foi candidata da CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática) à assembleia nacional.[5]
Depois do 25 de Abril, trabalhou na Radiodifusão Portuguesa e, em 1975, passou a chefiar o departamento da Radiodifusão Portuguesa Internacional, visitando diversas comunidades portuguesas no estrangeiro. Fez parte do Grupo das Mulheres Socialistas e foi deputada pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República (I Legislatura).[3]
Dedicou-se, posteriormente, aos problemas da terceira idade e fez parte da direcção da Fundação Sara Beirão/António Costa Carvalho que fundou, com Igrejas Caeiro, em Tábua. [1] Em 1993, presidiu, em Estrasburgo, a uma sessão do Parlamento Europeu para os Idosos, durante a qual foi aprovada a Carta Europeia para os Idosos.[3]
Faleceu no dia 30 de abril de 2004, vítima de doença prolongada.[2]
Reconhecimentos e Prémios
[editar | editar código-fonte]Em 1982, recebeu uma homenagem do Conselho Nacional das Mulheres no Brasil, tendo sido eleita Mulher do Ano.[4]
Em 1995, recebeu do então Presidente Mário Soares a Comenda da Ordem de Mérito em Portugal.[2]
Obra
[editar | editar código-fonte]- 111 Receitas de Tartes, Publicações Europa-América, (s/d)
- Histórias que o mundo conta, Perspectivas e realidades, 1985
- 111 Receitas com Ovos, Publicações Europa-América, 1979
- 111 Receitas de Tapas e Entradas, Publicações Europa-América, 1979
- ABC da Culinária, Publicações Europa-América, 1966
- O Tambor da Paz, 1963
- Maria Verdade, 1952
- O Tontinho da Esquina, Edições Universo, (s/d)
- Bia Calatroia, Editorial Século, 1948
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c «Etelvina Lopes de Almeida - MDM». MDM (em inglês)
- ↑ a b c «Na morte de Etelvina Lopes de Almeida • Sindicato dos Jornalistas». Sindicato dos Jornalistas. 3 de maio de 2004
- ↑ a b c d e f Lemos, Mário (2009). Candidatos da Oposição à Assembleia Nacional do Estado Novo (1945-1973) (PDF). [S.l.]: Divisão de Edições da Assembleia da República. Consultado em 14 de março de 2020
- ↑ a b «O que é Feito de Si Etelvina Lopes de Almeida?»
- ↑ a b c «Fundação Mário Soares | Iniciativas | Iniciativa»
- ↑ Tavares, Maria (2008). «Feminismos em Portugal (1947-2007)». Universidade Aberta. Consultado em 14 de março de 2020