Evaristo de Macedo – Wikipédia, a enciclopédia livre
Evaristo em 1985 | ||
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Evaristo de Macedo Filho | |
Data de nasc. | 22 de junho de 1933 (91 anos) | |
Local de nasc. | Rio de Janeiro, Distrito Federal, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Altura | 1,75 m | |
Pé | destro | |
Informações profissionais | ||
Clube atual | aposentado | |
Posição | atacante | |
Função | treinador | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1950–1952 1953–1957 1957–1962 1962–1965 1965–1967 | Madureira Flamengo Barcelona Real Madrid Flamengo | ? (101) 151 (105) ? (27) ? (4) | ? (27)
Seleção nacional | ||
1955–1957 | Brasil | 13 (8) |
Times/clubes que treinou | ||
1970–1971 1971 1972 1973 1975 1977–1980 1981–1983 1985 1986 1986 1988–1989 1989 1989 1990 1990 1991–1992 1992 1993–1995 1995 1996 1997 1997 1998 1998-1999 1999 2000–2001 2002 2002–2003 2003 2003–2004 2005–2006 | Bahia Bangu Santa Cruz Bahia Santa Cruz Santa Cruz Barcelona Brasil America-RJ Iraque Bahia Guarani Bahia Fluminense Grêmio Cruzeiro Catar Flamengo Bahia Atlético-PR Grêmio Vitória Bahia Flamengo Corinthians Bahia Vasco da Gama Flamengo Bahia Vitória Atlético-PR |
Evaristo de Macedo Filho (Rio de Janeiro, 22 de junho de 1933) é um ex-treinador e ex-futebolista brasileiro que atuava como atacante.[1]
É, até hoje, o único jogador a fazer uma "Manita" (ou seja, a marcar cinco gols numa mesma partida) com a camisa da Seleção Brasileira. Isso ocorreu em 1957, no Campeonato Sul-Americano daquele ano, quando o Brasil goleou a Colômbia por 9 a 0.[2]
Jogou pelo Madureira, Flamengo, Barcelona e Real Madrid, sendo um dos melhores jogadores brasileiros em todos os tempos, consagrado também como um dos mais laureados treinadores do futebol brasileiro. Mora no Rio de Janeiro desde que se aposentou do futebol, em 2007.
Carreira como jogador
[editar | editar código-fonte]Nascido no dia 22 de junho de 1933 na capital fluminense, Evaristo despertou para o futebol ainda no Instituto Metodista Granbery, em Juiz de Fora, Minas Gerais.[3] Aos 17 anos começou a carreira de jogador profissional no Madureira, em 1950. Dois anos depois, ele já estava no Flamengo, onde foi tricampeão carioca em 1953, 1954 e 1955 sob o comando do mestre paraguaio Fleitas Solich. No total pelo clube rubro-negro, o atacante atuou em 190 jogos, com 104 vitórias, 39 empates, 47 derrotas e 104 gols marcados.[4]
Barcelona e Real Madrid
[editar | editar código-fonte]Evaristo de Macedo conseguiu a façanha de se tornar ídolo de dois rivais na Espanha: o Barcelona, clube que defendeu entre 1957 a 1962, e do Real Madrid, onde atuou entre 1963 e 1965.[5]
O jogador conquistou diversos títulos pelo Barça, entre eles os Campeonatos Espanhóis de 1958–59 e 1959–60 e as Taça das Cidades com Feiras (atual Liga Europa da UEFA) de 1958 e 1960. Além disso, Evaristo, que tinha como uma das suas principais virtudes a habilidade, chegou a ser o maior artilheiro brasileiro da história do clube catalão. Já pelo time merengue, o atacante seguiu levantando títulos. Foram três campeonatos espanhóis (1962–63, 1963–64 e 1964–65), além da marca de ser o brasileiro com mais gols marcados contra o Barcelona (somando jogos oficiais e amistosos).
Ainda em 1965, apesar de propostas da Europa e de equipes brasileiras, ele voltou ao futebol brasileiro e encerrou a carreira no Flamengo, onde marcou 103 gols em 191 partidas nas duas passagens.
"O torcedor brasileiro não tem ideia de como o Evaristo de Macedo é idolatrado na Espanha. Foi, sem dúvida, um dos maiores jogadores do mundo em todos os tempos", diz Roberto Dinamite, ídolo vascaíno e que teve rápida passagem pelo Barça.
“ | É uma rivalidade política, quanto a isso nunca tive dúvida. É o jogo entre o "Estado da Catalunha" e o "Estado de Castela", algo que transcende a esfera esportiva. Os catalães são muito ressentidos pela perda de liberdade que eles tiveram no franquismo, a Guerra Civil... por isso sempre era um clima que ia além das outras rivalidades esportivas que vivenciei.[6] | ” |
— Evaristo de Macedo |
Seleção Brasileira
[editar | editar código-fonte]Em 1952, quando jogava pelo Madureira, Evaristo foi convocado e disputou as Olimpíadas de Helsinque, na Finlândia. No entanto, o atacante não teve muitas chances pela Seleção Brasileira principal: atuou em apenas 14 partidas, mas deixou sua marca de grande goleador e anotou oito gols.
Astro do Flamengo em 1957, Evaristo era candidatíssimo a ser um dos 22 jogadores convocados para a Copa do Mundo FIFA de 1958, na Suécia. Integrou o quarteto ofensivo da Seleção até abril de 1957, quando uma transferência mudou totalmente a história. "Fui vendido aos 24 anos para o Barcelona e nunca mais voltei a vestir a camisa da Seleção Brasileira. Uma pena, uma pena..."[7]
Na Catalunha, recebeu um telefonema às vésperas da convocação final para o Mundial de 1958. "Era o coordenador técnico Carlos Nascimento. Ele me disse: ‘Evaristo, vamos dar início aos treinos para a Copa e a comissão técnica deseja que você solicite ao Barcelona a sua liberação’. Tentei, mas o clube não me liberou. A Espanha não tinha se classificado para o Mundial da Suécia e os clubes de lá resolveram manter o Campeonato Nacional normalmente, sem abrir mão de ninguém." [7]
Quando informou à antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD) a negativa do Barça, Evaristo percebeu a tristeza de Nascimento: "Puxa, rapaz, que pena! O Vicente Feola (técnico) estava ansioso para vê-lo jogar ao lado de um neguinho bom de bola que surgiu lá no Santos".[7]
Evaristo ficou curioso, mas a falta de tecnologia o impediu de bisbilhotar a vida alheia. "Se fosse hoje, com certeza ligaria a TV a cabo ou entraria na internet rapidinho para descobrir de quem ele estava falando. Mas naquela época não tinha nada disso, companheiro! Continuei a minha vidinha lá no Barcelona, do outro lado do Atlântico, sem saber quem era o tal neguinho chamado Pelé", diverte-se o segundo maior artilheiro brasileiro da história do clube catalão, com 105 gols em 151 partidas.
Evaristo não viu Pelé despontar na Seleção por uma questão de meses. Sua última partida com a amarelinha foi contra o Peru, em 21 de abril de 1957, no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa. Exatos 77 dias depois (dois jogos), o garoto saía do banco para substituir Del Vecchio e marcar o único gol verde-amarelo na derrota por 2 a 1 para a Argentina, no mesmo Maracanã, pela Copa Roca.
Enquanto o Brasil via o nascimento de um rei, Evaristo pintava e bordava na Espanha, ao lado de outros craques.
“ | Nas minhas passagens por Barcelona e Real Madrid, joguei ao lado de Puskás, Kocsis, Czibor, Gento e Di Stéfano.[8] Todos eram craques, mas nenhum como o Pelé, que eu conheci ao vivo jogando contra ele em 1959. Soube que ele existia em 1957, mas só o vi em carne e osso quando o Santos fez uma excursão à Europa e venceu o Barcelona por 5 a 1. Naquele dia, conheci a dupla de ataque mais afinada que já vi jogar: Coutinho e Pelé. | ” |
Na Seleção Brasileira, Evaristo estabeleceu um recorde ao ser o único jogador a marcar cinco gols em uma partida pela Amarelinha.[2]
Estilo de jogo
[editar | editar código-fonte]Segundo o 'Velho Lobo' Zagallo, que jogou ao lado de Evaristo no Flamengo, "Evaristo era o tipo do jogador que tinha vaga em qualquer time que escolhesse". E, revelado pela Madureira, o jogador escolheu defender apenas o Flamengo no Brasil. Ficou cinco anos na Gávea, de 1952 a 1957, o que bastou para se tornar um dos grandes ídolos da história do clube.
Além de conquistar a torcida feminina por sua beleza, Evaristo se destacava dentro de campo pela sua velocidade, visão de jogo, inteligência na criação de jogadas, e grande capacidade técnica. Com 19 anos, foi convocado para a Seleção Brasileira que disputou as Olimpíadas de Helsinque, em 1952, quando ainda atuava pelo juvenil do Madureira. No ano seguinte, começou sua trajetória vitoriosa no Fla.
Carreira como treinador
[editar | editar código-fonte]Formou-se em educação física pela Universidade Federal da Guanabara. Evaristo começou sua nova carreira em 1967, no America, onde foi campeão do Torneio Internacional Negrão de Lima. O técnico ainda comandou outras importantes equipes do futebol brasileiro, como Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama, Bangu, Bahia, Grêmio, Corinthians, Santa Cruz, Vitória, Atlético Paranaense e Cruzeiro.
No Catar, dirigiu as Seleções Sub-20 e principal, levando o país à duas Olimpíadas e sagrando-se vice-campeão do Mundial Sub-20 de 1981, realizado na Austrália.
Em 1977, foi o treinador da Seleção Brasileira Sub-20, terceira colocada no Mundial da Tunísia.
Como técnico da Seleção Brasileira principal, Evaristo de Macedo dirigiu a equipe em 1985, pouco antes das Eliminatórias para a Copa do Mundo FIFA de 1986, no México, mas acabou sendo substituído no cargo por Telê Santana. Evaristo alegou que foi derrubado por tentar afastar "lideranças negativas" como Sócrates, chegando a declarar que "era um problema sério o comportamento dele".[9] Assim, comandou o Iraque na Copa do Mundo de 1986.[10]
Entretanto, três anos depois, viveu seu melhor momento como treinador e foi campeão brasileiro de 1988 dirigindo a equipe do Bahia. A equipe-base do tricolor baiano tinha: Ronaldo; Tarantini, João Marcelo, Claudir e Paulo Robson; Paulo Rodrigues, Gil Sergipano, Bobô e Zé Carlos; Charles e Marquinhos.[11]
No Grêmio, foi campeão da Copa do Brasil de 1997 justamente sobre o Flamengo, clube que defendeu como jogador. A equipe-base do Grêmio era: Danrlei; Arce, Rivarola, Mauro Galvão, Roger; Dinho, Emerson, João Antônio, Carlos Miguel; Dauri e Paulo Nunes.
Estatísticas
[editar | editar código-fonte]Jogos oficiais
[editar | editar código-fonte]Brasil | ||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Clube | Temporada | Competição | Liga | Rio-SP | Outros1 | Total | ||||
Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | |||
Flamengo | 1953 | Campeonato Carioca | 4 | 1 | 9 | 2 | 0 | 0 | 13 | 3 |
1954 | 21 | 13 | 9 | 2 | 3 | 0 | 33 | 15 | ||
1955 | 17 | 13 | 6 | 5 | 2 | 1 | 25 | 16 | ||
1956 | 19 | 11 | 0 | 0 | 2 | 0 | 21 | 11 | ||
Espanha | ||||||||||
Clube | Temporada | Competição | Liga | Europa | Outros2 | Total | ||||
Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | |||
Barcelona | 1957–58 | La Liga | 24 | 13 | 0 | 0 | 5 | 4 | 29 | 17 |
1958–59 | 23 | 20 | 0 | 0 | 2 | 2 | 25 | 22 | ||
1959–60 | 24 | 14 | 6 | 4 | 2 | 2 | 32 | 20 | ||
1960–61 | 21 | 11 | 10 | 6 | 4 | 1 | 35 | 18 | ||
1961–62 | 22 | 20 | 0 | 0 | 8 | 8 | 30 | 28 | ||
Real Madrid | 1962–63 | 7 | 3 | 0 | 0 | 0 | 0 | 7 | 3 | |
1963–64 | 10 | 1 | 2 | 1 | 0 | 0 | 12 | 3 | ||
Brasil | ||||||||||
Clube | Temporada | Competição | Liga | Rio-SP | Outros3 | Total | ||||
Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | Jogos | Gols | |||
Flamengo | 1964 | Campeonato Brasileiro | 4 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 4 | 0 |
1965 | 0 | 0 | 6 | 0 | 3 | 0 | 9 | 0 | ||
1966 | 0 | 0 | 7 | 0 | 0 | 0 | 7 | 0 |
- 1.↑ Inclui jogos pelo Torneio Início e pela Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo
- 2.↑ Inclui jogos pela Taça das Cidades com Feiras
- 3.↑ Inclui jogos pela Taça Guanabara
Títulos
[editar | editar código-fonte]Como jogador
[editar | editar código-fonte]- Flamengo
- Barcelona
- Pequena Taça do Mundo: 1957
- Taça das Cidades com Feiras: 1958–59 e 1959–60
- Campeonato Espanhol: 1958–59 e 1959–60
- Copa do Rei: 1958–59
- Troféu Ramón de Carranza: 1961, 1962
- Real Madrid
- Seleção Brasileira
- Taça Oswaldo Cruz: 1955 e 1956
- Taça Bernardo O'Higgins: 1955
- Campeonato Pan-Americano: 1956
- Copa Roca: 1957
- Taça do Atlântico: 1957
Como treinador
[editar | editar código-fonte]- Bahia
- Campeonato Baiano: 1970, 1971, 1973, 1988, 1998 e 2001
- Campeonato Brasileiro: 1988
- Copa do Nordeste: 2001
- Santa Cruz
- Torneio Início de Pernambuco: 1972 e 1976
- Campeonato Pernambucano: 1972, 1976, 1978 e 1979
- Supercampeonato Pernambucano: 1976
- Fita Azul: 1979
- Grêmio
- Catar
- Copa do Golfo: 1992
- Flamengo
- Taça Capitão José Hernani de Castro Moura: 2002
- Vitória
- Taça Estado da Bahia: 2004
Referências
- ↑ Rogério Micheletti. «Que fim levou? EVARISTO DE MACEDO... Ex-atacante do Fla, Barcelona e Real Madrid». Terceiro Tempo. Consultado em 1 de março de 2024
- ↑ a b Leandro Stein (24 de março de 2017). «Há 60 anos, um dos maiores shows pela Seleção: Os cinco gols de Evaristo contra a Colômbia». Trivela. Consultado em 1 de junho de 2023
- ↑ «Granbery - Centro de Esportes - História». Instituto Metodista Granbery. Consultado em 29 de setembro de 2020
- ↑ «Hall do Manto: escolha o seu time dos sonhos de todos os tempos». ge. 27 de junho de 2023. Consultado em 1 de março de 2024
- ↑ «Evaristo de Macedo, Ronaldo e outros 26 jogaram por Barça e Real». UOL. 8 de dezembro de 2011. Consultado em 4 de julho de 2023
- ↑ «'Rivalidade vai além das outras que vivenciei'». Estadão. 7 de outubro de 2012. Consultado em 4 de julho de 2023
- ↑ a b c Marcos Paulo Lima (21 de outubro de 2010). «A frustração de Evaristo de Macedo». Superesportes. Consultado em 1 de junho de 2023
- ↑ Márcio Mará (29 de novembro de 2010). «Meu Jogo Inesquecível: há 50 anos, Evaristo brilhava num Barça x Real». ge. Consultado em 28 de janeiro de 2024
- ↑ Minha História - Evaristo de Macedo. YouTube. 27 de dezembro de 2022. Consultado em 28 de janeiro de 2024
- ↑ «"Os Setentões": Evaristo fez história no Catar». TV Brasil. 17 de março de 2019. Consultado em 1 de junho de 2023
- ↑ «Especial 1988». Site oficial do Bahia. Consultado em 1 de março de 2024
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Estatísticas de Evaristo no futebol espanhol
- Fla-Estatística: Todos os jogos de Evaristo pelo Flamengo
Precedido por Duque | Treinador do Cruzeiro 1991 | Sucedido por Ênio Andrade |
Precedido por Oswaldo de Oliveira | Treinador do Corinthians 1999 | Sucedido por Oswaldo de Oliveira |
Precedido por Hélio dos Anjos | Treinador do Vitória 2004 | Sucedido por René Simões |