Inédito (álbum de Antônio Carlos Jobim) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Inédito | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Álbum de estúdio de Tom Jobim | |||||||
Lançamento | 1987 (lançamento limitado) 1995 (relançamento público) | ||||||
Gravação | 13 de maio – 30 de agosto de 1987 | ||||||
Estúdio(s) | Casa de Jobim, Jardim Botânico, Rio de Janeiro[1] Estúdios Transamérica[1] | ||||||
Gênero(s) | |||||||
Duração | 69:15 | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | |||||||
Gravadora(s) | Odebrecht (lançamento original)[2] Biscoito Fino (relançamento em 2005)[1] | ||||||
Produção | Vera de Alencar, Jairo Severiano | ||||||
Cronologia de Tom Jobim | |||||||
|
Inédito (também conhecido como Tom Jobim Inédito e, originalmente, Tom Jobim em seu lançamento em 1987) é um álbum de estúdio do cantor e compositor brasileiro Tom Jobim, encomendado pelo conglomerado empresarial brasileiro Odebrecht, entregue como brinde pela empresa no Natal de 1987, ano do 60° aniversário de Jobim.[3] O álbum foi lançado ao público em 1995, ano seguinte a morte de Jobim, e lançado nos Estados Unidos sob o título de The Unknown em 2006.
O álbum é uma retrospectiva da carreira de Jobim, trazendo diversas de suas canções mais famosas acompanhadas de material menos conhecido nunca antes gravado. Posteriormente, Jobim afirmou que Inédito foi o álbum que mais se divertiu ao gravar[4] e um dos melhores trabalhos de sua carreira.[5]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Para marcar a celebração do 60° aniversário de Jobim, em 1987 a Odebrecht encomendou a Tom um álbum em versão limitada, dando a ele controle financeiro e artístico.[6] O projeto foi supervisionado por Vera de Alencar, amiga de Jobim e a museologista responsável por seu arquivo musical, e Jairo Severiano, historiador da música brasileira.[1]Jobim trabalhou simultaneamente nas gravações de Inédito e Passarim, que foi seu primeiro álbum em sete anos. Quatro mil cópias das gravações privadas foram entregues a escolas, livrarias, museus e clientes da Odebrecht. Um ano depois da morte de Jobim, sua família entrou em acordo com o conglomerado para lançar o álbum para o público geral através da BMG.[6]
Gravação
[editar | editar código-fonte]Como parte do acordo para fazer o álbum, Jobim estipulou que as gravações deveriam ocorrer em sua casa no bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Sua sala onde encontrava-se o piano foi convertida em estúdio, com Carlos de Andrade servindo como engenheiro de som. As faixas foram gravadas entre 13 de maio e 30 de agosto de 1987.[4]
"Nós começávamos por volta das onze da noite", relembra Severiano, "quando não tinha mais movimento nas ruas e o perigo de vazar ruído, e terminávamos não antes das duas da manhã". Jobim adiciona: "nesta minha casa, ouve-se um sapo a 200 metros de distância".[4]
Para o instrumental, Jobim confiou na Banda Nova, seu grupo de turnê e gravação que incluía amigos próximos e familiares, como sua esposa Ana Jobim, sua filha Elizabeth Jobim e seu filho Paulo Jobim, juntos de Jaques Morelenbaum e a Paula Morelenbaum, além de Danilo Caymmi e sua esposa, Simone.
“Gravamos com total tranquilidade, sem as habituais pressões da indústria”, disse Paulo Jobim.[6]
Recepção crítica
[editar | editar código-fonte]Inédito recebeu unanimemente avaliações positivas quando foi lançado ao público geral.
O The Daily Telegraph aclamou o álbum como "uma jóia perdida pelo melhor compositor brasileiro" e o crítico Mark Hudson escreveu em sua análise que "o relançamento de um extraordinário, ainda pouco conhecido álbum dos anos de crepúsculo de Jobim lança nova luz sobre esta fascinante figura e por toda a bossa nova."
Hudson elogiou o "fabuloso alcance" de Inédito, mostrando a faixa de gêneros musicais e artistas que influenciaram o trabalho de Jobim, como o West Coast jazz, o modernismo europeu, o compositor francês Claude Debussy e o compositor brasileiro Pixinguinha. "Você tem uma noção dessa rica mistura de influências em Inedito. O toque de sereia das vozes femininas traz uma sensação de exaltação com ecos de cantos religiosos africanos, da liturgia católica e das texturas fugidias que alimentaram a música brasileira. E ainda assim um elemento kitsch nunca sai de cena. […] Apesar de toda a sofisticação de sua visão musical, Jobim é um compositor popular, que nunca perde de vista a origem de sua música nos bares e festas nas praias do Rio. Tal como o seu contemporâneo Burt Bacharach, ele faz coisas extraordinárias com a melodia, ao mesmo tempo que se certifica de dar ao homem da rua uma recompensa emocional facilmente digerida. É essa mistura complexa do alto e do baixo, do refinado e do levemente bobo, que faz de Jobim e da própria bossa nova um fenômeno tão atraente."[7]
John Lannert da Billboard chamou o álbum de "uma obra-prima crítica",[6] enquanto o The Wall Street Journal referiu-se a Inédito como uma "joia totalmente realizada […] As canções aceleradas são redefinidas com amor […] e as explorações das obras mais taciturnas e sombrias de Jobim são surpreendentemente eficazes. ‘The Unknown’ captura a amplitude e profundidade da notável obra de Jobim, que continua sendo a fonte de um movimento musical próspero."[8]
Em sua crítica de Inedito no AllMusic, Richard Ginell diz que "o sentimento de saudade está no centro do presente de aniversário de Jobim para si mesmo - ele disse mais tarde que este era seu álbum favorito - e todos os seus conhecedores deveriam tentar caçá-lo."[9]
Lista de faixas
[editar | editar código-fonte]Todas as músicas compostas por Tom Jobim, exceto "Modinha (Seresta n° 5)", composta por Heitor Villa-Lobos e Manuel Bandeira. Compositores adicionais indicados.
Inédito[10] | ||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Wave" | 2:48 | ||||||||
2. | "Chega de Saudade" | V. de Moraes | 3:49 | |||||||
3. | "Sabiá" | C. Buarque | 3:19 | |||||||
4. | "Samba do Avião" | 3:24 | ||||||||
5. | "Garota de Ipanema" | V. de Moraes | 4:02 | |||||||
6. | "Retrato em Branco e Preto" | C. Buarque | 2:05 | |||||||
7. | "Modinha (Seresta n˚ 5)" | H. Villa-Lobos, M. Bandeira | 2:54 | |||||||
8. | "Modinha" | V. de Moraes | 2:15 | |||||||
9. | "Canta, Canta Mais" | V. de Moraes | 3:59 | |||||||
10. | "Eu Não Existo Sem Você" | V. de Moraes | 2:44 | |||||||
11. | "Por Causa de Você" | D. Duran | 2:24 | |||||||
12. | "Sucedeu Assim" | M. Pinto | 2:31 | |||||||
13. | "Imagina" | C. Buarque | 1:52 | |||||||
14. | "Eu Sei que Vou Te Amar" | V. de Moraes | 1:51 | |||||||
15. | "Canção do Amor Demais" | V. de Moraes | 1:42 | |||||||
16. | "Falando de Amor" | 3:53 | ||||||||
17. | "Inútil Paisagem" | A. de Oliveira | 2:48 | |||||||
18. | "Derradeira Primavera" | V. de Moraes | 2:16 | |||||||
19. | "Canção em Modo Menor" | V. de Moraes | 2:20 | |||||||
20. | "Estrada do Sol" | D. Duran | 3:12 | |||||||
21. | "Águas de Março" | 3:36 | ||||||||
22. | "Samba de Uma Nota Só" | N. Mendonça | 3:00 | |||||||
23. | "Desafinado" | N. Mendonça | 2:55 | |||||||
24. | "A Felicidade" | V. de Moraes | 3:51 | |||||||
Duração total: | 69:15 |
Pessoal
[editar | editar código-fonte]Músicos[4]
- Antônio Carlos Jobim - piano (todas as faixas), vocais (2-5, 10, 12, 14, 19, 21-23), suporte vocal (9), arranjo
- Paulo Jobim - violão (1-5, 9, 16, 20-24), arranjo
- Jaques Morelenbaum - violoncelo (1-6, 9-10, 16, 18, 21-24), arranjo
- Danilo Caymmi - flauta (1, 3-5, 11, 16, 18, 20-24), vocais (4-5, 7-8, 16, 23-24), suporte vocal (2-5, 9, 18, 24)
- Sebastião Neto - baixo (1-5, 9, 11, 16, 18, 20-24)
- Paulo Braga - bateria (1-5, 16, 20-21, 23-24)
- David Sacks - trombone (1-2, 4, 16)
- Paula Morelenbaum - vocais (6, 9, 11, 15, 20), suporte vocal (2-5, 18, 21-24)
- Ana Lontra Jobim - vocais (6, 10, 20), suporte vocal (2-5, 9, 18, 21-24)
- Elizabeth Jobim - vocais (6, 9, 20), suporte vocal (2-5, 18, 21-24)
- Maúcha Adnet - vocais (6, 17, 20), suporte vocal (2-5, 9, 18, 21-24)
- Simone Caymmi - vocais (6, 16, 20), suporte vocal (2-5, 9, 18, 21-24)
- Orquestra de cordas (11, 15, 19, 24)
Técnico[4]
- Vera de Alencar - produção fonográfica
- Jairo Severiano - produção fonográfica
- Jaques Morelenbaum - produção musical
- Paulo Jobim - produção musical
- Carlos de Andrade - engenheiro de gravação
- Elizabeth Jobim - arte de capa
- Ana Jobim - fotografias
Referências
- ↑ a b c d «TOM JOBIM INÉDITO». Instituto Antônio Carlos Jobim. Consultado em 26 de maio de 2024
- ↑ Augusto, Sérgio (8 de dezembro de 1995). «'Tom Jobim Inédito' chega oito anos depois». Folha de S. Paulo. Consultado em 26 de maio de 2024
- ↑ Osias, Silvio (15 de abril de 2017). «Odebrecht bancou disco de Tom Jobim, mas não era segredo!». Jornal da Paraíba. Consultado em 26 de maio de 2024
- ↑ a b c d e The Unknown: Tom Jobim (encarte). Antônio Carlos Jobim. [S.l.]: DRG Records. 2006
- ↑ Jobim, Helena (2003). Antônio Carlos Jobim: Um Homem Iluminado. [S.l.]: Nova Fronteira. ISBN 978-8520906842
- ↑ a b c d Lanert, John (27 de janeiro de 1996). «Latin Notas: Anticipation Builds for Chilean Festival» [Notas Latinas: Aumenta a Antecipação para o Festival Chileno]. Billboard: 34. Consultado em 26 de maio de 2024
- ↑ Hudson, Mark (16 de setembro de 2006). «"From Ipanema to the world: A lost gem by Brazil's finest songwriter captures the universal appeal of bossa nova"» [De Ipanema para o mundo: Uma jóia perdida pelo melhor compositor do Brasil captura o apelo universal da bossa nova] (em inglês). The Daily Telegraph. Consultado em 30 de maio de 2024. (pede subscrição (ajuda))
- ↑ Fusilli, Jim (20 de fevereiro de 2007). «New Albums from Brazil» [Novos Álbuns do Brasil]. Nova Iorque: The Wall Street Journal (em inglês)
- ↑ Ginell, Richard. «Inédito: Antonio Carlos Jobim» (em inglês). AllMusic. Consultado em 30 de maio de 2024
- ↑ «Tom Jobim - 1987 ("Inédito")». discosdobrasil.com.br. Consultado em 26 de maio de 2024