Interior de Minas Gerais – Wikipédia, a enciclopédia livre

Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (em vermelho) e do Interior de Minas Gerais (os demais).

O interior de Minas Gerais, ou interior mineiro, é a região que abrange todo o estado brasileiro supracitado, que pertence à Região Sudeste do país, exceto a Região Metropolitana de Belo Horizonte.[1] Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população da unidade federativa excluindo a região metropolitana de sua capital, em 2010, era de 14 776 021 habitantes, ou seja, 75% de todo o estado.[2][3]

O povoamento do atual estado teve início após a descoberta de ouro, no final do século XVII, cuja extração trouxe riqueza e desenvolvimento para a então província e proporcionou um crescimento econômico e cultural concentrado nos núcleos urbanos da região mineradora, como na Vila Ribeirão do Carmo (atual Mariana), Vila Rica (Ouro Preto) e Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará (Sabará).[4][5] No entanto, a escassez do metal proporcionou a emigração da população para outras regiões mineiras entre os séculos XVIII e XIX. Na esperança de se ter uma articulação entre todo o estado, é criada uma nova capital, Belo Horizonte, em 1897.[6][7]

Na década de 1940, o interior mineiro é beneficiado com a construção de várias usinas hidroelétricas e milhares de quilômetros de rodovias, além de investimentos no setor industrial, impulsionando o desenvolvimento sócio-econômico.[7] Destaca-se por possuir um conjunto cultural muito rico, inclusive com vários sotaques próprios e diferentes daquele da cidade de Belo Horizonte.[8] Suas cidades mais populosas são: Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Claros, Uberaba, Governador Valadares, Ipatinga, Sete Lagoas e Divinópolis.[2]

Contexto histórico

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Plantação de café em São João do Manhuaçu: a cultura do café foi uma das responsáveis pelo desenvolvimento econômico do estado.

A extração do ouro trouxe riqueza e desenvolvimento para a então província, proporcionando seu desenvolvimento econômico e cultural a partir do século XVII. Entradas e bandeiras eram realizadas por todo o território com objetivo de obter riquezas e capturar escravos.[4][9] As primeiras cidades do estado (Vila Ribeirão do Carmo (atual Mariana, criada em 8 de abril de 1711), Vila Rica (atual Ouro Preto, em 8 de julho) e Vila Real de Nossa Senhora da Conceição de Sabará (atual Sabará, em 17 de julho) tiveram seu desenvolvimento baseado na extração do metal a partir de 1695,[4][5] sendo Vila Rica a capital entre 1721 e o final do século XIX.[6]

A maior parte dos núcleos urbanos se encontrava nas proximidades da região mineradora. No entanto, após a escassez do ouro, entre os séculos XVIII e XIX, houve a emigração de grande parte da população. Os desbravadores passaram a criar novas fazendas por outras regiões do atual estado e na zona rural, erguendo capelas onde, posteriormente, surgiriam arraiais e vilas.[10] Um novo ciclo (o do café) novamente traria, a Minas, projeção nacional. O fim do ciclo do café levaria ao processo de industrialização relativamente tardio. O lucro gerado pela cultura cafeeira, no entanto, era em parte destinado aos portos de exportação nos estados vizinhos e, após o fim da escravidão, não houve a transição direta para o trabalho livre e assalariado nas lavouras, reduzindo a circulação monetária no estado. Também havia uma desarticulação entre as regiões do estado, que tinham mais relações econômicas com os estados vizinhos, levando à criação de uma nova capital, Belo Horizonte, em 1897.[7]

Eram poucas as exceções ao atraso industrial, como a cidade de Juiz de Fora, que, por algum tempo, foi beneficiada pela cultura cafeeira aliada à proximidade com o Rio de Janeiro.[11] No final da década de 1940, uma série de transformações visaram a sanar os problemas que barravam o desenvolvimento mineiro, principalmente durante o período do mandato de Juscelino Kubitschek como governador e presidente da república. Foram construídas várias usinas hidroelétricas e milhares de quilômetros de rodovias.[7]

Segundo dados do censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano de 2010, a população da unidade federativa excluindo a região metropolitana de sua capital, era de 14 776 021 habitantes, ou seja, 75% de todo o estado.[2][3] Abaixo, os 20 municípios mais populosos do interior do estado:

O interior de Minas Gerais tem destaque por possuir um conjunto cultural muito rico e bastante peculiar, com a religiosidade tendo influência marcante nas principais manifestações culturais, sendo exemplos o Congado, as Cavalhadas e as festas juninas.[8] O artesanato se faz bastante presente, destacando-se trabalhos com materiais tipicamente encontrados no interior do estado, como cerâmica, madeira e fibras vegetais, argila, bordados e tricôs.[13] Na culinária, destacam-se alimentos envolvendo a carne de porco, vaca atolada, o feijão tropeiro com torresmo e a canjiquinha. O pão de queijo, os queijos (e seu modo artesanal de preparo) e o café também estão entre as principais referências da cozinha interiorana mineira.[14]

Referências

  1. Marta Vieira e Luiz Ribeiro (18 de fevereiro de 2013). «Custo de vida no interior já é maior que em BH». Estado de Minas. Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  2. a b c Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (29 de novembro de 2010). «Censo 2010 - Minas Gerais» (PDF). Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 9 de fevereiro de 2012 
  3. a b G1 (4 de dezembro de 2010). «Confira o ranking das maiores regiões metropolitanas». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  4. a b c Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM). «E os bandeirantes descobrem o Ouro». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 28 de janeiro de 2014 
  5. a b Governo de Minas Gerais. «Mesorregiões e microrregiões». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 28 de janeiro de 2014 
  6. a b Governo de Minas Gerais. «A cidade». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  7. a b c d Júnior R. Garcia; Daniel C. Andrade (dezembro de 2007). «Panorama geral da industrialização de Minas Gerais (1970-2000)» (PDF). Campinas: Leituras de Economia Política. Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 24 de dezembro de 2013 
  8. a b Governo de Minas Gerais. «Folclore e Folguedos de Minas». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  9. Rainer Sousa. «Entradas e Bandeiras». Brasil Escola. Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  10. Antônio de Paiva Moura. «A metamorfose de Minas». As Minas Gerais. Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  11. Ricardo Zimbrão Affonso de Paula. «Indústria em Minas Gerais: origem e desenvolvimento» (PDF). X Seminário sobre a economia mineira. Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 24 de dezembro de 2013 
  12. «Censo demográfico do Brasil de 2022 – PORTARIA PR-470.». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 28 de junho de 2023. Consultado em 30 de outubro de 2024 
  13. Governo de Minas Gerais. «Artesanato». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 
  14. Governo de Minas Gerais. «Artesanato». Consultado em 29 de janeiro de 2014. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2014 

Ligações externas

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