José Carlos de Carvalho Júnior – Wikipédia, a enciclopédia livre
José Carlos de Carvalho Júnior | |
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José Carlos de Carvalho na década de 1910. | |
Dados pessoais | |
Nome completo | José Carlos de Carvalho Júnior |
Nascimento | 02 de setembro de 1847 Rio de Janeiro, Império do Brasil |
Morte | 28 de fevereiro de 1934 (86 anos) |
Nacionalidade | brasileira |
Vida militar | |
Anos de serviço | 1864 a 1910 |
Hierarquia | 1867: guarda-marinha; 1868: 2° tenente da Armada; 1872: 1° tenente da Armada; 1891: Capitão-Tenente da Armada; 1894: Capitão de Guerra e Mar; 1910: Contra-Almirante. |
José Carlos de Carvalho Júnior (2 de setembro de 1847 – 28 de fevereiro de 1934) [1] foi um engenheiro que lutou na Guerra do Paraguai e um político brasileiro. É mais conhecido pela participação histórica na comissão de transporte do importante meteorito do Bendegó.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]Nasceu do casamento entre o 1º Tenente do Corpo de Bombeiros José Carlos de Carvalho e da senhora Antonia Ferraz de Carvalho em 2 de setembro de 1847, na cidade do Rio de Janeiro. Foi batizado na antiga Igreja de Sant'anna, demolida para a construção da Estrada de Ferro Central do Brasil.[2]
Fez seus estudos preparatórios no tradicional Colégio Dom Pedro II.[2]
Guerra do Paraguai
[editar | editar código-fonte]Em 1864, aos 17 anos, ingressa na carreira militar por meio da Escola de Marinha, como praça de aspirante.[3]
Em 1865, segue para a Guerra do Paraguai, atuando no reconhecimento das águas do rio Paraná e mapeamento das baterias fortificadas. Em 1867, conclui o curso na Escola de Marinha, formando-se como guarda-marinha.[3]
No Paraguai também participou, em 1868, do combate da Passagem de Humaitá, onde foi ferido. Por isso, foi promovido a 2° tenente e condecorado com a Ordem Imperial do Cruzeiro, como grão-cavaleiro.[2]
Em 7 de setembro de 1867 foi novamente ferido, desta vez no combate que culminou na Rendição de Angostura. Também participou das tropas que ocuparam Assunção, no Paraguai. Pela participação na guerra, é condecorado em 1870, já no Rio de Janeiro, com a medalha do Mérito Militar por atos de bravura[2][3].
Comissão Bendegó
[editar | editar código-fonte]Em 1871, conquista o título de engenheiro agrimensor após terminar as instruções. Desempenha diversos posições no país com a Marinha do Brasil, mas também atua em obras de engenharia, contratado por instituições privadas.[3]Em 1887, José Carvalho foi condecorado com o Oficialato da Imperial Ordem da Rosa, por organizar a seção brasileira a ser apresentada na Exposição de caminhos de ferro em Paris.
Entre 1887 e 1888, José Carlos de Carvalho liderou uma comissão de engenheiros para o transporte e estudos científicos do maior meteorito encontrado no Brasil, o Meteorito do Bendegó. Essa expedição teve o intuito de transportar o meteorito da serra baiana de Bendegó para o Museu Nacional, na cidade do Rio de Janeiro. Seguiu acompanhado dos engenheiros Humberto Saraiva Antunes e Vicente José de Carvalho.
O transporte ocorreu por via terrestre em terrenos de condições adversas e com travessias de córregos, utilizando uma estrutura de trilhos planejada para este fim. A expedição durou 8 meses.
Em 1888, publica o "Relatório apresentado ao Ministério da Agricultura, Commércio e Obras Públicas e à Sociedade Brasileira de Geographia sobre a remoção do Meteorito de Bendegó do sertão da Província da Bahia para o Museu Nacional", relatando o andamento da difícil e longa expedição.
Essa tarefa já havia sido tentada em 1784, sem sucesso. Por conta do êxito da Comissão Bendegó, é agraciado com a Comenda da Imperial Ordem da Rosa [4] pela Princesa Isabel.
Participação em insurgências, prisão e carreira como deputado
[editar | editar código-fonte]No Rio de Janeiro, em 1891 José Carlos de Carvalho participa da organização da primeira Revolta da Armada, que resultou na renúncia do presidente Deodoro da Fonseca[3]. Por sua atividade nos atos de 10 de abril de 1892, é preso por conspiração contra o presidente Floriano Peixoto, sendo desterrado para o Forte de São Francisco Xavier de Tabatinga[3], então em ruínas. Esta fortificação militar se situava em local extremamente isolado, na foz do rio Javari, na fronteira entre o Estado do Amazonas e o Peru. Recebe anistia em 23 de agosto de 1892.[3]
Ao retornar do exílio, participa da repressão à segunda Revolta da Armada em 1893, promovida por unidades da Marinha do Brasil contra o então presidente Floriano Peixoto.[2] Em 1894 já havia chegado ao posto de Capitão de Mar e Guerra honorário. [3]
José Carlos também foi deputado federal.
Em 1910, tomou parte nas negociações com os marinheiros amotinados por ocasião da Revolta da Chibata, comandada por João Cândido.[2] Em discurso na Câmara dos Deputados, após visitar um dos navios tomados pelos revoltosos, salienta como os marinheiros eram castigados por seus superiores:
"Mandaram vir a minha presença, Sr. Presidente, uma praça que tinha sido castigada ante-hontem. Examinei essa praça e trouxe-a commigo para terra para ser recolhida ao Hospital da Marinha. Presidente, as costas desse companheiro assemelham-se a uma tainha lanhada para ser salgada".[2]
Também em 1910, foi elevado a contra-almirante e, em seguida, reformado da carreira militar.
Últimos anos
[editar | editar código-fonte]Também foi membro da Sociedade Brasileira de Geografia e outras associações científicas durante muitos anos de sua vida até o fim de sua carreira como engenheiro, época em que também estava aposentado da carreira militar na Marinha do Brasil.
Obras
[editar | editar código-fonte]- "Relatório apresentado ao Ministério da Agricultura, Commércio e Obras Públicas e à Sociedade Brasileira de Geographia sobre a remoção do Meteorito de Bendegó do sertão da Província da Bahia para o Museu Nacional" (1888);
- "Livro da minha vida: na guerra, na paz e nas revoluções:1847-1910" (1912);
- Deus, pátria e família: a fé de ofício de um brasileiro carioca" (1925).
Galeria
[editar | editar código-fonte]- O almirante José Carlos de Carvalho Júnior, chefe da comissão de engenheiros do exército e seu secretário, o Capitão Luiz Vieira Ferreira.
- José Carlos de Carvalho como chefe da Comissão Bendegó em 1887-1888, ao lado dos engenheiros Humberto Saraiva Antunes e Vicente José de Carvalho.
- José Carlos de Carvalho Júnior, acompanhado por Gastão de Orléans e pela Princesa Isabel, em visita a usina dedicada à fabricação de armamentos militares, 1886.
Referências
- ↑ «Acervo Arquivístico da Marinha do Brasil: registro de autoridade». Consultado em 13 de novembro de 2018. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2018
- ↑ a b c d e f g «Vida heroica e construtora de um lidador de homens e ideias. Quem foi o almirante José Carlos de Carvalho.». Republicado por Hemeroteca Digital Brasileira. A Noite Ilustrada (n.209): p.9. 7 de março de 1934. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ a b c d e f g h CARVALHO, José Carlos (1912). O livro da minha vida: na guerra, na paz e nas revoluções (1847-1910). Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio
- ↑ «Sem título». Republicado por Hemeroteca Digital Brasileira. Gazeta de Notícias (n.233): p.1. 21 de agosto de 1888. Consultado em 28 de setembro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Relatório da expedição feita pela Comissão Bendegó
- Lista de obras e escritos de José Carlos de Carvalho
- «Museu da França tem réplica de meteoro que caiu no Brasil encontro em 1784» [ligação inativa] / «"Museu da França tem réplica de meteoro que caiu no Brasil encontro em 1784"»
- «O meteorito de Bendegó» [ligação inativa] / «"O meteorito de Bendegó"»