Krenyê – Wikipédia, a enciclopédia livre
Krenyê | |||
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População total | |||
300 pessoas[1] | |||
Regiões com população significativa | |||
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Línguas | |||
Português | |||
Religiões | |||
xamanismo e cristianismo |
Os Krenyê são um grupo indígena que habita o centro do estado Maranhão,
Vivem em especial na Reserva Indígena Krenyê, no município de Tuntum, além de outros territórios.
Denominação
[editar | editar código-fonte]Na definição Krenyê, o nome viria do pássaro conhecido pelos não-índios como “periquito jandaia”.[2]
Os Krenyê são classificados como pertencentes ao do tronco linguístico macro-jê e do grupo dos timbiras. [3]
Os timbiras, por sua vez, se dividem entre os ocidentais na margem esquerda do rio Tocantins (Apinajé, no Tocantins) e orientais na margem direita do rio Tocantins (Gavião Parakateyê no Pará; Gavião Pukobyê, Krikati, Canela, Krenyê, Krepumkateyê, no Maranhão; Krahô, no Tocantins).[3][4]
No entanto, atualmente falam somente a língua portuguesa.
História
[editar | editar código-fonte]Os primeiros registros referentes aos Kreniê-Timbira são do início do século XIX, quando o comandante Francisco de Paula Ribeiro, chefe da milícia expedicionária oficial da província do Maranhão, com objetivo de expandir as fronteiras para a exploração agropastoril nos sertões maranhenses, elaborou relatórios sobre a região centro-sul do estado e os povos timbiras que a habitavam, entre eles os Krenyê na região de Bacabal. [5]
Francisco de Paula Ribeiro denominou os “Krenyê de Bacabal” como “Timbira do Baixo Mearim” (1841), juntamente com os povos Pobzé e os Kukoékamekrá.[5]
O etnólogo Nimuendajú mencionou, em 1946, a existência de dois povos distintos denominados como Krenyê, os quais diferenciou em: “Krenyê de Bacabal” e “Krenyê de Cajuapara”, considerando que os Krenyê de Bacabal assemelhavam-se aos Timbira de Araparytiua, e os do Cajuapara pareciam mais com os Krepumkateye e Pukopyê.[5]
No século XIX, os Krenyé foram atraídos para o contorno da Vila Santa Leopoldina, na atual cidade de Bacabal, que objetivava o aldeamento dos Krenyê e dos Pobzé.[5]
No início da década de 1940, uma epidemia de sarampo provocou grande mortalidade entre os Krenyê que habitavam a antiga aldeia da Mangueira na localidade identificada pelo grupo como Pedra do Salgado (no atual município de Vitorino Freire, antigo povoado de Bacabal), sendo reduzida a uma população de menos de 50 pessoas. A epidemia e conflitos com criadores de gado provenientes do Ceará provocaram a fuga de muitos indivíduos para a mata.[5]
Os Krenyê de Bacabal sofreram um processo de fragmentação e dispersão e se dividiram entre terras dos Tenetehara e Gavião-Pukobyê, além de periferias de algumas cidades como Santa Inês, Barra do Corda e Pindaré-Mirim.[5]
O grupo chegou a ser considerando extinto pelos órgãos oficiais, o que os privou de atendimentos por políticas públicas, e passou por conflitos com outros grupos indígenas e com a população regional, que questionavam a identidade Krenyê.[5]
Terra Indígena Krenye
[editar | editar código-fonte]Desde 2004, os Krenyê reivindicavam a demarcação de suas terras e luta por reconhecimento de sua identidade étnica, bem como o retorno para a antiga aldeia em Pedra do Salgado.[6]
Em 2009, o grupo fez uma visita a Pedra do Salgado, em Bacabal e identificaram no local as três mangueiras onde os mais velhos faziam os rituais de encontro com os espíritos e que foram plantadas pelo bisavô de umas das lideranças do movimento.[7]
Em 2010, os Krenyê foram expulsos da Terra Indígena Rodeador (onde vivam desde 2003), após conflitos de terra, passando a habitar a periferia da cidade de Barra do Corda, no interior do Maranhão, o que levou a FUNAI a buscar propostas alternativas para a ocupação de terras pelos indígenas.[6]
Com a demora para uma solução, uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal determinou que a FUNAI criasse grupo técnico para os estudos de identificação e delimitação da área reivindicada pelos indígenas, em 2013.[6]
Em 2015, a FUNAI publicou edital para aquisição de imóveis na região onde vivam os indígenas. A vistoria dos imóveis contou com a participação de lideranças Krenyê e de membros da Fundação. Foi selecionada a Fazenda Vão Chapéu, no município de Tuntum, com superfície em cerca de oito mil hectares.[6]
Em fevereiro de 2019, foi entregue a escritura da Reserva Krenyê para os indígenas. [6]
Os Krenyê também podem ser encontrados nas terras indígenas Rio Pindaré, Governador, Canabrava, Geralda Toco Preto e Krikati.[8]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ [1]
- ↑ Coelho, Vanessa; Cardoso, Gabriel N.; Herbetta, Alexandre; Durazzo, Leandro. «Dossiê Etnologia Indígena do Nordeste». Equatorial Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRN. Consultado em 21 de novembro de 2021
- ↑ a b Valeria Moreira Garcia Vilar Veiga; Alberto Pedrosa Dantas Filho. «UFMA». UM RITUAL NA VIDA DO POVO RAMKOKAMEKRÁ CANELA: CORRIDA COM TORA
- ↑ Carlos Eduardo Penha Everton; Marinete Moura da Silva Lobo. «INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO». Temas Indígenas: Diálogos Interculturais no IFMA Campus Barra do Corda
- ↑ a b c d e f g Mônica Ribeiro Moraes de Almeida. «Em busca da "terra perdida": a emergência étnica e a luta pelo território Krenyê.» (PDF)
- ↑ a b c d e «Após um ano sem homologações de Terras Indígenas, povo Krenyê recebe escritura de reserva no Maranhão». Fundação Nacional do Índio. Consultado em 20 de novembro de 2021
- ↑ cimi (25 de maio de 2012). «Maranhão: a invasão e a resistência continuam | Cimi». Consultado em 20 de novembro de 2021
- ↑ Pagano, Luiz (22 de outubro de 2021). «Povos Indígenas Brasileiros: Krenyê». Povos Indígenas Brasileiros. Consultado em 20 de novembro de 2021