Cuazulo-Natal – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cuazulo-Natal
  Províncias da África do Sul  
Horizonte de Cuazulo-Natal
Horizonte de Cuazulo-Natal
Símbolos
Lema Vamos nos levantar e construir
Localização
Localização de Cuazulo-Natal na África do Sul
Localização de Cuazulo-Natal na África do Sul
Localização de Cuazulo-Natal na África do Sul
Coordenadas
País África do Sul
Capital Pietermaritzburgo
Administração
Tipo Parlamentarismo
Características geográficas
Área total 94 361 km²
População total 10 267 300 hab.
 • Línguas
Fuso horário SAST (UTC+2)

Cuazulo-Natal[1] (KwaZulu-Natal) é uma província da África do Sul, criada em 1994. Tem área de 94 361 quilômetros quadrados e tinha, segundo censo do mesmo ano, 10 267 300 habitantes. Sua capital fica em Pietermaritzburgo.[2]

Défense_de_Rorke's_Drift
Pormenor de pintura representando a Batalha de Rorke's Drift, durante a Guerra Anglo-Zulu (11 de janeiro – 4 de julho de 1879

No dia de Natal de 1497, o navegador português Vasco da Gama avistou a costa onde hoje se situa a cidade de Durban, batizando a região com o nome de Natal, em português, ou Terra Natalis, em latim.[3]

A partir do século XVI, o interior do Natal foi ocupado pelo ramo angune dos povos de língua banta. No século XIX, os zulus estabeleceram o poderoso Reino Zulu a norte do rio Tugela que, sob a liderança de Shaka (1816-1828), lançaram uma série de campanhas militares devastadoras que provocaram o despovoamento da maior parte da região a sul do rio Tugela.[4]

Em 1824, os britânicos estabeleceram um posto comercial a que chamaram Porto Natal (atual Durban), firmando um tratado com Shaka que lhes cedeu uma faixa de território com 50 milhas (80 km) de costa e uma profundidade de 100 milhas (160 km) no interior.[5]

Entretanto, em outubro de 1937, ao interior que se encontrava despovoado na sequência das razias do zulus, chegaram os Voortrekkers, ou seja, os africânderes ou bóeres que haviam abandonado a Colónia do Cabo, governada pelos britânicos. Após uma tentativa frustrada de acordo entre os africânderes e os zulus, em dezembro de 1838, deu-se a Batalha do Rio Blood que terminou com a vitória dos bôeres sob o comando de Andries Pretorius.[6] Derrotados, os zulus fizeram amplas concessões aos bóeres estabelecendo-se num estado vassalo, a norte do rio Tugela, conhecido como Zululândia.[7]

Os africânderes estabeleceram a República de Natália, com capital em Pietermaritzburgo e fronteira norte no rio Tugela, mas de curta duração, já que foi anexada pelos britânicos em 1843. Em resposta, muitos habitantes africânderes abandonaram o território, partindo para o Transvaal e para o Estado Livre de Orange, sendo substituídos por imigrantes provenientes do Reino Unido.[8]

Em 1856, o Natal foi transformado numa colónia da coroa britânica e dotada do seu próprio conselho legislativo. Por essa altura, foi introduzida uma política destinada a reservar grandes extensões de terra para os povos bantus nativos, que eram bastante mais numerosos do que os brancos da colónia.[9] A partir de 1860, um número crescente de indianos passou a entrar na colónia como trabalhadores contratados nas plantações de cana-de-açúcar.[10]

A colónia do Natal foi alargada por aquisições sucessivas, nomeadamente da Zululândia. Após a vitória britânica na Guerra Anglo-Zulu de 1879, a Zululândia foi formalmente anexada em 1887 e integrada no Natal em 1897.[11] Em 1893, os britânicos concederam autonomia de gestão interna ao Natal. Dois anos depois, foi construída uma linha ferroviária ligando Durban a Pretória, no Transvaal, com o Natal a aderir à união aduaneira dos estados sul-africanos em 1898.

Durante a Segunda Guerra dos Bóeres (1899-1902), o Natal foi invadido pelas forças bóeres, impondo o cerco de Ladysmith. No entanto, o Natal permaneceu pró-britânico durante toda a guerra, devido às origens britânicas da sua minoria branca dominante.[12]

Em 1910, a colónia tornou-se uma província da União Sul-Africana e, em 1961, da República da África do Sul.

Durante o regime do apartheid,[13] os territórios que tinham sido reservados sob o fundo da terra indígena (1864) acabaram por formar o extenso, mas altamente fragmentado, estado negro não independente de Cuazulo. Este bantustão funcionou como pátria legal (homeland) para todos os zulus do país.[14]

No final da década de 1980 e início dos anos 90, Natal e Cuazulo tornaram-se cenários de violentos confrontos entre partidos políticos rivais que lutavam pelo apoio dos sul-africanos negros, antes do estabelecimento do governo maioritário sob a nova constituição. Milhares de pessoas morreram nestes conflitos que colocaram os apoiantes zulus do Partido da Liberdade Inkatha[15] contra os adeptos do Congresso Nacional Africano.[16]

Em 1994, quando a nova constituição sul-africana aboliu o sistema do apartheid, o bantustão de Cuazulo e a província do Natal uniram-se, constituindo o Cuazulo-Natal.[17]

Referências

  1. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  2. Statoids 2015.
  3. «Vasco da Gama's Voyage of 'Discovery' 1497 | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  4. «Shaka | Zulu chief | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2023 
  5. «Durban | History, Population, & Facts | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2023 
  6. «Battle of Blood River | Facts, Context, & Aftermath | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2023 
  7. «Great Trek 1835-1846 | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  8. «Republic of Natalia | historical republic, South Africa | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2023 
  9. «The Zulu kingdom and the colony of Natal | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  10. «Indian South Africans | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  11. «Anglo-Zulu Wars 1879-1896 | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  12. «South African War | Definition, Causes, History, & Facts | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 14 de abril de 2023 
  13. «A history of Apartheid in South Africa | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  14. «The Homelands | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  15. «Inkatha Freedom Party (IFP) | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  16. «African National Congress (ANC) | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023 
  17. «Kwazulu Natal | South African History Online». www.sahistory.org.za. Consultado em 14 de abril de 2023