Revolução sexual – Wikipédia, a enciclopédia livre

Passeata feminista em Washington, D.C. em 1970.

A revolução sexual ou liberação sexual é uma perspectiva social que desafia os códigos tradicionais de comportamento relacionados à sexualidade humana e aos relacionamentos interpessoais. O fenômeno ocorreu em todo o mundo ocidental dos anos 1960 até os anos 1970.[1] Muitas das mudanças no panorama desenvolveram novos códigos de comportamento sexual, muitos dos quais tornaram-se a regra geral de comportamento.[2]

A liberação sexual inclui uma maior aceitação do sexo fora das relações heterossexuais e monogâmicas tradicionais (principalmente do casamento).[3] A contracepção e a pílula, nudez em público, a normalização da homossexualidade e outras formas alternativas de sexualidade e a legalização do aborto foram fenômenos que começaram a ganhar força nas sociedades ocidentais.[4][5]

A expressão "revolução sexual" tem sido utilizada pelo menos desde o final da década de 1910[6] e, muitas vezes, lhe é atribuída ter sido influenciada pelos estudos de Freud sobre a liberação sexual e as questões psicossexuais.[carece de fontes?] Freud, entretanto, considerava todo ato sexual cujo propósito não fosse reprodutivo como uma perversão.[7][8]

No final dos anos 1970 e 1980, a recentemente conquistada "liberdade sexual" foi explorada pelo grande capital, que procurou lucrar numa sociedade mais aberta com o advento da pornografia pública e da pornografia hardcore.[9] O historiador David Allyn argumenta que a revolução sexual foi o momento de a sociedade "sair do armário" em relação ao sexo antes do casamento, masturbação, fantasias eróticas, pornografia e sexualidade.[1]

A artista holandesa Phil Bloom em 1967, conhecida como a primeira pessoa que ficou completamente nua em um programa de televisão.

A revolução sexual pode ser vista como uma consequência de um processo na história recente, apesar de suas raízes poderem ser rastreadas até o iluminismo (Marquês de Sade) e a era vitoriana (poemas de Algernon Charles Swinburne de 1866). Seu desenvolvimento aconteceu no mundo moderno, que assistiu a uma perda significativa do poder de valores de uma moral enraizada na tradição cristã e à ascensão das sociedades permissivas, que começaram a aceitar uma maior liberdade e experimentação sexual que se espalharam por todo o mundo, fenômeno este sintetizado pela expressão amor livre.

O período do puritanismo da Guerra Fria, dizem alguns, levou a uma rebelião cultural na forma da "revolução sexual". Apesar disso, no entanto, antes da década de 1920 e durante a era Vitoriana, a sociedade era muito mais conservadora do que nos anos 1930 e 1950. Devido à invenção da televisão e ao seu uso cada vez mais amplo, a grande maioria dos estadunidenses tinham um aparelho de televisão na década de 1960.

Este dispositivo de comunicação de massa, juntamente com outros meios de comunicação como rádio e revistas, podia transmitir informações em questão de segundos a milhões de pessoas, enquanto que apenas algumas poucas pessoas ricas influentes controlavam o que milhões de pessoas que iriam assistir. Alguns têm agora a teoria de que talvez esses meios de comunicação social tenham ajudado a difundir essas novas ideias entre as massas.

A difusão dessas novas ideias para a população através das mídias foi radical e durante o final dos anos 1960 a contracultura estava se tornando bem conhecida no rádio, jornais, televisão e outros meios de comunicação.

Um dos gatilhos para a revolução sexual moderna foi o desenvolvimento da pílula anticoncepcional, em 1960, que deu o acesso das mulheres à contracepção fácil e confiável. Outro fator provável eram as vastas melhorias em obstetrícia, o que reduziu o número de mulheres que morrem durante o parto o que, portanto, aumentou a expectativa de vida das mulheres.

Outros dados sugerem que a "revolução" foi mais diretamente influenciada pela independência financeira adquirida por muitas mulheres que entraram na força de trabalho durante e após a Segunda Guerra Mundial, fazendo com que a revolução fosse mais sobre a igualdade individual ao invés da independência biológica. Muitas pessoas, no entanto, dizem que é difícil apontar uma causa específica para este fenômeno de grande porte.[10]

Revoluções modernas

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Embalagem semiusada de pílulas anticoncepcionais.

A Revolução Industrial no século XIX e o crescimento da ciência, tecnologia, medicina e saúde, resultou em melhores métodos anticoncepcionais. Os avanços na fabricação e na produção da borracha tornou possível a concepção e produção de preservativos que podem ser usados por centenas de milhões de homens e mulheres para evitar a gravidez a um custo reduzido.

Avanços na produção de aço e na imunologia tornou o aborto prontamente disponível e menos perigoso. Avanços em química, farmacologia e em conhecimentos de biologia e fisiologia humana levaram à descoberta e ao aperfeiçoamento dos primeiros anticoncepcionais também conhecido como "pílula". Comprar ou adquirir um afrodisíacos e/ou brinquedos sexuais se tornou "normal". O sadomasoquismo ("S&M") ganhou popularidade e o divórcio unilateral tornou-se legal e fácil de obter em muitos países durante os anos 1960 e 1970.

Todos estes desenvolvimentos tiveram lugar em paralelo e combinados com um aumento da alfabetização em todo o mundo e o declínio das práticas religiosas. Antigos valores, como a noção bíblica de "crescei-vos e multiplicai-vos", foram postos de lado conforme as pessoas passaram a se sentir alienadas do passado e a aprovar o estilo de vida moderno da cultura ocidental.

Outro fator que contribuiu para esta revolução mais moderna da liberdade sexual foram os estudos de Herbert Marcuse e Wilhelm Reich, que assumiu a filosofia de Karl Marx e outros filósofos e a misturou à liberdade dos direitos sexuais e à cultura moderna.

Quando se fala de revolução sexual, os historiadores fazem uma distinção entre a primeira e a segunda revolução sexual. Na primeira revolução sexual (1870-1910), a moral vitoriana perdeu seu apelo universal. No entanto, não levou ao surgimento de uma "sociedade permissiva". Exemplar para este período é o aumento e diferenciação nas formas de regulação da sexualidade.

Referências

  1. a b Allyn, 2000.
  2. Time, 1967.
  3. Escoffier, 2003.
  4. Germaine Greer and The Female Eunuch
  5. The 1960s Cultural Revolution.
  6. The term appeared as early as 1929; the book Is Sex Necessary?, by Thurber & White, has a chapter titled The Sexual Revolution: Being a Rather Complete Survey of the Entire Sexual Scene.
  7. Freud, Sigmund. Introductory Lectures on Psychoanalysis (1915–17): Lecture XX: The Sexual Life of Human Beings. [S.l.: s.n.] 
  8. Neu, Jerome (1997). The Cambridge Companion to Freud. [S.l.: s.n.] p. 187. ISBN 052137779X 
  9. Sexual Revolution by Erica Jong, Jeffrey Escoffier, Fred W. McDarrah.
  10. Alan Petigny, "Illegitimacy, Postwar Psychology, and the Reperiodisation of the Sexual Revolution" Journal of Social History, fall 2004