Escola Secundária de Camões – Wikipédia, a enciclopédia livre

Escola Secundária de Camões
Escola Secundária de Camões
Fachada principal da escola
Informação
Apelido Liceu Camões
Localização Lisboa, Portugal
Tipo de instituição Público
Fundação 1902 (122 anos)
Abertura 1909 (115 anos)
Cores Azul e branco
Cursos oferecidos Ensino regular e profissional
Diretor(a) João Jaime
Docentes c. 50
Funcionários c. 25
Número de estudantes c. 1000
Página oficial
liceucamoes.wixsite.com/camoes

A Escola Secundária de Camões MHIP (também conhecida por Liceu Camões, ou na sua grafia antiga Lyceu Camões), é um estabelecimento de ensino secundário, fundada em 1902. É uma das maiores e mais prestigiadas escolas secundárias de Lisboa, Portugal. Por ela frequentaram diversos alunos que hoje são importantes figuras da sociedade, quer a nível nacional ou internacional.

O edifício do antigo Liceu, está classificado, desde 2012, como monumento de interesse público.[1]

A atual Escola Secundária de Camões foi formada em 1902, por Carta de Lei de 24 de Maio, com o nome de Liceu Nacional de Lisboa, sendo o segundo liceu de Lisboa.

O recém-criado criado liceu viu-se imediatamente confrontado com dificuldades: uma das mais prementes, a sua instalação física —; foi escolhido um local: o Palácio da Regaleira, no Largo de São Domingos. Estava longe de ser o local ideal, já que as salas eram muito pequenas e mal mobiladas, não existia um laboratório de Física, Química ou Zoologia, nem um recreio onde os alunos pudessem passar os intervalos —; as brincadeiras decorriam nas proximidades do edifício ou no próprio Largo de São Domingos. Como se não bastasse, o liceu partilhava o rés-do-chão com uma leitaria e uma loja de mobílias.

Dois anos mais tarde, aquando da divisão de Lisboa em três zonas escolares, o Liceu Nacional torna-se o Liceu Central da 1.ª Zona Escolar, ganhando assim mais autonomia. As dificuldades contudo foram aumentando à medida que a população escolar aumentava —; o Liceu servia agora 15 freguesias.

Em grande parte devido à procura de um espaço adequado para a prática de educação física —; obrigatória desde 1905 —; Rui Teles Palhinha, o primeiro reitor do Liceu Central da 1.ª Zona, tentou encontrar um edifício que reunisse as condições necessárias, que incluíam amplos espaços e condições de higiene. Como hipóteses surgiram o Teatro D. Maria II e o Real Ginásio Clube, mas acabou por ser conseguido o Centro Nacional de Esgrima. No entanto, uma coisa ficou clara: a necessidade de um espaço e edifício próprio, construído de raiz. Com esse objectivo, Rui Teles Palhinha faz uma exposição ao ministro dos Negócios do Reino, onde pede a "construção dum edifício em local próprio, construção que obedeça aos princípios da mais estrita economia, tendo em vista que uma escola precisa de ar e de luz, que são de graça, e prescinde de cantarias lavradas e de madeiras ricas".

A construção do novo espaço é aprovada e autorizado um empréstimo no valor máximo de 200 contos de réis, "destinado à aquisição de terreno e construção do edifício para o Liceu Central da 1ª Zona Escolar", ficando o restante destinado à aquisição de mobiliário.

No inicio de 1908 iniciam-se as obras, que vêm a acabar (surpreendentemente depressa) 21 meses depois, nos finais de 1909. Entretanto, a 9 de Setembro de 1908, a designação muda oficialmente para Lyceu de Camões, e a inauguração ocorre a 16 de Outubro de 1909. O Liceu foi construído no Largo do Matadouro Municipal, sob fortes críticas, por ser de difícil acesso e distante para os alunos. Embora fosse uma zona de expansão, três anos depois da abertura o local continuava ermo e inóspito, existindo nas proximidades somente o Matadouro e a Escola de Medicina Veterinária.

Logótipo da Escola Secundária de Camões

Projectado inicialmente para acolher 600 alunos, no ano lectivo de 1909-10 o Liceu dispunha de trinta professores que leccionavam a um total de 19 turmas. Desde o início houve preocupação com o desenvolvimento físico e intelectual e com a higiene dos alunos, o que se traduziu em lavabos distribuídos por todo o edifício, duches ao pé do ginásio, o projecto de uma piscina de natação, a separação dos espaços especializados, a notória separação da via pública, o agrupamento dos alunos em pátios diferentes e a habitação independente do reitor. A construção em tridente resolvia o problema da iluminação e arejamento da escola, ao mesmo tempo que proporcionava um ambiente educativo que promovia a permanência dos alunos dentro do edifício. Outro aspecto do esquema compositivo em tridente e da disposição das salas é o facto de o Liceu praticamente não possuir corredores fechados —; as salas dão diretamente para o pátio ou para galerias abertas. Ouviram-se, na altura, alguns comentários dizendo que "o liceu era um grande ginásio com algumas salas de aula à volta dele".

Dos primeiros tempos do Liceu, convém destacar um aluno pela importância que teve no despertar do movimento associativo estudantil: Mário de Sá-Carneiro. Tendo tido um percurso liceal algo atribulado, acaba por concluir o secundário no Liceu de Camões nas Turmas de Letras de 1909/1910 e 1910/1911, depois de três anos nos 6.º e 7.º São Domingos.

Em 1911, é publicado o regulamento interno, onde vem definida a vida da Associação Académica do Liceu de Camões, fundada a 9 de Fevereiro do mesmo ano. Os principais objectivos da associação consistiam no desenvolvimento físico e intelectual dos seus sócios e na solidariedade escolar a favor dos mais desfavorecidos, tendo lhe sido autorizada a organização de conferências, jogos de educação física e aulas de esgrima. Embora tenha sido alvo, alguns anos mais tarde, duma reformulação em que se acentuava o controlo institucional por parte do reitor, a Associação Académica do Liceu de Camões conduziu, em grande parte, à afirmação cultural do Liceu, nomeadamente através da organização de festas escolares, eventos desportivos, ocupação de tempos livres nas férias grandes, atividades de assistência e escutismo. Em 1936, com o Estado Novo a Associação foi extinta e as suas atividades integradas na Mocidade Portuguesa.

Até finais da década de 1920, verifica-se uma crescente estabilidade e projeção pública do Liceu, indicada sobretudo pelo aumento de número de alunos e de alunas. Este aumento de alunos foi de tal maneira notório que, se no ano lectivo de 1925/26 o Liceu funcionou com 29 turmas, no ano seguinte eram 43 as turmas, o que obrigou ao primeiro desdobramento em dois turnos. No mesmo ano de 1927, foram construídos os dois gabinetes de Física e Química, procurando solucionar três problemas: corresponder melhor aos objectivos das últimas reformas de ensino, principalmente no aspecto da experimentação; aumentar a disponibilidade das salas de aula face à súbita procura social do ensino secundário; afastar do edifício principal instalações mais atreitas a acidentes.

Um dos factores de prestígio do liceu foi, sem dúvida, a cantina escolar criada em 1931 e que incorpora desde logo quatro secções: refeitórios, pastelaria, livraria e papelaria. A Cantina Escolar foi um dos maiores contribuintes para a desenvolvimento do liceu, quer apadrinhando os prémios resultantes do Quadro de Honra, dotando o liceu de dois campos de golfe, quer sustentando em parte as despesas do cinema educativo ou subsidiando a execução de jardins. No entanto, com a entrada nos anos 30, ocorre uma profunda mudança na filosofia da instituição que "aponta no sentido de práticas mais liberais e mais consentâneas com o ideário do regime político vigente". Na prática, além da extinção da Associação Académica, esta viragem traduziu-se numa consolidação da estrutura hierárquica do reitor e numa perda de autonomia do corpo docente sendo no entanto deixada uma margem de manobra no que respeita à pedagogia, quer seja pela aquisição de material didáctico apropriado e actualizado, pela compra de novos livros para a biblioteca, seja apoiando as visitas de estudo, as festas e as viagens de finalistas ou promovendo sessões culturais e "acções pedagógicas" para os professores, sendo inclusive criado pelos alunos um posto de rádio, em 1961.

No final da década de 1950, o Liceu conhece um momento de expansão com a abertura de duas secções: a de Alvalade (1957/58), atual Escola Secundária Padre António Vieira; e a do Areeiro (1958/59), hoje em dia, a Escola E. B. 2, 3 Luís de Camões. Esta expansão vem como parte da solução ao combate ao sempre crescente número de alunos. No ano lectivo de 1972/73, o Liceu, inicialmente previsto acolher 600 alunos, suportava mais de 2200, sem contar com o ciclo nocturno.

Ainda hoje a escola mantém o ensino noturno. Nos últimos anos, tem sido alvo de obras de remodelação e expansão, tendo sido criados de raiz um refeitório, um auditório, um novo espaço para o museu da escola e um pavilhão gimnodesportivo. Dispõe igualmente de um centro de recursos escolares, de uma biblioteca, salas de informática e desenho, uma papelaria, um bar de alunos e professores, os laboratórios de Física, Química e Biologia, a sala da Associação de Estudantes, dois campos de futebol, mesas de pingue-pongue e de matraquilhos.

A 20 de Agosto de 1990 foi feita Membro-Honorário da Ordem da Instrução Pública.[2]

Recentemente, um incêndio nas caves atingiu grande parte do arquivo da escola e da secretaria destruindo registos de alunos, professores, exames e contas; de modo a proceder à recuperação e reorganização do material afectado, o antigo ginásio esteve encerrado durante alguns meses, mas foi reaberto no ano letivo de 2006/2007.

A requalificação da escola secundária, a cargo da Parque Escolar, chegou a ter início marcado para Agosto de 2011 mas foi suspensa, até 2019, ano que foi efetuada o inicio da sua requalificação.

Em Novembro de 2013, o Coliseu dos Recreios, em Lisboa, foi palco duma gala cujo objetivo foi angariar pelo menos 20 mil euros para a reparação urgente das janelas e do escudo que está sobre a porta principal, cheio de fissuras, em risco de queda.[3]

Professores e alunos famosos

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Historiadores

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  • Adamopoulos, Sarah; Vasconcelos, José Luís Falcão; Nóvoa, António (pref.); Cardal, Nuno (fot) (2009). Liceu de Camões: 100 Anos, 100 Testemunhos. Lisboa: Quimera. ISBN 978-972-589-203-9 
  • Santana, Francisco (dir.); Sucena, Eduardo (dir.) (1994). Dicionário da História de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas & Associados - Consultores. ISBN 972-96030-0-6 

Referências

Ligações externas

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